sane – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 City campeão e Sarri sem estilo, título e moral. Terá emprego no Chelsea? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/24/city-campeao-e-sarri-sem-estilo-titulo-e-moral-tera-emprego-no-chelsea/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/24/city-campeao-e-sarri-sem-estilo-titulo-e-moral-tera-emprego-no-chelsea/#respond Sun, 24 Feb 2019 20:04:37 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6012 O Manchester City é campeão da Copa da Liga Inglesa. Vitória nos pênaltis, apesar de uma atuação pouca inspirada da equipe de Pep Guardiola. Com domínio pela posse de bola (61%), mas muitos erros técnicos e dificuldades para infiltrar. Em 120 minutos, correu riscos diante de um adversário em nível inferior na temporada e vivendo uma crise que ficou ainda mais nítida na decisão em Wembley.

Maurizio Sarri abriu mão de seu estilo e aderiu ao pragmatismo. Nítido temor de sofrer outra goleada, depois dos 6 a 0 pela Premier League, que seria ainda mais histórica por acontecer numa decisão. Compreensível até, mas um sintoma da complexidade do contexto no time londrino.

No 4-1-4-1, deixou Hazard na frente para jogar por uma bola na velocidade dos contragolpes. Difícil entender a presença de Jorginho atrás de Kanté e Barkley, se a proposta era priorizar o trabalho defensivo. Acabou pagando com o pênalti perdido pelo meio-campista brasileiro naturalizado italiano. David Luiz carimbou a trave de Ederson e praticamente sepultou as chances dos Blues. Sterling converteu a última cobrança, a do sexto título do City da competição. Quatro nas últimas seis edições.

Era a possibilidade mais palpável de conquista do Chelsea na temporada, apesar da classificação para as oitavas da Liga Europa – enfrenta o Dynamo de Kiev. Seria o primeiro título da carreira de Sarri. Muito oportuno para recuperar alguma confiança da direção do clube afundado numa crise, incluindo a punição da FIFA, que proibiu o clube de contratar até o final de janeiro de 2020 por não ter respeitado o regulamento das transferência de jogadores menores de idade.

Mas o pior para o treinador italiano foi a prova material da falta de moral como comandante nos últimos minutos da prorrogação. O goleiro Kepa sentiu um problema físico e Sarri mandou Caballero aquecer e entrar. Com a substituição pronta, a placa preparada para subir, o goleiro titular fez o gesto de negativo – lembrando Paulo Henrique Ganso na final do Paulista de 2010 contra o Santo André – e se negou a sair.

Sarri ficou possesso, mas foi contido pelo auxilar Zola e depois pelo zagueiro Rüdiger. Caballero não recolocou o agasalho, nem voltou para o banco, dando a impressão que o treinador faria valer a sua autoridade e trocaria no fim da prorrogação. Kepa ficou para a decisão nas penalidades e não se dirigiu a Sarri. Só defendeu a cobrança de Sané e deixou a bola passar embaixo do seu corpo na cobrança ruim de Aguero.

Difícil prever as consequências de tudo que aconteceu em Wembley. Ou servirá apenas para confirmar o que hoje parece inevitável: a saída de Sarri. A dúvida é se acontecerá agora ou no final da temporada. Porque a tensão chegou no seu nível máximo e o técnico italiano vive uma situação humilhante: sem estilo, título e moral. Ainda terá o emprego?

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City vence Liverpool em duelo de cuidados e muito respeito. Temos uma liga! http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/03/city-vence-liverpool-em-duelo-de-cuidados-e-muito-respeito-temos-uma-liga/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/03/city-vence-liverpool-em-duelo-de-cuidados-e-muito-respeito-temos-uma-liga/#respond Thu, 03 Jan 2019 22:10:04 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5708 O jogo de ida entre Liverpool e Manchester City em Anfield foi decepcionante por erros técnicos induzidos pelos muitos cuidados táticos de Pep Guardiola e Jurgen Klopp. Forças que se anularam em noventa minutos praticamente sem aleatoriedades, jogadas individuais e, por isso, com poucas emoções.

A volta no Etihad Stadium parecia seguir o mesmo roteiro. Klopp desmontou o 4-2-3-1 e voltou ao 4-3-3 com um trio mais “duro” no meio-campo: Henderson no centro, Wijnaldum e Milner nas meias. Mané voltava pela esquerda deixando Firmino e Salah mais adiantados.

Já os citizens cuidaram da última linha de defesa. Danilo e Laporte presos nas laterais, participando da construção das jogadas na maior parte do tempo na linha de Fernandinho, novamente o passador responsável pelo passe vertical acionando o quinteto ofensivo: Sterling, Bernardo Silva, David Silva e Sané se aproximando de Aguero na referência.

Os cuidados eram claros. A pressão na saída de bola do adversário não acontecia como se não houvesse amanhã. Um avanço mal executado ou superado pelo toque de bola com qualidade do oponente e a chance de ter a retaguarda atropelada era enorme. Muito respeito.

