rogerioceni – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 São Paulo não venceu melhor da Europa em 2005, mas méritos são inegáveis http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/24/sao-paulo-nao-venceu-melhor-da-europa-em-2005-mas-meritos-sao-inegaveis/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/24/sao-paulo-nao-venceu-melhor-da-europa-em-2005-mas-meritos-sao-inegaveis/#respond Sun, 24 May 2020 20:49:44 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8542

Foto: Martin Rickett / Getty Images

Em dezembro de 2005, o melhor time da Europa já era o Barcelona de Ronaldinho. Líder do Espanhol, melhor campanha da fase de grupos da Liga dos Campeões 2005/06, superando Arsenal e Lyon no saldo de gols. Em novembro, massacrara o Real Madrid de Vanderlei Luxemburgo no Santiago Bernabéu por 3 a 0, na memorável atuação do brasileiro camisa dez blaugrana, que arrancou aplausos da torcida do maior rival. Ao final da temporada seria campeão nacional e europeu, no auge do trabalho de Frank Rijkaard no comando técnico.

Mas o Liverpool de Rafa Benítez era forte. Na Premier League, caçava o líder Chelsea, campeão da temporada anterior e comandado por José Mourinho. Os Blues também foram adversários dos Reds na fase de grupos da Champions. Empataram em 0 a 0 os dois jogos. O time vermelho vinha de uma invencibilidade de 11 jogos, sem sofrer gols, e carregavam uma confiança quase inquebrantável por conta da reação na final contra o Milan, saindo de um 3 a 0 contra, empatando e vencendo nos pênaltis. O “Milagre de Istambul”.

Na semifinal do Mundial, passaram com facilidade pelo Deportivo Saprissa, o surpreendente time da Costa Rica que vencera a Liga dos Campeões da CONCACAF. Três a zero e o campeão europeu carregava um favoritismo natural para a segunda edição do torneio organizado pela FIFA. O retrospecto recente, nos dez anos de 1995 a 2005, já mostrava um domínio do Velho Continente: foram oito conquistas a três, considerando as duas edições de 2000.

Também porque o São Paulo enfrentara mais dificuldades contra o Al-Ittihad na vitória por 3 a 2. O campeão da Libertadores que, depois do título sul-americano, passou o segundo semestre oscilando, chegou a flertar com a zona de rebaixamento no Brasileiro, mas terminou na 11ª colocação. Exatamente o meio da tabela na edição com 22 clubes.

Justificava os cuidados defensivos da equipe comandada por Paulo Autuori na final em Yokohama, reprisada pela TV Globo neste domingo, para São Paulo. Especialmente depois do gol de Mineiro, aos 27 minutos do primeiro tempo. O auge do único momento real de equilíbrio na partida.

O Liverpool, que fazia um jogo mais direto, terminou com 53% de posse porque impôs seu volume de jogo, buscando Morientes e Luis Garcia nas ligações diretas e jogo aéreo. Finalizou 21 vezes contra apenas quatro dos sul-americanos. Oito a dois na direção da meta.

Três ataques que terminaram com a bola nas redes bem anulados pela arbitragem, atuação portentosa de Rogerio Ceni, especialmente na antológica defesa em cobrança de falta de Steven Gerrard. Já ídolo e líder em Anfield, grande destaque da equipe inglesa que empurrou o São Paulo para um 5-2-2-1 com os alas Cicinho e Junior mais recuados e Josué e Mineiro se desdobrando à frente da defesa. Amoroso e Danilo ajudavam a fechar espaços e Aloísio, depois Grafite, lutando sozinho contra os zagueiros Carragher e Hyypia.

O São Paulo se virou como pôde e teve méritos inegáveis. O maior deles foi o de resistir. Sem vergonha de se reconhecer inferior na partida e defender a vantagem conquistada. No final, a justa celebração apoteótica, no Japão e no Brasil.

Porque definitivamente não venceu qualquer um no tricampeonato mundial inédito para brasileiros e, por isso, histórico.

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Fortaleza paga pela inexperiência, mas tem do que se orgulhar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/28/fortaleza-paga-pela-inexperiencia-mas-tem-do-que-se-orgulhar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/28/fortaleza-paga-pela-inexperiencia-mas-tem-do-que-se-orgulhar/#respond Fri, 28 Feb 2020 04:21:03 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8052 Encarar o Independiente “Rei de Copas” em disputa eliminatória na primeira experiência internacional nunca será fácil, mesmo com o time argentino afundado em séria crise.

O Fortaleza de Rogério Ceni foi superior nos 180 minutos de jogo na Sul-americana. Foi organizado e intenso nas duas partidas e conseguiu o mais difícil no Castelão: furar o 5-4-1 sem bola montado pelo contestado Lucas Pusineri.

Voando pela esquerda com o inesgotável Osvaldo para cima de Bustos. Com mobilidade de Romarinho, Mariano Vasquez e David. Mais o suporte de Juninho por dentro e dos laterais Gabriel Dias e Bruno Melo.

Em um “batismo de fogo”, porém, a concentração precisa ser redobrada, sem vacilos. E o Fortaleza desperdiçou chances cristalinas nos dois jogos. Pagou pela inexperiência.

Na estreia e fora de casa foi até compreensivel. Jogando a vida diante de 52 mil apaixonados, não pode controlar a partida com 59% de posse, 82% de efetividade nos passes e 17 finalizações. Mas sofrer para ir às redes além do pênalti sobre Osvaldo convertido por Juninho e do  chute preciso do herói improvável Marlon, que entrara na vaga de Romarinho. David não pode perder duas chances claras.

