portugal – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Jorge Jesus é o tão esperado “Bernardinho” no futebol brasileiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/05/jorge-jesus-e-o-tao-esperado-bernardinho-no-futebol-brasileiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/05/jorge-jesus-e-o-tao-esperado-bernardinho-no-futebol-brasileiro/#respond Wed, 05 Feb 2020 03:37:09 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7910

Foto: Ricardo Moreira / Photoarena / Agência O Globo

Julho de 2006. Depois da eliminação da seleção brasileira comandada por Carlos Alberto Parreira para a França de Zinedine Zidane que perderia a final da Copa do Mundo disputada na Alemanha para a Itália, o tema em debate no futebol brasileiro era o trabalho, ou a falta deste, que não sustentou o talento.

De fato, a preparação que começou em Weggis, na Suíça, foi atropelada por um grupo midiático, extenuado por temporadas duras na Europa, alguns acomodados por tantas conquistas e preocupados com recordes pessoais.
Em toda essa espécie de “inquisição” a cada Mundial que o Brasil perde, muitos exaltavam Luiz Felipe Scolari, campeão quatro anos antes e semifinalista com Portugal. Mas havia uma utopia no ar: e se Bernardinho assumisse a seleção de futebol?
O treinador do vôlei masculino vivia seu auge. Desde 2001 até então, vencera o Mundial em 2002, os Jogos Olímpicos de 2004, cinco das últimas seis ligas mundiais e em dezembro daquele ano seria bicampeão mundial no Japão atropelando os adversários com um estilo revolucionário que mudaria o esporte para sempre acelerando os ataques pelas mãos do levantador Ricardinho.
É óbvio que na nossa cultura resultadista e dentro de uma lógica simplista os resultados eram a grande credencial de Bernardinho para se tornar referência. E até o título olímpico no Rio de Janeiro em 2016 ele construiria uma trajetória lendária de um dos técnicos mais vencedores nos esportes coletivos em todos os tempos.
Nas principais competições foi sempre ouro ou prata. Na grande maioria terminou no pódio. Na reta final e atualmente, dirigindo o SESC-RJ, um pouco mais sereno. Por isso as aspas no “Bernardinho” do título do post.
A característica mais marcante, porém, era a exigência máxima e constante. Sem se acomodar com conquistas, obcecado por trabalho, inovação nos treinamentos, estudo dos adversários. Fazendo os comandados treinarem quando os períodos de escala nos aeroportos eram mais longos, logo depois de vitórias em que o desempenho não era satisfatório e nas manhãs que antecediam partidas decisivas. Em um esporte que, na grande maioria das vezes, a final é disputada um dia depois das semifinais. Tudo regado com muitas broncas à beira da quadra.
Não eram poucos os relatos de jogadores que, quando se sentiam em dificuldades na quadra, lembravam do tanto que trabalharam e se sacrificaram para estar ali e davam aqueles 10% a mais que faziam diferença e garantiam as conquistas. Eles podiam lamentar na hora do treino, mas sorriam com os trofeus e medalhas de gerações vitoriosas do vôlei.
Para muita gente era o que faltava no futebol: um “maluco” para botar as estrelas para correr, cobrar o máximo de suor e extrair o melhor de tanto talento. Bom lembrar que o Brasil de 1994 a 2005 teve sete de onze melhores do mundo. E ainda teria Kaká em 2007. Mas a preguiça foi um pecado letal na Alemanha há quase 14 anos. Por isso a aventura com Dunga estreando como treinador para exigir comprometimento.
Chegamos a 2020. Não temos mais o protagonismo, nem individualmente na Era Messi x Cristiano Ronaldo, nem no jogo coletivo. A reflexão depois dos 7 a 1 em 2014 teve um espasmo com Tite de 2016 até a Copa do Mundo de 2018. O insucesso e os privilégios concedidos a Neymar na Rússia minaram o trabalho, assim como o desempenho abaixo depois da Copa, mesmo com a conquista sul-americana em casa no ano passado.
Época em que Jorge Jesus chegou ao Flamengo. Uma incógnita que virou certeza em seis meses com as conquistas do Brasileiro com recorde de pontos e da Libertadores, feito inédito no país. Quebrando paradigmas, como a da necessidade de priorizar uma competição e rodar muito o elenco para evitar desgaste. Jesus escalou o melhor possível quase sempre e o time voou fisicamente durante a maior parte do tempo.
Começa 2020 colocando o elenco principal, estelar e reforçado, para entrar em campo uma semana depois da apresentação para a pré-temporada. O português antecipou o retorno das próprias férias em uma semana e, pensando na disputa da Supercopa do Brasil no dia 16 de fevereiro, resolveu utilizar os jogos pelo Carioca, inicialmente desprezado, como uma preparação.
Solução que carrega até alguma lógica, considerando que seria praticamente impossível encontrar um “sparring” para jogos-treinos, como foi o Madureira na intertemporada em junho. Mas também certo risco, por expor os atletas a jogos oficiais, com o adversário competindo forte e sem a possibilidade de fazer substituições livremente ao longo da partida.
Jorge Jesus matou no peito e ainda colocou o time para treinar intensamente por uma hora e meia na manhã da partida na segunda-feira. Corriqueiro na Europa de temperaturas amenas, não no calor escaldante do Rio de Janeiro. O Resende abriu o placar no segundo tempo e muitos pensaram que o time se entregaria ao cansaço e à falta de sintonia naturais com tão pouco tempo de trabalho.
A equipe contou com o auxílio luxuoso dos estreantes Michael e Pedro, mais Gerson que iniciou no banco para que Diego Ribas tivesse oportunidade entre os titulares. Todos vindo da reserva para reoxigenar a equipe que voou na reta final e virou a partida para 3 a 1 no Maracanã. Com Jesus muitas vezes vociferando à beira do campo exigindo sempre mais.
Difícil prever se a estratégia vai durar, mas de Jorge Jesus é possível esperar qualquer coisa. Ainda que, por coerência, ele deva segurar um pouco o esforço depois das disputas da Supercopa do Brasil e da Recopa Sul-Americana para que o time não chegue em dezembro com oitenta partidas disputadas ou mais. Justamente a grande reclamação depois da derrota para o Liverpool no Mundial de Clubes.
Mas serviu para mostrar para torcida, imprensa e para os próprios jogadores rubro-negros que o nível de exigência seguirá muito alto. Quem diria que o tão esperado correspondente a Bernardinho no futebol brasileiro viria quase 14 anos depois. De Portugal que foi de Felipão em 2006. Não na seleção, mas em um clube do país.
Não por acaso vencedor e com fome para mais conquistas. Sem refresco.
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Seleção precisa competir sempre, como os europeus. Amistoso é cilada! http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/11/selecao-precisa-competir-sempre-como-os-europeus-amistoso-e-cilada/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/11/selecao-precisa-competir-sempre-como-os-europeus-amistoso-e-cilada/#respond Wed, 11 Sep 2019 09:10:09 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7232

Foto: Kevork Djansezian/AFP

A seleção brasileira perdeu para o Peru, sem Paolo Guerrero, por 1 a 0 em Los Angeles. Com David Neres, Allan e o estreante Vinícius Júnior perdendo boas chances, Neymar no banco de início e entrando no segundo tempo e a defesa falhando no gol do zagueiro Luis Abram. Difícil saber se a marcação de futebol americano na área brasileira ajudou ou prejudicou o sistema defensivo na bola parada. No gramado bizarro do Memorial Coliseum.

Não justifica a derrota, depois de oito gols marcados e apenas um sofrido em dois jogos contra a equipe de Ricardo Gareca na Copa América, incluindo a decisão no Maracanã. Mas os problemas desta “tour” nos Estados Unidos na data FIFA de setembro reforçam o que está cada vez mais claro: é preciso competir. Amistoso é cilada!

Principalmente pela quase impossibilidade de enfrentar os europeus, a pedra no sapato do Brasil desde 2002. França, Holanda, Alemanha e Bélgica como algozes nos Mundiais.  Agora todos envolvidos com Eurocopa, Liga das Nações e eliminatórias. Sempre competindo. Com a intensidade do futebol atual é prejudicial até mentalmente jogar sem valer alguma coisa. Sem contar o incômodo que causa nos grandes clubes do mundo ceder seus atletas para praticamente nada.

Ok, a competitividade nas eliminatórias da Euro não é lá grande coisa na maioria das partidas e tivemos algumas goleadas em ritmo mais ameno e momentos grotescos como o goleiro da Lituânia se atrapalhando com a bola em um frango tragicômico no segundo dos quatro gols do inesgotável Cristiano Ronaldo  nos 5 a 1 aplicados pelo atual campeão europeu e da Liga das Nações.

Ainda assim, o gol mais “feio” da carreira do gênio português será mais notícia pelo mundo que o revés brasileiro. Porque não dá mais para promover toda uma logística e expor atletas valiosos para seus clubes em partidas que nada valem. Desvaloriza também a “marca” da seleção cinco vezes campeã mundial.

Em outubro teremos mais dois amistosos, provavelmente contra africanos. Difícil criar alguma expectativa…Que venham logo as eliminatórias sul-americanas para que cada convocação de Tite não soe como engodo. Uma quase inutilidade.

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Copa América reforça: futebol moderno em alto nível é dos clubes europeus http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/24/copa-america-reforca-futebol-moderno-em-alto-nivel-e-dos-clubes-europeus/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/24/copa-america-reforca-futebol-moderno-em-alto-nivel-e-dos-clubes-europeus/#respond Mon, 24 Jun 2019 09:46:56 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6749

França campeã mundial, Portugal vencedor da Eurocopa e Chile bi da Copa América. Qual destas seleções demonstrou um futebol de fato consistente dentro de suas propostas, independentemente da questão estética?

Pois é. Tirando um ou outro espasmo, aqui como lá, o desempenho médio ficou muito aquém do futebol moderno realmente em alto nível. Hoje privilégio dos grandes clubes europeus, mais especificamente a Liga dos Campeões. Ainda que a última final da maior competição continental que contou com ótimo rendimento ao menos de uma das equipes tenha sido a de 2016/17, com o espetáculo do Real Madrid nos 4 a 1 sobre a Juventus em Cardiff.