Muito menos Bruno Melo precisava dar um carrinho maluco na origem da jogada que terminou no gol salvador de Bustos. O mesmo que levou um baile de Osvaldo e se aventurou no ataque na reta final da partida. Por necessidade e pela saída do ponteiro, que deu lugar a Wellington Paulista.

O time argentino de camisa pesadíssima segue adiante. O Fortaleza carrega pesar e aprendizado, mas também o orgulho. De quem parecia ancorado na Série C e decolou com Ceni para o grande momento de sua história, com títulos – Série B, estadual e Copa do Nordeste – e, principalmente, o trabalho sério que desperta respeito e admiração. Já é referência, inclusive para muitos times grandes que se apequenam a cada ano.

Agora é seguir a rota de novas disputas continentais para não pecar pela falta de hábito.

(Estatisticas: SofaScore)

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Trabalho de Ceni no Fortaleza supera os “feitos” de Renato Gaúcho em 2019 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/02/trabalho-de-ceni-no-fortaleza-supera-os-feitos-de-renato-gaucho-em-2019/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/02/trabalho-de-ceni-no-fortaleza-supera-os-feitos-de-renato-gaucho-em-2019/#respond Mon, 02 Dec 2019 09:56:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7668

Foto: Alexandre Guzanshe / EM / DA Press

Depois dos 3 a 0 sobre o São Paulo em Porto Alegre que garantiram o Grêmio novamente na fase de grupos da Libertadores, Renato Gaúcho voltou a exaltar a campanha do time gaúcho em 2019.

– O ano do Grêmio foi maravilhoso. Poderíamos ter vencido mais? Sim, poderíamos. Mas quantos clubes ganharam algo além do estadual? O Flamengo gastou R$ 200 milhões, e ainda foi eliminado pelo Athletico. Teve clube que gastou muito e está fora do G-6, ressaltou o treinador.

Pela enésima vez, citou os gastos do Flamengo. Mais uma prova de que ainda não entendeu o que o atingiu em três vitórias, uma por 5 a 0, e um empate no qual foi dominado em dois terços da partida. E por mais um ano coloca título estadual e vaga na Libertadores como grandes feitos.

Sem dúvida não são desprezíveis e superam os de muitos outros grandes clubes no país, como São Paulo, Corinthians e o rival Internacional. Mas para quem durante quase todo ano encheu a boca para dizer que seu time jogava “o melhor futebol do Brasil”, repetir as conquistas de 2018, excluindo a Recopa Sul-Americana que disputou e venceu no ano passado, não deixa de ser uma decepção. Ou passar uma imagem de estagnação.

E há um trabalho que, pelo contexto, está acima do realizado por Renato e só fica abaixo de Flamengo e Athletico na temporada:

Rogério Ceni em 2019 venceu o estadual, a Copa do Nordeste e agora, mesmo com um hiato na mal sucedida passagem pelo Cruzeiro, coloca o Fortaleza na Sul-Americana, primeira competição internacional do time cearense. Ainda com chances, embora remotas, de alcançar a última vaga das fases preliminares da Libertadores dentro do G-8 – precisa tirar quatro pontos do Corinthians em duas rodadas.

Poderia estar mais próximo, considerando o aproveitamento do Fortaleza apenas sob o comando de Ceni: 48,9%. Acima dos 45,4% da campanha geral e pouco abaixo dos 49,1% do Corinthians. Foram 28 jogos, com 12 vitórias, cinco empates e 11 derrotas. 39 gols a favor, 37 contra.

E não é absurdo dizer que a passagem relâmpago por Belo Horizonte comandando o Cruzeiro por sete partidas fez bem ao treinador na volta a Fortaleza. Até a 13ª rodada, o aproveitamento era de apenas 36%. Foram quatro vitórias, dois empates e sete derrotas. Marcou 14 gols, sofreu 20.  Voltou na 22ª e até aqui acumulou oito vitórias, empatou três e perdeu quatro. Foi às redes 25 vezes, levou 17 gols. Faturou 60% dos pontos disputados.

Os números refletem a evolução da equipe e o amadurecimento de Rogerio, que mantém a proposta agressiva, especialmente no Castelão, mas também sabe jogar em rápidas transições ofensivas. Como as que surpreenderam o também “emergente” Goiás no Serra Dourada. Vitória por 2 a 1, gols de Bruno Melo e Osvaldo. O ponteiro que acelera com Edinho pelos flancos, Wellington Paulista ou Kieza na referência e Romarinho se aproximando.

Se a meta era manter o Fortaleza na Série A, Ceni a superou. E ainda entrega dois troféus importantes, que afirmam a equipe como a melhor do Nordeste. Não é pouco. E o feito merece um maior reconhecimento. Inclusive de Renato Gaúcho, que adora relacionar resultados com orçamentos. Se for assim, Ceni gastou menos e conquistou mais que o técnico do Grêmio em 2019.