Nas duas últimas, muita tensão pelo que havia em jogo e uma disputa mais mental que técnica ou tática. É de se pensar se o período sem jogos entre o fim das ligas e a grande decisão europeia paradoxalmente não vem atrapalhando corpos e mentes acostumados a constante atividade.

Pode ser também um dos fatores que prejudicam o futebol de seleções. Os jogadores vêm de seus clubes carregando todos os condicionamentos, jogadas executadas sem pensar, até por conta do tempo e do espaço reduzidos, e precisam rememorar os movimentos praticados com seus compatriotas. Isso quando há uma base montada.

É bem provável que a Copa América 2019 tenha hoje o seu primeiro jogo realmente de bom nível, entre Chile e Uruguai no Maracanã, fechando o Grupo C e a primeira fase do torneio. A Celeste com o trabalho de Óscar Tabárez desde 2006 e a busca de um maior repertório além das jogadas aéreas e do jogo direto para Cavani e Suárez; a Roja tentando o tricampeonato com o terceiro treinador diferente – Sampaoli, Pizzi e agora Reinaldo Rueda. Mantendo, porém, uma base experiente e qualificada, a melhor da história do país. Apesar da decepcionante campanha nas Eliminatórias que limou a participação na Copa do Mundo na Rússia.

Equipes que tentam aproximar suas propostas: o Uruguai busca ficar mais com a bola, o Chile procura solidez defensiva e competitividade, mas sem abrir mão das próprias virtudes. Futebol versátil, de acordo com a demanda. Porque é o que a “elite” faz, mas com a possibilidade do dia a dia. Treina, repete, corrige, repensa, aprimora. Há tempo. Também o alto faturamento, no caso dos clubes mais ricos, para contratar quem possa adicionar talento e casar melhor com as características dos companheiros. Sem a “barreira” da pátria.

Para tornar tudo mais complicado, os principais torneios entre seleções acontecem no final da temporada europeia. Cada vez mais desgastante para pernas e cérebros, só deixando os “bagaços” para as seleções. Outro obstáculo para desenvolver um jogo mais elaborado. No torneio sul-americano disputado no Brasil, os gramados ruins são mais uma dificuldade.

Eis o ponto. É mais simples montar as retrancas modernas, com linhas compactas, sincronia de movimentos para negar espaços principalmente no “funil” e muita intensidade, pressionando o adversário com a bola. As seleções com mais camisa, tradição e/ou talento precisam de entrosamento, sintonia para se instalar no campo de ataque e criar as brechas para furar esses blocos cada vez mais sólidos. Uma solução seria a marcação por pressão perto da área adversária, para roubar a bola e acelerar com campo livre. Mas cadê as pernas para isso entre junho e julho, quando a maioria deveria estar de férias?

Não por acaso, Espanha e Alemanha conseguiram se impor em 2010 e 2014 com um jogo mais eficiente e plástico que o da França no ano passado. Trazendo suas bases de Barcelona/Real Madrid e Bayern de Munique/Borussia Dortmund, o “jogar sem pensar” dentro de uma proposta mais posicional, de controle pela posse, ficou mais viável e até proporcionando algum espetáculo. Aos franceses, com jogadores espalhados pela Europa e pela pressão por conta do fracasso em casa na final da Euro 2016, restou o pragmatismo, apelando para bola parada, velocidade de Mbappé e os lampejos de Griezmann e Pogba.

Por isso e também pela questão financeira, Guardiola, Klopp, Simeone, Pochettino, Ancelotti, Sarri e outros treinadores das prateleiras mais altas não se aventuram no futebol de seleções. Em momento de baixa, José Mourinho até considerou a hipótese, mas ainda com mercado e Fernando Santos em alta com as conquistas recentes por Portugal é bem possível que volte ao cenário em um grande clube. Até porque o salário não é baixo.

A Copa América deve “pegar” agora na reta final e a tendência é que termine deixando uma melhor impressão. Mas o futebol de seleções, que no início dos anos 1980 fez este blogueiro se apaixonar pelo esporte antes mesmo de escolher o time de coração, hoje vive um dilema. O jogo moderno exige uma fluidez que só é possível com treinos e jogos seguidos. Trabalho diário e no auge físico e técnico. Tudo que falta a treinadores e jogadores que representam seu países.

O nível mais baixo de desempenho não é “falta de amor” ou ser “mercenário”. Os mais abastados, na prática, nem precisam de suas seleções. Antes, sim, a presença na lista de convocados proporcionava contratos mais vantajosos. Hoje pode ser até um grande problema na avaliação individual de uma temporada – Messi é o maior exemplo. A realidade é dura e só tende a ficar mais complexa com o futebol mais intenso e o calendário inchado.

A Liga dos Campeões já é do tamanho da Copa do Mundo e tende a ser maior e melhor a cada ano.

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Portugal de CR7 se impõe de novo na Europa. Liga das Nações veio para ficar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/09/portugal-de-cr7-se-impoe-de-novo-na-europa-liga-das-nacoes-veio-para-ficar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/09/portugal-de-cr7-se-impoe-de-novo-na-europa-liga-das-nacoes-veio-para-ficar/#respond Sun, 09 Jun 2019 20:55:14 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6673 O Portugal de Fernando Santos não é um exemplo de vanguarda tática, nem de consistência no desempenho. Oscila dentro das partidas e depende de Cristiano Ronaldo – gols, força mental e liderança. Mas ganha o segundo título europeu no universo de seleções em três anos. Nova imposição no continente.