 

 

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Flu empurra Cruzeiro para o precipício. Número de vitórias é drama celeste http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/26/flu-empurra-cruzeiro-para-o-precipicio-numero-de-vitorias-e-drama-celeste/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/26/flu-empurra-cruzeiro-para-o-precipicio-numero-de-vitorias-e-drama-celeste/#respond Tue, 26 Nov 2019 10:32:25 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7624

Eduardo Carmim / Photo Premium

O Fluminense venceu o CSA em Maceió por 1 a 0, gol de Yonny González. Subiu para 38 pontos, com dez vitórias. Mesmo número de triunfos do Ceará, o 16º colocado com um ponto a menos que o tricolor. O Botafogo, com 39 pontos, venceu 12 vezes. Já o Cruzeiro terminou a 34ª rodada no Z-4 com 36 pontos.

Em uma rodada complicada, levando 4 a 1 do Santos na Vila Belmiro, seria compreensível, pelo contexto, a descida à zona de rebaixamento, mas se mantendo com esperanças na briga para fugir do inferno nunca frequentado pelo time celeste.

O que está complicando a vida dos mineiros é o número de vitórias, primeiro critério de desempate em caso de igualdade nos pontos. Apenas sete em 34 rodadas. Duas com Mano Menezes em 15 rodadas, o mesmo número nos sete jogos sob o comando de Rogério Ceni e três em 13 partidas depois da chegada de Abel Braga.

Um número ridículo. Mascarado inicialmente pelas campanhas no mata-mata, prioridade do clube. Depois agravado pela escolha infeliz por Ceni, para o Cruzeiro e também na carreira do treinador. Agora já no desespero, vendo o pesadelo se aproximar, a confiança está mais que abalada. Mesmo com elenco experiente, a perna “encurta” na hora de decidir e a equipe acaba apelando para cruzamentos a esmo. O abalo emocional torna tudo ainda mais complicado.

É obrigação vencer em casa o CSA virtualmente rebaixado, tentar se aproveitar da baixa mobilização de Vasco e Palmeiras, sem grandes aspirações na competição, e torcer para o Grêmio já estar com a última vaga do G-4 já garantida na penúltima, quando for visitá-lo em Porto Alegre. Para buscar pelo menos duas vitórias e um empate e torcer contra Fluminense, Ceará e Botafogo. Nesta edição, 43 pontos devem ser suficientes para garantir a permanência na Série A.

O tricolor encara o Palmeiras de “luto” pela perda precoce das chances de título no Maracanã, depois visita o rebaixado Avaí, recebe o Fortaleza e fecha contra o Corinthians, que já deve ter sua vida definida na última rodada e tem jogado em clima de fim de ciclo à espera de Tiago Nunes.

O Ceará enfrenta o Flamengo de “ressaca” no Rio de Janeiro, recebe Athletico e Corinthians em Fortaleza e sai contra o Botafogo esperando que o duelo não se transforme em uma decisão no Nílton Santos. Porque o time de Alberto Valentim sai contra Chapecoense e Atlético Mineiro e recebe o Internacional. Talvez a tabela mais acessível do quarteto que tenta fugir da “confusão”.

Se houver qualquer empate nos pontos, o Cruzeiro certamente vai lamentar o desleixo em quase metade da competição por pontos corridos, a má condução com Rogério Ceni e a escolha conservadora, de gestão de vestiário, com Abel. A crise política e financeira torna tudo mais complexo. Um combo de equívocos que empurra o gigante para o precipício.

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Flamengo e Grêmio antecipam no Brasileiro o grande duelo corpo x mente http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/17/flamengo-e-gremio-antecipam-no-brasileiro-o-grande-duelo-corpo-x-mente/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/17/flamengo-e-gremio-antecipam-no-brasileiro-o-grande-duelo-corpo-x-mente/#respond Thu, 17 Oct 2019 15:09:55 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7442

Foto: Agencia Estado

Quando o auxiliar de Rogério Ceni, o francês Charles Hembert, justificou as nove mudanças no Fortaleza por conta da intenção de mandar a campo um time mais “fresco”, ficou clara a estratégia do treinador suspenso de tentar vencer o Flamengo na saúde.

Porque Jorge Jesus não faz concessões. É a “carne toda para assar” sempre. O treinador português sempre coloca para jogar o melhor que tem disponível, de preferência com a formação mais ofensiva possível. Na intensidade máxima que o time resistir. Este foi o problema maior durante a maior parte da disputa no Castelão.

O líder absoluto do Brasileirão sentiu demais os cinco desfalques – Rafinha, Filipe Luís, Everton Ribeiro, Arrascaeta e Bruno Henrique, mais ainda o calor cearense, além da umidade e o gramado longe de ser um tapete. Gerson suportou 45 minutos enquanto Jesus tentou encontrar o melhor posicionamento para o camisa oito. Começou com meio-campista central num 4-4-2, depois tentou emular Everton Ribeiro como ponta articulador pela direita e, por fim, se alinhou a Willian Arão à frente de Piris da Motta, o substituto de Lucas Silva que sentiu logo no início da partida.

Apesar da fraca atuação na primeira etapa, o técnico dobrou a aposta ao descansar Gerson e colocar Vitor Gabriel para fazer dupla com Gabriel Barbosa, deslocando Reinier para o lado direito de um quarteto ultraofensivo – Vitinho à esquerda. Sem abrir mão da última linha de defesa avançada e exigindo um esforço ainda maior do já desgastado Willian Arão no meio-campo.

Mas foi na força mental que o Flamengo construiu uma virada improvável. Na confiança em seu modelo de jogo e também que a fase permite acreditar que tudo pode dar muito certo. Mesmo quando as pernas parecem falhar e o desempenho geral cai. No “abafa” com Rodrigo Caio na área adversária para disputar a bola com Quintero que terminou no pênalti convertido por Gabriel Barbosa e participar da jogada ensaiada na cobrança de lateral de Renê, finalizada por Reinier, o “reforço” de última hora negado à CBF para o Mundial Sub-17.