Desta vez a Liga das Nações em sua primeira edição, competição que pegou ao entregar competitividade a muitas das datas FIFA. Decidindo em casa e vencendo a Holanda por 1 a 0. Na Eurocopa em 2016 surpreendeu como visitante na final contra a França. É time que cresce em jogo grande. E jogou para vencer no Estádio do Dragão. Mesmo com apenas 45% de posse, finalizou nada menos que 19 vezes contra cinco – sete a um no alvo.

A mais precisa de Gonçalo Guedes completando assistência de Bernardo Silva. Com Cristiano, formando um trio móvel na frente exatamente para não deixar a estrela máxima muito fixa entre os zagueiros adversários. O heroi do título que ganhou a vaga da esperança João Félix. Na final com um meio-campo mais físico com Danilo à frente da defesa e Bruno Fernandes e Willian Carvalho como meias, deixando Rúben Neves e João Moutinho na reserva.

Concentrado e atento, sem os vacilos da Inglaterra que facilitaram a virada da Holanda na semifinal. A equipe de Ronald Koeman claramente sentiu o fator campo e também o desgaste pelos 30 minutos a mais e um dia a menos de descanso. No final buscou um “abafa” com Promes, Van de Beek e Luuk De Jong, mais Van Dijk na área portuguesa, mas os campeões europeus mantiveram a concentração defensiva alta, jogando simples e ainda criando problemas nos contragolpes com o rápido Rafa Silva, que entrou na vaga de Gonçalo Guedes.

Seriedade até a festa no apito final. E justa premiação para Bernardo Silva como o melhor de Portugal e do torneio. Constante em todas as partidas. Técnica, habilidade e inteligência. Mas o protagonismo simbólico é mesmo de Cristiano Ronaldo. A foto que vai rodar o mundo é a do gênio levantando a taça. Mais uma. De uma seleção que de novo faz história. Em uma competição que veio para ficar.

(Estatísticas: UEFA)

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Cristiano Ronaldo e a arte de nunca desistir http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/06/cristiano-ronaldo-e-a-arte-de-nunca-desistir/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/06/cristiano-ronaldo-e-a-arte-de-nunca-desistir/#respond Thu, 06 Jun 2019 03:49:54 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6660

Aos 11 anos ele decidiu que seria o melhor do mundo e, mesmo menino, treinaria na base do Sporting como um homem para superar as críticas de que era franzino e individualista. Em 2012, com Messi vencendo a Bola de Ouro pela quarta vez mesmo sem nenhum título do Barcelona na temporada, ele resolveu que, com apenas um prêmio individual, seguiria lutando para provar que era o melhor do mundo.

Cristiano Ronaldo é um fenômeno de perseverança e determinação. Já com 34 anos, em uma temporada sem protagonismo na Liga dos Campeões e vivendo transição de clube, quando deveria estar usufruindo de férias já na reta final da carreira, ele tira da cartola três gols sobre a Suíça e coloca Portugal na final da Liga das Nações.

Jogando como centroavante na seleção, dando suporte mental a talentos como Bernardo Silva, Ruben Neves, Bruno Fernandes e a revelação João Félix e com todos jogando em função da estrela maior. Com liderança e assumindo a responsabilidade. Porque sempre leva a sério. Entrega 100% em todo jogo.

O atacante genial tem um mérito inegável: a capacidade de buscar argumentos em campo para se sentir o melhor e esfregar isso na cara de quem o menospreza. Deseja o protagonismo, incansavelmente. E vai atrás de mais um título. Muito menos relevante que a Eurocopa, mas conta no currículo já recheado.

Para Cristiano sempre vale muito. Vale tudo para quem ambiciona o topo. Porque o português é íntimo da arte de não desistir. Eis a maior virtude e a grande fortaleza de uma lenda do esporte.

 

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Messi maior da história? Antes tem que superar Cristiano Ronaldo na geração http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/07/messi-maior-da-historia-antes-tem-que-superar-cristiano-ronaldo-na-geracao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/07/messi-maior-da-historia-antes-tem-que-superar-cristiano-ronaldo-na-geracao/#respond Wed, 08 May 2019 01:18:07 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6470 É preciso, antes de qualquer argumentação, distinguir os conceitos de melhor e maior no esporte. Escolher o melhor é uma análise subjetiva, envolve preferências pessoais em relação à técnica, ao estilo…A algo que não pode ser quantificado. O maior envolve grandes feitos, conquistas relevantes. Obviamente envolvendo atletas da mesma prateleira na história do esporte.

Lionel Messi é o melhor que vi jogar acompanhando futebol há quase quatro décadas. Justamente porque o menino de oito anos lá em 1981 se encantou por Zico. Meia que servia e fazia gols na mesma proporção, com estilo elegante e plasticidade nos gestos técnicos, mas também objetividade. Jogava em direção ao gol.

Messi é uma evolução de Zico. Faz tudo, agora até cobranças de falta, melhor, mais rápido e com menos espaços. Contra goleiros mais preparados. Você pode discordar, exatamente porque a análise é subjetiva. Se quiser pode considerar também o gênio argentino o melhor da história.

Mas essa tese de Messi maior da história não faz o menor sentido. Porque por enquanto ele não é sequer o maior entre seus contemporâneos. Cristiano Ronaldo tem cinco Ligas dos Campeões como protagonista. Messi conquistou quatro, mas apenas três como o grande craque do Barcelona. O português também ganhou uma Eurocopa, em 2016, enquanto o argentino não ostenta sequer um título pela seleção principal.

Para os mais jovens que colocam a Champions acima da Copa do Mundo, Messi está abaixo do CR7. Na visão dos mais velhos, que separam os homens dos meninos no Mundial de seleções, o argentino fica atrás de Pelé, Maradona, Zidane, Ronaldo Fenômeno, Romário…

É óbvio que a conclusão do tamanho de Messi só virá no final de sua carreira. O primeiro título com a seleção pode vir na Copa América deste ano no Brasil. Quem sabe o Mundial de 2022…Mas hoje posicioná-lo no Olimpo da Bola acima de todos é absurdo.

Até porque essa régua de todos os tempos é injusta e imprecisa. O que se viu de Sindelar, Puskas, Di Stéfano, Pelé, Garrincha, Didi, Raymond Kopa, Bobby Charlton, Eusébio, Cruyff, Beckenbauer e tantos outros? O grande equívoco da “geração internet”, por mais que se refute o saudosismo, é achar que o mundo foi criado com a Grande Rede.

Só que o futebol é bem maior e mais velho. Messi é o melhor jogador da temporada 2018/19, mesmo com mais uma eliminação surpreendente na Champions. Artilheiro da liga espanhola e da Champions, fora as assistências. É provável que vença o prêmio de melhor do mundo, o sexto de sua coleção. Superando os cinco de Cristiano Ronaldo – uma injustiça pela “invenção” de Modric melhor de 2018. Reforçando a narrativa de quem o considera o melhor desta Era.

Mas maior é outra conversa e envolve outros parâmetros. Por enquanto Messi segue abaixo, mesmo sendo um gigante em qualquer tempo.

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Messi precisa acordar! O mundo e o futebol mudaram, também por causa dele http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/03/messi-precisa-acordar-o-mundo-e-o-futebol-mudaram-tambem-por-causa-dele/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/03/messi-precisa-acordar-o-mundo-e-o-futebol-mudaram-tambem-por-causa-dele/#respond Mon, 03 Sep 2018 18:49:18 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5161

Foto: Reuters

Messi foi o melhor do mundo há oito anos sendo campeão espanhol e da Copa do Rei, caindo nas semifinais da Liga dos Campeões e nas quartas de final para a Alemanha na Copa do Mundo da África do Sul. Foi o ano da festa do Barcelona, com Xavi e Iniesta, campeões com a Espanha, formando a trinca de finalistas.

Era o período de encantamento com o argentino genial que evoluiu absurdamente sob o comando de Pep Guardiola. Mesmo sem marcar um gol no Mundial de seleções sua imagem de jogador de uma era seguiu intacta. Cristiano Ronaldo sofreu com lesão grave, eliminação nas oitavas da Champions e desempenho apenas razoável, para seu nível, com Portugal na Copa. Era a primeira temporada no Real Madrid.

Pouco valeu o brilho de Sneijder, que ganhou tudo com a Internazionale e foi um dos artilheiros da Copa pela Holanda, só perdendo o título na prorrogação da final. Sendo decisivo contra o Brasil nas quartas de final. Uma das maiores injustiças da premiação.

Corte para 2018. Luka Modric ganha o prêmio da UEFA como melhor jogador da temporada europeia e está entre os três finalistas do Prêmio The Best da FIFA. Campeão da Champions e vice mundial, como Sneijder. Mohamed Salah, outro finalista dos dois prêmios, nem isso. Eliminado na fase de grupos com seu Egito, não chegou perto de ser campeão inglês com seu Liverpool e perdeu a final do principal torneio de clubes do mundo para o Real Madrid. Mesmo com o golpe sujo de Sergio Ramos que tirou o atacante da decisão ainda no primeiro tempo, não parece algo que chame tanto a atenção.

Mas é. Porque o mundo e o futebol mudaram. Muito. Também por causa do argentino. A Liga dos Campeões ganha um peso cada vez maior na temporada. Por conta da visibilidade e do nível cada vez mais alto do torneio europeu, os campeonatos nacionais perderam relevância. Até por conta dos supertimes que dominam seus países – leia-se Bayern de Munique, PSG e Juventus. Na Espanha, a tendência recente é o Real Madrid focar tudo na Champions e o Barcelona dividir esforços.

Eis o ponto que marca esse novo olhar. Messi foi novamente protagonista no domínio espanhol do Barça. Liga e Copa. Chuteira de Ouro com 34 gols na liga. 46 no total e mais 18 assistências. Mas e daí? O seu talento é que fez subir o sarrafo, o nível de cobrança. Não é mais o suficiente. Pior ainda com a eliminação para a Roma, time de poder de investimento muito inferior e em outra prateleira do cenário mundial. Derrota vexatória por 3 a 0. Mais uma vez ficando de fora até das semifinais.