Sim, o VAR…Este que escreve não marcaria nenhum dos dois pênaltis: o de Pablo Marí convertido por Bruno Melo entra na “exigência” atual de que os defensores não tenham braços. Afinal, o que é movimento natural para quem está correndo, controlando o espaço que ocupa, a distância em relação ao adversário e à bola? Difícil interpretar, assim como o de Quintero de costas para Rodrigo Caio… Já em relação às duas bolas em campo é uma irregularidade que poderia ter sido observada pelo árbitro de vídeo, mas a interferência no lance é interpretativa. Ou seja, de novo o recurso que deveria ser uma solução se mostrando um problema. Ou a “bengala” preferida para o derrotado.

O Flamengo venceu e manteve os oito pontos de vantagem no topo da tabela. Confiança no teto para o Fla-Flu, último compromisso antes da volta da semifinal da Libertadores. Ambos no Maracanã. Jorge Jesus esgota as energias de seus comandados, mas há compensações: o time mantém altos níveis de concentração e capacidade de competir. Mantendo o foco no Brasileiro, o jogo pelo torneio continental psicologicamente mantém o seu tamanho real, sem superdimensionamentos. Transita entre “o jogo do ano” e mais uma partida em busca das duas conquistas. Se falhar ainda há uma chance, que não é pequena, de levantar taça em 2019.

Algo que o Grêmio não tem. É a Libertadores ou se contentar em terminar o ano com o título gaúcho. Um efeito colateral da cultura copeira do clube. Após a dura eliminação nos pênaltis para o Athletico na Copa do Brasil, depois de abrir 2 a 0 em Porto Alegre, o time de Renato Gaúcho vai administrando o Brasileiro para não se afastar do G-6 e, se tudo der errado, ficar com aquela última vaga entre os quatro primeiros e se garantir na fase de grupos da Libertadores em 2020.

Depois da vitória sobre o Ceará por 2 a 1 e a goleada sobre o Atlético Mineiro por 4 a 1, a chance de encostar no Corinthians, quarto colocado, seria diante do Bahia na Arena em Porto Alegre. Algo, porém, não funcionou e parece ter muita relação com o aspecto mental. Porque o Grêmio respira Flamengo desde o dia dois de outubro. Ou a partir do momento em que soube que enfrentaria os rubro-negros.

Com a proximidade do confronto derradeiro é natural que a ansiedade aumente e fique difícil se concentrar na outra competição. Na última partida com titulares antes da viagem ao Rio de Janeiro, a provável formação da próxima quarta-feira, com Geromel de volta à zaga, Leonardo Moura na lateral direita, Maicon e Luan no meio-campo. deu errado além do placar adverso diante da equipe de Roger Machado.

“Com cinco minutos eu olhei para o banco e disse: não é a nossa noite. Com 35 minutos eu queria que o jogo terminasse. Perguntei para os jogadores se estavam com as pernas pesadas, disseram que não. Agora, às vezes no jogo se sente outras coisas”, explicou o treinador. Pois o Grêmio sentiu a proximidade do jogo mais esperado. Nitidamente. Ninguém quer arriscar nada. Bola dividida, um “sprint”… Como ficar de fora do “filé mignon”?

Os donos da casa nitidamente se pouparam e jogaram em ritmo de treino, com direito a drible de Kannemann na intermediária armando contragolpe para o adversário. O clima no estádio com pouco mais de 13 mil presentes colaborava. Mas para o Bahia era decisão e Roger não abriria de seu modelo fora de casa recuando linhas, defendendo com dez homens em um espaço de trinta metros e acelerando as transições ofensivas com Artur e Elber pelas pontas e Gilberto no centro do ataque. Depois entrou Arthur Caike, que converteu no final o pênalti sobre o lateral Giovanni. Para comprovar no placar o sucesso da estratégia do tricolor baiano.

Na coletiva pós-jogo, obviamente, Renato Gaúcho mais uma vez chamou os holofotes todos pra si e desviou dos problemas do seu time. Criticou a retranca do Bahia, exaltou pela enésima vez a proposta de jogo ofensiva e criticou o futebol brasileiro, só salvando Flamengo, Santos e Athletico, além do Grêmio. Porque o treinador veterano sabe que seus atletas preferiram não correr riscos e de novo o Brasileiro foi relegado a segundo plano.

Mesmo com os enormes riscos de eliminação na Libertadores. O Grêmio vai enfrentar o melhor time do país no momento, dentro de um Maracanã lotado e pulsante, e já começa o jogo com o 0 a 0 que não o favorece por conta do 1 a 1 da ida no Rio Grande do Sul. Sim, o cenário provavelmente terá alguns ingredientes menos dramáticos: o Flamengo deve sofrer ao menos com o desfalque de Arrascaeta e, mesmo que um milagre aconteça e Jorge Jesus conte com todos os titulares, não terá a intensidade e o vigor físico dos titulares como em Porto Alegre. E Renato chega desta vez com um grupo mais completo. Lá pelos 20, 25 minutos do segundo tempo no Maracanã a estratégia pode dar muito certo e seu time sobrar fisicamente.

O confronto, porém, não deixa de ser equilibrado, imprevisível e sem prognósticos. Ou melhor, só um: será o duelo corpo x mente, antecipado nesta quarta dentro do Brasileiro. O Grêmio que vai descansar no domingo, com reservas enfrentando o Fortaleza no Castelão, chegará mais inteiro, porém com o peso de jogar a vida. A vantagem da experiência da maioria do grupo de Renato ao disputar sua terceira semifinal sul-americana consecutiva também carrega o fardo de só superar a meta se alcançar a decisão. O peso psicológico é grande e se fez presente com força diante do Bahia.

Já o Flamengo irá ao Maracanã leve e confiante, embora cansado. É óbvio que pelo resultado conquistado na ida e por conta do alto investimento na formação do elenco, agora a final da Libertadores é uma meta palpável. Mas, a rigor, o feito de voltar a ficar entre os quatro primeiros da América do Sul depois de 35 anos já é considerável. E se vier a eliminação, a conquista do Brasileiro seguirá bem próxima. O Fla-Flu de domingo é o tema do momento e o Grêmio só a partir de domingo, depois das 20h. Sem neuras, nem expectativas exageradas.

No insano calendário brasileiro é impossível ter “mente sã, corpo são”. Renato Gaúcho escolhe o fôlego, Jorge Jesus prefere a moral das vitórias. Quem vai levar vantagem no jogaço de quarta-feira?

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A lenta agonia do Cruzeiro. O que Abel Braga foi fazer em Belo Horizonte? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/14/a-lenta-agonia-do-cruzeiro-o-que-abel-braga-foi-fazer-em-belo-horizonte/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/14/a-lenta-agonia-do-cruzeiro-o-que-abel-braga-foi-fazer-em-belo-horizonte/#respond Mon, 14 Oct 2019 09:44:24 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7434

Imagem: Reprodução / Premiere

Este blogueiro até evitou fazer qualquer análise sobre as possibilidades de Abel Braga no Cruzeiro logo depois do anúncio da contratação por conta da incredulidade com o acerto do treinador com o novo clube. Não só pela situação do time mineiro, mas principalmente pela prática quase ritualística de assumir trabalhos apenas no início da temporada. A última vez que aceitou um convite no segundo semestre foi no Fluminense em 2011, mas com promessa de trabalho a longo prazo – ficou até 2013 faturando os títulos carioca e brasileiro.

Abel falou em “dívida” na primeira coletiva, alegando que o Cruzeiro abriu as portas para ele, ainda jogador, em 1981 depois de dois anos no Paris Saint-Germain. Mas nas entrelinhas deu a impressão de aceitar o apelo de jogadores que comandou e com os quais foi vitorioso e criou amizades, como Thiago Neves e Fred. Também pode estar vendo o mercado de treinadores ficar mais restrito com a renovação e chegada de estrangeiros – Abel não foi a primeira opção da diretoria, que chegou a sondar Dorival Júnior e pensar em outros nomes.

Seja como for, o “fato novo” com impacto no vestiário e no campo depois da passagem conturbada de Rogério Ceni, já resgatando confiança e conseguindo resultados rapidamente, não aconteceu. Estreia um dia depois da apresentação com derrota para o Goiás por 1 a 0, depois empates com o Internacional (1 a 1), Fluminense (0 a 0) e o péssimo, frustrante com a Chapecoense por 1 a 1. Com gol sofrido aos 49 minutos do segundo tempo, de Camilo em lance difícil confirmado pelo VAR.

A transformação anímica não veio. Turbulência política, crise financeira, dirigentes sob investigação e confiança baixa também não ajudam, assim como a dívida estimada em 520 milhões de reais. A campanha é vergonhosa: apenas quatro vitórias, dez empates e onze derrotas. 19 gols marcados, 33 sofridos. Antepenúltimo colocado, já quatro pontos e três vitórias atrás do Ceará, 16º . Sem direito ao confronto direto nas 13 rodadas que faltam – empatou sem gols na despedida de Ceni.

O cenário já é desesperador. Porque a competição afunila e no caso do time grande, que nunca caiu, o peso é maior do que sobre os concorrentes. É possível se safar, mas terá que virar a campanha do avesso. Em 13 rodadas é preciso  somar 23 pontos, um a mais do que alcançou em 25 partidas. Talvez a “nota de corte” fique abaixo dos 45. Mas a missão não parece das mais fáceis.

Menos ainda olhando para a tabela: já na próxima rodada pega em Belo Horizonte o redivivo São Paulo, de Fernando Diniz que com um Fluminense enfraquecido deu trabalho a Abel no comando do estelar Flamengo em todos os confrontos no Carioca. Agora os elencos, ao menos no papel, são equivalentes. E o momento do tricolor do Morumbi é bem superior.

Depois visita o Corinthians, recebe o Fortaleza em um confronto direto, sai para novo duelo de “seis pontos” com o Botafogo. Em seguida, Bahia no Mineirão, Athletico na Arena da Baixada, o clássico mineiro, Avaí em casa, Santos fora, CSA em Minas Gerais, visita o Vasco e o Grêmio em sequência para fechar a campanha contra o Palmeiras em casa. Difícil prever os pontos mais acessíveis, porque os confrontos também dependem dos cenários para os oponentes.

É claro que há nesta edição do Brasileiro quatro times para cair no lugar do gigante mineiro. Mas é difícil encontrar esperanças diante da falta de vitórias para quem precisa pontuar tanto. E a perspectiva do rebaixamento é ainda mais assustadora considerando a queda brusca nas receitas de TV. A gestão ficaria praticamente inviável.