Na Copa do Mundo, novamente um desempenho bem abaixo de sua excelência. Sua Argentina caiu nas oitavas de final. Para a campeão França justamente na melhor atuação da equipe de Pogba, Griezmann e Mbappé na Copa. Por 4 a 3, sem vexame. Porém não basta mais para Messi. Espera-se muito dele e se decepciona sua avaliação cai a ponto de ficar abaixo de jogadores sem números e conquistas semelhantes.

Imaginava-se que ficaria ao menos entre os três finalistas, como em todas as edições desde 2007. Nem isso. Um momento simbólico, que pede reflexão a Messi. Sua rivalidade com Cristiano Ronaldo fez história e jogou no teto o nível do futebol de clubes na elite europeia nestes dez anos. O mundo cobra Messi que seja campeão da Champions ou do mundo com a albiceleste. Ele precisa ver que mudou. Acordar para uma nova realidade, caso ainda queira ser competitivo no topo, individual e coletivo.

Sua personalidade aponta dois caminhos. Ou o “sangue nos olhos” de 2015, depois do grito de Cristiano Ronaldo (o lendário Síiiiii!) na celebração do prêmio de melhor de 2014 desafiando o rival, para liderar o trio MSN na conquista da tríplice coroa. Ou se conformar em seguir reinando no Barça, aumentando ainda mais os números como o grande jogador da história do clube que o acolheu, pagou seu tratamento para crescer e formou o homem e o atleta. Jogar por gratidão.

Se houver espaços para ele jogar como gosta vem o brilho. Se o adversário nega, Messi circula pelo campo sem produzir grande coisa e vê seu time derrotado. Foi assim nas últimas três temporadas. Começa assim a atual: adversários fáceis na liga, quatro gols e duas assistências. Sem Cristiano Ronaldo, a tendência é nadar de braçadas no Espanhol.

Pode bastar para ele, não para o planeta bola. Messi não vai a Zurique desta vez. Pode estar irado, aliviado ou mesmo indiferente. Quem é capaz de entender o argentino?

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Croácia é um belo “case de caos”. Mas não deve ser exemplo mesmo que vença http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/12/croacia-e-um-belo-case-de-caos-mas-nao-deve-ser-exemplo-mesmo-que-venca/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/12/croacia-e-um-belo-case-de-caos-mas-nao-deve-ser-exemplo-mesmo-que-venca/#respond Thu, 12 Jul 2018 17:04:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4915

Foto: Yuri Cortez/AFP

O último título mundial do Brasil em 2002 foi um curioso caso, talvez único, no qual a conquista ficou parecendo a consolidação de um trabalho que vinha do título em 1994, passando pelo vice quatro anos depois. Mas a trajetória de fato foi caótica: Vanderlei Luxemburgo, Candinho e Emerson Leão até chegar a Luiz Felipe Scolari.

Sofrimento nas Eliminatórias, vergonha na Copa América contra Honduras. Tudo deu certo mesmo apenas na Ásia – com seus percalços, como a estreia contra a Turquia vencida no pênalti “mandrake” sobre Luisão e nas oitavas, quando a arbitragem também interferiu no triunfo sobre a Bélgica.

Curiosamente, depois do título veio um período de esperança e prosperidade. Amadurecimento de Kaká e Adriano Imperador, surgimento de Robinho e Diego no Santos campeão brasileiro ainda naquele ano. Com Parreira no comando, títulos da Copa América, Copa das Confederações e liderança nas Eliminatórias. A queda pós ascensão veio logo no Mundial na Alemanha.

Depois o Brasil não mais se impôs. Com ciclo completo de Dunga em 2010, os nas mudanças de Mano Menezes para Felipão em 2014 e agora saindo de Dunga para Tite. Pelas mais variadas circunstâncias, inclusive a aleatoriedade em jogos eliminatórios.

A classificação da Croácia para a final contra a França despertou aqui e ali uma tese bastante presente em nosso país: planejamento e organização não garantem sucesso, que se resume ao título. Ainda mais em tempos de Flamengo e Palmeiras equacionando dívidas e sem conseguir alcançar os troféus desejados justamente no momento em que os investimentos aumentaram.

Devia ser óbvio defender uma linha de trabalho com ideias claras e objetivos bem definidos. Que no futebol não pode ser atrelada tão diretamente a algo sem controle como o resultado final. Muito menos em uma Copa do Mundo. Torneio que conta com sorteio e chaveamentos. No qual a ordem de adversários e as circunstâncias são totalmente aleatórias. Premia o melhor daquele mês, não necessariamente o do ciclo inteiro.

O trabalho sério é para garantir a competitividade. Sair de um papel de coadjuvante, desclassificado na primeira fase, para brigar no topo ou no mais próximo disto. Assim foi com Espanha, França, Alemanha e Bélgica. Assim pensa o Brasil ao vislumbrar mais quatro anos com Tite.