Difícil abordar qualquer questão técnica ou tática. Sem tempo para treinar com dois jogos por semana e considerando que Abel mostrou no Flamengo que o conteúdo não está tão atualizado, a esperança era que a gestão de pessoas fizesse a diferença. Mas o discurso conhecido de “meu grupo tem caráter”, “a gente resolve lá dentro do vestiário e aqui com vocês (imprensa) eu seguro” e outros clichês parece não ter o impacto de outros tempos.

Agora o time celeste precisa mesmo é de coordenação dos setores, dar menos trabalho ao goleiro Fábio e caprichar no acabamento dos ataques. Mas em momentos de pressão a perna “encolhe”, o campo fica imenso e a meta adversária minúscula. Mesmo para um grupo de veteranos. Para piorar, não há orientação segura ou estratégia para dar um pouco de racionalidade ao caos.

O Cruzeiro agoniza lentamente. E este que escreve continua sem entender: que Abel foi fazer em Belo Horizonte?

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Cinco anos depois do auge, Cruzeiro e Atlético flertam com o fundo do poço http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/27/cinco-anos-depois-do-auge-cruzeiro-e-atletico-flertam-com-o-fundo-do-poco/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/27/cinco-anos-depois-do-auge-cruzeiro-e-atletico-flertam-com-o-fundo-do-poco/#respond Fri, 27 Sep 2019 10:05:22 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7336

Foto: Rodney Costa / Eleven

Em novembro, a conquista da Copa do Brasil pelo Atlético Mineiro completa cinco anos. Vencendo sob o comando de Levir Culpi a única final mineira em competição nacional. Superando o Cruzeiro de Marcelo Oliveira que seria bicampeão brasileiro em 2014. No ano anterior, o Galo conquistara a Libertadores com Cuca e Ronaldinho Gaúcho. Ou seja, Minas Gerais dominava o futebol brasileiro como nunca. O auge, ao menos neste século.

A lembrança torna ainda mais chocante a realidade atual. A dupla convive com sérias dificuldades financeiras, problemas para quitar as folhas de pagamento, erros graves de gestão e, principalmente, péssimos resultados esportivos. O Cruzeiro ocupa a 17ª colocação da tabela no Brasileiro e demite Rogério Ceni, apenas um mês e meio depois da contratação, por não conseguir melhorar o desempenho médio em relação ao antecessor Mano Menezes. Mas principalmente pelos atritos com jogadores veteranos ao tentar implantar um modelo de jogo com pressão, intensidade e movimentação.

Thiago Neves –  amigo do vice de futebol Itair Machado, a quem dedicou um gol contra o São Paulo no auge da crise envolvendo o dirigente no clube – primeiro acusou Ceni de colocar em campo uma formação na volta da semifinal da Copa do Brasil contra o Internacional improvisada e sem treinar. Depois foi sacado no intervalo da derrota por 2 a 1 para o Flamengo no Mineirão e não saiu do banco de reservas no empate sem gols com o Ceará no Castelão. Dedé reclamou da ausência do meia, Ceni não aceitou e o próprio Itair “sugeriu” que o treinador se demitisse.

O blog apurou que Dorival Júnior foi sondado, mas tem uma cirurgia marcada para o dia 1º de outubro e não teria como assumir. Olhando para o cenário criado, apenas dois profissionais disponíveis no país teriam “casca” e respaldo total para administrar os conflitos, conciliar as lideranças e controlar o vestiário: Abel Braga e Luiz Felipe Scolari. Mas qual é a chance de um deles aceitar assumir um time no Z-4, sem tempo para trabalhar com dois jogos por semana e garantia de salários pagos para poder cobrar?

Já o Atlético não vive o mesmo drama na tabela com a décima colocação, mas vem de seis derrotas seguidas desde a vitória por 2 a 1 sobre o Fluminense na 14ª rodada. Muito por priorizar a Copa Sul-Americana, a chance de título em 2019. E internacional, garantindo vaga direta na Libertadores. Em vão. Derrota fora e vitória em casa sobre o Colón, 17º na liga argentina com 24 clubes, por 2 a 1 e revés nos pênaltis, dentro do Mineirão, por 4 a 3 com Rever e Cazares desperdiçando as cobranças.

Elenco que é um “frankenstein” com veteranos em declínio, jovens buscando espaço em meio ao caos e estrangeiros que oscilam demais o desempenho, embora salvem muitas vezes o time – como os gols de Chará e Di Santo sobre o Colón. O time não dá liga e Rodrigo Santana, treinador promissor, parece sem estofo e vivência para administrar a crise que agora virá mais forte sem a esperança de conquista. Só resta se recuperar no Brasileiro para fechar o ano sem grandes sustos.

A má notícia é que hoje os oitos pontos que separam a equipe do São Paulo, último do G-6, são os mesmos que a distanciam do rival Cruzeiro na zona de rebaixamento. Com um jogo a menos, exatamente o adiado contra o Vasco no Independência para o time definir a semifinal continental. Se não interromper a série de derrotas em casa contra o Ceará no domingo a coisa pode se complicar de vez.