Porque a Croácia pode até ser campeã mundial. Mas correu sérios riscos de ficar de fora da Copa. Quando contratou Zlatko Dalic às pressas depois de demitir Ante Cacic precisava vencer a Ucrânia fora de casa para ir à repescagem, já que a Islândia garantira o primeiro lugar do grupo na eliminatória. Conseguiu um 2 a 0. A ventura no sorteio com a Grécia. O resto é história.

Que podia nem ter chegado a Rússia. Como aconteceu com Itália e Holanda. Uma renegou a formação de talentos, a outra encontra-se presa numa escola de futebol que tanto ofereceu ao mundo, mas parou no tempo. Risco que o Brasil correu com Dunga. Agora é fácil dizer que independentemente do treinador o país sempre vai à Copa. Era sexto colocado, atrás do Chile, bicampeão da Copa América que não se repaginou após a saída de Jorge Sampaoli e o espasmo com Pizzi na conquista do torneio Centenário nos Estados Unidos e ficou fora.

A Croácia é um “case de caos” para virar filme. Admirar a força mental dos jogadores, invejar a presença de meio-campistas talentosos como Modric e Rakitic e reconhecer a capacidade de mobilização e trabalhar no improviso de Dalic, que chega a seu 14º jogo no comando da seleção em uma final. Mas não pode servir de exemplo.

Melhor a França, que manteve o contestado Didier Deschamps depois do decepcionante revés em casa na final da Eurocopa contra Portugal e, sem tantos tempos extras e sofrimento, também está na decisão de domingo. Com favoritismo pelo menor desgaste e por contar com um trabalho mais consolidado.

Carrega, porém, o peso da responsabilidade de vencer. Exatamente o que sangra tantas equipes. Os croatas não têm absolutamente nada a perder. A campanha já é histórica, superando a geração de 1998. O cansaço já é um álibi até em caso de derrota por goleada. Se num último esforço conseguirem a vitória serão heróis eternos de um país.

Posição cômoda na Copa do Mundo da força mental. Mas até chegar lá esbarrou em muitas variáveis que podiam fazer tudo dar errado. Sem contar que é uma geração que não deve deixar legado para 2022. Porque há talento, sorte e muita fibra. Mas pouco trabalho e estrutura pensando a longo prazo. É a exceção à regra, como o Brasil da “Família Scolari” há 16 anos. Não pode ser referência para ninguém.

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Uruguai taticamente perfeito e fiel à sua história manda CR7 para casa http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/30/uruguai-taticamente-perfeito-e-fiel-a-sua-historia-manda-cr7-para-casa/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/30/uruguai-taticamente-perfeito-e-fiel-a-sua-historia-manda-cr7-para-casa/#respond Sat, 30 Jun 2018 20:42:13 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4813

Uruguai no 4-3-1-2 com Bentancur se aproximando de Suárez e Cavani, mas sem bola se fechando com duas linhas de quatro “mutantes” e por vezes no 4-1-4-1, com o recuo também de Cavani. Para segurar Portugal no 4-4-2 com muitas dificuldades na criação para Cristiano Ronaldo (Tactical Pad).

A celebração de Edinson Cavani no banco de reservas no apito final da sofrida vitória por 2 a 1 sobre Portugal em Sochi foi a grande imagem do duelo pelas oitavas de final da Copa do Mundo.

Personagem pelos dois gols, mas também pela entrega absoluta como atacante e também voltando pelo lado. Como costuma fazer por seu país, nem tantas vezes no PSG. Porque o Uruguai de Óscar Tabárez é fibra e suor, mas também inteligência tática.

Mesmo com meio-campistas mais técnicos, a base é o posicionamento defensivo com impressionante concentração no trabalho sem bola. Um 4-3-1-2 com Bentancur se aproximando de Suárez e Cavani, mas muitas vezes utilizando as ligações diretas da defesa para a dupla. Centro de Suárez da esquerda para o parceiro ir às redes.

Depois foi plantar duas linhas de quatro. “Mutantes”, com Betancur ora voltando fechando pelo flanco, ora por dentro. Parecido com o que Isco realiza no Real Madrid. Os outros três companheiros se rearrumam em função do “enganche” que retorna. Em vários momentos um 4-1-4-1 com Cavani também retornando, muitas vezes pela esquerda. Movimentos perfeitos, um relógio.

Questão de cultura futebolística. Os precursores do “saber sofrer” tão citado atualmente. Mas em alguns momentos joga contra. Porque o recuo para defender a própria meta foi um tanto excessivo quando Portugal parecia perdido e sem saída na execução do 4-4-2 com Gonçalo Guedes se juntando a Cristiano Ronaldo e Bernardo Silva e João Mário pelos lados trabalhando com pés invertidos. Sem fluência, porém, E dando contragolpes seguidos, não aproveitados pelos sul-americanos.

A Celeste pagou na bola parada. Empate com Pepe completando cobrança de escanteio da esquerda. A solução diante do muro uruguaio, mesmo com a melhora depois da mudança do treinador Fernando Santos no posicionamento de Bernardo, mais centralizado, João Mário pela direita e Gonçalo Guedes à esquerda. Mas conseguiu de tanto insistir e rondar a área do oponente acuado.