Uma queda surreal para quem há cinco anos se vangloriava, com razão, da estrutura e solidez dos grandes de Minas Gerais. Rivalidade que atraiu os olhos do país, quase sempre voltados para São Paulo e Rio de Janeiro. Agora lamentando o flerte com o fundo do poço. Triste retrato de quem acreditou em fórmula mágica ou receita de bolo, não atualizou as práticas nem planejou a longo prazo. A conta chegou.

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Rogério Ceni, Mano Menezes e a resistência da “casinha fechada” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/09/rogerio-ceni-mano-menezes-e-a-resistencia-da-casinha-fechada/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/09/rogerio-ceni-mano-menezes-e-a-resistencia-da-casinha-fechada/#respond Mon, 09 Sep 2019 09:23:04 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7216

Foto: Fernando Dantas / Gazeta Press

– A única coisa que eu digo é que, se for para continuar no Cruzeiro, tem que ser de maneira diferente. Se a gente precisar mudar drasticamente a situação, mesmo que a gente apanhe nos próximos jogos, mas a atitude tem que mudar. Caso contrário, não faz sentido nem eu ficar aqui.

Palavras de Rogério Ceni depois de ver o Cruzeiro ser goleado em casa para o Grêmio por 4 a 1. Deixando claro que, apesar dos problemas financeiros do clube mineiro com salários atrasados, o problema é no campo. E não é difícil de entender.

O Cruzeiro tem um elenco repleto de veteranos, todos adversários de Ceni quando goleiro do São Paulo – Fábio, Dedé, Henrique, Thiago Neves e Fred, entre outros. Com um bicampeonato de Copa do Brasil recente sob o comando de Mano Menezes e com uma proposta de jogo diametralmente diferente da que o novo técnico pretende implementar.

Para o jogador que não é mais tão jovem e tem dificuldades para entregar a intensidade necessária para ser competitivo hoje, a ideia de futebol mais sedutora é a de “fechar a casinha” e deixar o talento decidir na frente. Porque protege todo mundo. Defensores e volantes ficam mais resguardados, um centroavante e, no máximo, um meia têm menos obrigações sem a bola. Compreensível. É humano.

Ceni gosta de pressão no campo de ataque, reação rápida à perda da bola. Fred, por exemplo, realizou esses movimentos poucas vezes na carreira. Thiago Neves também não está acostumado. Veteranos não apreciam muitas mudanças no time e jogadores executando funções diferentes de suas posições, como nas reclamações de Neves depois da derrota por 3 a 0 e eliminação para o Internacional na Copa do Brasil. É cada um na sua e garantia de titularidade para ficar tudo bem no vestiário.

O novo treinador do Cruzeiro era a grande estrela do Fortaleza. A referência, a voz a ser ouvida e o personagem que atraía mídia para o clube cearense. Sair para comandar um elenco vencedor e naturalmente resistente a novas ideias (“mudar para quê?”) não é tão simples. Se Pep Guardiola com toda sua moral por construir o Barcelona que está entre os grandes times da história sofreu nos primeiros meses de Bayern de Munique em 2013, imagine Ceni no lado azul de Minas Gerais.

É difícil lutar contra a cultura do futebol reativo. Até porque ela é negada sempre que possível publicamente. Como a retórica de Mano Menezes em sua chegada ao Palmeiras: organização defensiva é uma coisa, futebol reativo e contra-ataque é outra. De fato, até porque agrupar jogadores assim que perde a bola para sufocar o adversário já é uma organização defensiva.

Mas no Cruzeiro de Mano Menezes a postura constante, principalmente em mata-mata, era recuar linhas e reagir à iniciativa do oponente. Algumas vezes no próprio Mineirão. Atacar só quando não há outra saída. Como na estreia do treinador no Palmeiras. Só com o Brasileiro para disputar, seis pontos atrás do líder Flamengo  – um jogo a menos, contra o Fluminense em casa. Encarando o frágil Goiás de Ney Franco, mesmo no Serra Dourada. Era obrigação sair para o jogo.

Atacou desde o início e até apresentou uma solução interessante na formação inicial: Dudu atrás do centroavante Luiz Adriano em um 4-2-3-1, com liberdade para circular e se juntar à dupla lateral-ponteiro para criar superioridade numérica pelos flancos. Assim a equipe paulista dominou e criou boas chances desde o início do jogo, apesar do gol da vitória, de Gustavo Scarpa, ter saído no abafa, já nos acréscimos em complemento à uma cobrança de lateral na área. De virada, algo que Luiz Felipe Scolari não conseguiu em pouco mais de um ano de clube.

Mas Mano tem “casca” no ofício e respaldo de conquistas, embora nenhuma nos pontos corridos que agora disputa como única frente no novo clube. Rogério Ceni tem que penar mais para impor suas convicções. Mesmo com o exemplo de Flamengo e Santos, comandados por Jorge Jesus e Sampaoli, disputando a liderança do Brasileiro com ideias semelhantes, a tarefa é complicada.

Ser criativo e ousado só se os bons resultados desde o início respaldarem. Porque a “casinha fechada” resiste.

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Internacional na decisão com autoridade. Cruzeiro paga pela demora na troca http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/04/internacional-na-decisao-com-autoridade-cruzeiro-paga-pela-demora-na-troca/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/04/internacional-na-decisao-com-autoridade-cruzeiro-paga-pela-demora-na-troca/#respond Thu, 05 Sep 2019 02:17:19 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7192 O Cruzeiro fez uma partida até correta no Beira-Rio lotado. Tomando iniciativa, tentando criar jogo entrelinhas com Thiago Neves e Marquinhos Gabriel por dentro, Pedro Rocha e David nas pontas. Jadson e Dodô para tentar construir com qualidade junto a Henrique e Robinho. Depois Fred na referência, mas com bola no chão sem abusar dos cruzamentos: foram apenas doze contra 23 do Internacional.

Mas mudar de Mano Menezes para Rogério Ceni não é tão simples. Três anos negando a bola e depois alterar o comportamento para valorizá-la. Difícil ter confiança em tão pouco tempo para se impor em um ambiente hostil. Facilitou o controle do time da casa.

Já a equipe de Odair Hellmann ficou muito mais à vontade do que no duelo em casa contra o Flamengo pela Libertadores. Em um 4-1-4-1 que aproximava as linhas e deixava Guerrero mais à frente. Só que desta vez com Nico López pela esquerda, não Sóbis. O uruguaio não é exatamente um velocista, mas sustenta melhor os contragolpes e ganhou confiança pelo gol nos 3 a 2 sobre o Botafogo.

Como no passe errado de Dedé que teve como resposta a transição rápida com inversão de Nico para D’Alessandro e o cruzamento de direita do argentino na cabeça de Guerrero. Aumentando a vantagem e fazendo o adversário seguir lutando, mas com guarda baixa.

Até Nico acionar diretamente Guerrero e o artilheiro peruano definir a vaga na decisão com belo chute. No final, belo passe longo de Victor Cuesta e infiltração de Edenilson às costas da avançada defesa cruzeirense. A pá de cal com o toque por cima de Fábio.

Três a zero, quatro no agregado. Poderia ter virado goleada histórica. Foram 19 finalizações, mas apenas seis no alvo. Com apenas 43% de posse. Desta vez o contexto era favorável e o time gaúcho foi competente para conduzir a disputa à sua maneira.

Alegria completa com o rival Grêmio eliminado e a certeza de uma bela receita pela final da Copa do Brasil. Também a moral por encerrar a hegemonia do bicampeão que demorou a trocar o comando técnico e pagou caro. Resta buscar recuperação no Brasileiro. O Colorado está a dois passos do paraíso de um título nacional depois do inferno da Série B que definitivamente é página virada.

(Estatísticas: Footstats)

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Cruzeiro de Ceni vence atacando com coragem o líder Santos em tarde infeliz http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/18/cruzeiro-de-ceni-vence-atacando-com-coragem-o-lider-santos-em-tarde-infeliz/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/18/cruzeiro-de-ceni-vence-atacando-com-coragem-o-lider-santos-em-tarde-infeliz/#respond Sun, 18 Aug 2019 20:51:41 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7062 Foi difícil entender o que pretendia Jorge Sampaoli para o Santos no Mineirão com Jorge formando a linha de três atrás com Lucas Veríssimo e Gustavo Henrique, expulso logo aos dois minutos por falta em Pedro Rocha. Mais complicado ainda compreender a troca de Evandro por Pará, que foi para a lateral fazer linha de quatro com Felipe Jonatan recuando pela esquerda.

Mas a estreia de Rogério Ceni no comando técnico do Cruzeiro já mostrou uma equipe com proposta diametralmente diferente em relação aos tempos de Mano Menezes. Trouxe Dodô para qualificar o toque do meio-campo, abriu Marquinhos Gabriel e David pelas pontas e alternava Thiago Neves e Pedro Rocha no centro do ataque, porém com muito mais mobilidade e buscando o jogo às costas de Carlos Sánchez e Diego Pituca, os únicos meio-campistas do líder do Brasileiro.

Ceni não esperou o intervalo para tornar sua equipe ainda mais ofensiva. Tirou Egídio, deslocou Dodô para a lateral esquerda e enfiou Fred como referência. Camisa nove que não ia às redes há quatro meses, mas com companhia entrando na área adversária costuma crescer e logo encerrou o jejum. Ainda no primeiro tempo para premiar a coragem do novo treinador.

Foi Sampaoli quem demorou a reagir e só corrigiu o posicionamento defensivo na volta para o segundo tempo, com Luiz Filipe na vaga de Pará. Já era tarde, com o time celeste confiante e aumentando a vantagem com Thiago Neves. O Santos baixou a guarda, trocou Sánchez por Alison para proteger a defesa e viveu da luta de Soteldo na frente tentando se aproximar de Eduardo Sasha.

Ceni perdeu Dedé lesionado e colocou Cacá na zaga. Depois trocou David por Robinho, encorpando o meio-campo como segundo volante e Pedro Rocha foi para o lado esquerdo ser a válvula de escape para as transições ofensivas em velocidade. Nem precisou, bastou administrar os 2 a 0. Foi até possível ouvir Ceni na transmissão do Premiere orientar o lateral Orejuela aos 27 minutos pedindo para não descer mais. Futebol ofensivo, mas inteligente.

É claro que a expulsão condicionou o jogo, mas o Cruzeiro de Mano sofria mais com a obrigação de se instalar no campo de ataque e criar espaços. Menos de uma semana de trabalho já foi suficiente para mudar comportamentos. 55% de posse e 19 finalizações contra apenas três – dez a um no alvo. Três pontos para somar 14 e já sair do Z-4 com o surpreendente revés do Fluminense no Maracanã para o CSA por 1 a 0. Vitória atacando com coragem e aproveitando a tarde infeliz de Sampaoli e do Santos.

(Estatísticas: Footstats)

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