Bastou o Uruguai entrar no campo rival com mais de dois jogadores para Cavani receber pela esquerda e bater com efeito, aproveitando o mal posicionamento do goleiro Rui Patrício. A vantagem de ter dois fantásticos finalizadores.

Depois o recuo foi compreensível.Lesionado, Cavani deu lugar a Stuani e o contragolpe perdeu força e perigo. Cristian “Cebolla” Rodríguez e Carlos Sánchez nas vagas de Bentancur e Nández fizeram o Uruguai perder qualidade na troca de passes. Sobraram a luta de Cavani e as arrancadas do “trator” Laxalt pela esquerda.

Restou a Portugal levantar bolas em profusão procurando André Silva, que entrou na vaga de Gonçalo Guedes, Cristiano Ronaldo e, no desespero final, de Pepe, Fonte e até Rui Patrício. Mesmo com 61% de posse e 20 finalizações, mas apenas cinco na direção de Muslera. O Uruguai concluiu apenas seis, mas metade no alvo. Dois gols.

Na eficiência, mas também sofrimento e garra, Uruguai segue na Copa. Com 100% de aproveitamento. E ajustado taticamente para dar trabalho à França, mesmo se Cavani não se recuperar a tempo.

O campeão europeu vai para casa. Por incrível que pareça, mesmo sendo dois anos mais velho que Messi, é mais difícil imaginar Cristiano Ronaldo desistindo de servir sua seleção. Porque é impossível medir o limite do abnegado português. Uma máquina que ainda voa fisicamente e é forte mentalmente para abandonar o barco.

Ele fez o que pôde, mas o universo de seleções é menos generoso com os dois gênios dos últimos dez anos. A Copa segue com menos talento, mas pelos grandes jogos de sábado ainda teremos muita qualidade e emoções.

(Estatísticas: FIFA)

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Sofrer como favorito e sobrar como “zebra”. Mais Uruguai impossível http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/25/sofrer-como-favorito-e-sobrar-como-zebra-mais-uruguai-impossivel/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/25/sofrer-como-favorito-e-sobrar-como-zebra-mais-uruguai-impossivel/#respond Mon, 25 Jun 2018 16:23:21 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4779 O treinador russo Stanislav Cherchesov facilitou um pouco a tarefa ao rodar o grupo e deixar titulares no banco. Compreensível pela intensidade absurda aplicada pelos donos da casa nas duas primeiras rodadas. Até porque o objetivo inicial era garantir classificação e, na prática, não há muita diferença em enfrentar nas oitavas Espanha ou Portugal, os prováveis classificados do Grupo B.

Mas o Uruguai acabou seguindo um roteiro bem conhecido de sua história. Quando entra como favorito, pela história ou por contar com mais qualidade técnica, costuma se complicar. Ainda mais esta seleção de Óscar Tabárez, dependente de espaços para acionar sua dupla Suárez-Cavani.

Contra Egito e Arábia Saudita, triunfos sem brilho. Na estreia, o sofrimento no gol no final de Giménez. Contra os árabes, expectativa de goleada frustrada mesmo com o gol de Suárez logo aos 20 minutos do primeiro tempo. O peso da responsabilidade não costuma fazer bem. Mais confortável a condição de “zebra” para colocar a tradicional fibra e o conhecido poder de superação.

Contra os russos, se a história de bicampeão mundial não permite ser tratado como uma seleção menor, o desempenho das equipes nas duas primeiras rodadas e, principalmente, a condição de visitante entregava ao Uruguai o papel de coadjuvante no espetáculo. Na prática, porém, os sul-americanos novamente subverteram tudo.

Os gols de Suárez e contra de Cheryshev, desviando chute de Laxalt, em 23 minutos condicionaram o jogo na Arena Samara e a expulsão de Smolnikov aos 36 minutos praticamente tirou qualquer chance de reação russa. O segundo tempo chegou a ter momentos de ritmo de treino.

Mas o Uruguai teve boa atuação, a melhor neste Mundial. Retornando a um desenho costumeiro de Tabárez neste ciclo de 12 anos na seleção: o 4-3-1-2, com meio-campo em losango formado por Torreira à frente da defesa, Nández pela direita, Vecino à esquerda e Betancur mais adiantado na ligação com o ataque. Pelas laterais, Cáceres mais contido à direita no suporte a Coates, substituto de Giménez, e Laxalt com liberdade para descer pelo corredor esquerdo.

O jogo ficou mais fluido, com volume e chegando mais vezes aos atacantes. Foram 56% de posse de bola com 87% de efetividade nos passes e 17 finalizações, sete na direção da meta de Akinfeev. Valeu também para Cavani marcar no fim, fechando os 3 a 0, e tirar a ansiedade do artilheiro sem ir às redes.

Tudo certo para as oitavas. Para ambos. É óbvio que os russos vão deixar tudo em campo contra quem vier, mas parece claro que há a sensação de missão cumprida como anfitriã. Já os uruguaios devem entrar bem confortáveis caso os favoritos confirmem suas vagas definindo a classificação pelo saldo de gols.

Diante de Cristiano Ronaldo e os campeões europeus ou da rediviva Espanha dos craques e da posse de bola, a Celeste jogará serena, no cenário que mais aprecia. Para contrariar as previsões.

(Estatísticas: FIFA)

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