Tudo encaixado como o duelo em Liverpool. Era preciso algo diferente. Primeiro Salah, normalmente a referência para o passe longo, achou Mané livre infiltrando por dentro nas costas da defesa azul, desarrumada pela movimentação adversária. Chute na trave, trapalhada de Ederson e Stones, que evitou o gol contra. Por centímetros.

A mesma medida da passagem da bola por Alisson na bomba de Aguero para abrir o placar. O desequilíbrio, porém, veio com Bernardo Silva saindo da meia direita e criando com David Silva e Sané a superioridade numérica do lado oposto deixando o meia português livre para servir o atacante argentino, que aproveitou a hesitação de Lovren para girar rápido.

Gol único de um primeiro tempo de 59% de posse do City, mas apenas duas finalizações para cada lado, uma no alvo. Um detalhe moveu o placar.

Klopp esperou 12 minutos para trocar Milner por Fabinho e voltar ao 4-2-3-1. Inverteu o lado de Mané e abriu Wijnaldum pela esquerda. Firmino recuou para articular e Salah aprofundou como a referência. Automaticamente ganhou mais volume, qualidade no passe para a construção.

Também liberdade para os laterais abrirem o campo e buscarem o fundo. Na inversão de Alexander-Arnold, falha de Danilo, assistência de Robertson dentro da área do City e empate com Firmino.

Assim como aconteceu no duelo pelas quartas de final da Champions na temporada passada, o time de Guardiola sentiu muito o gol sofrido e se desconcentrou, cedendo espaços para as transições em velocidade dos Reds.

Mas Sterling, quase sempre atacando bem aberto para gerar amplitude, acelerou da direita para dentro, Aguero atraiu a atenção de Arnold e Sané recebeu livre para bater cruzado e a bola bater na trave esquerda de Alisson antes de entrar.

Com pouco mais de vinte minutos para definir um confronto decisivo entre as duas grandes forças da Premier League, o jogo ganhou a intensidade e a emoção esperadas. Salah teve grande chance, mas Ederson salvou; Bernardo Silva e Sterling perderam oportunidades cristalinas no mesmo lance.

Klopp tentou mudar com Shaqiri e Sturridge nas vagas de Wijnaldum e Mané, mas sem radicalizar. Guardiola, que havia trocado Silva por Gundogan, tirou Kompany e Laporte, colocou Walker e Otamendi para suportar a pressão um tanto descoordenada do ainda líder do campeonato. Posse de bola rigorosamente empatada, nove finalizações do City contra sete, mas cinco do Liverpool no alvo, uma a mais que o adversário.

No apito final, muita festa do time da casa por encerrar a invencibilidade e diminuir a vantagem do líder para quatro pontos. Era preciso arriscar e o City fez o suficiente para cumprir a missão de forma pragmática: sair com os três pontos. Ainda temos uma liga!

(Estatísticas: BBC)

 

 

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City perde invencibilidade e liderança na noite do “arame liso” em Londres http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/08/city-perde-invencibilidade-e-lideranca-na-noite-do-arame-liso-em-londres/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/08/city-perde-invencibilidade-e-lideranca-na-noite-do-arame-liso-em-londres/#respond Sat, 08 Dec 2018 19:44:04 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5640 Pep Guardiola deixou Gabriel Jesus no banco de reservas e montou o trio ofensivo com Mahrez, Sterling e Sané. Velocidade e movimentação na frente sendo adicionadas à posse de bola e à pressão pós perda que constrói todo volume de jogo do atual campeão e então líder da edição 2018/19 da Premier League.

Não é justo dizer que faltou presença de área ao Manchester City no Stamford Bridge. Os três apareciam, mais Bernardo Silva e David Silva. A falha no primeiro tempo de 62% de posse de bola e controle total do jogo foi no acabamento das jogadas. No passe que vira assistência facilitando a conclusão precisa.

É preciso também reconhecer a absoluta concentração defensiva do Chelsea de Maurizio Sarri. Mesmo quando Marcos Alonso permitiu que Sterling girasse e disparasse na linha de fundo, Azpilicueta estava atento para impedir a finalização de Sané. No mesmo 4-3-3, teve calma e entendimento do jogo para se posicionar no próprio campo e buscar as transições rápidas com Pedro e Willian nas pontas e Hazard como “falso nove”.

Jorginho foi mais volante de proteção da retaguarda que o “regista” que comanda a posse de bola. Até porque Guardiola, assim como outros treinadores na Premier League, já notou que a construção depende fundamentalmente do brasileiro naturalizado italiano.

Pragmático como o time de Antonio Conte, campeão na temporada 2016/17, esperou a chance de golpear o adversário. Começando pelo passe longo de David Luiz para Pedro, mas descendo em bloco até a bola passar por Hazard e o craque belga encontrar Kanté, que reagiu mais rapidamente que Sané e aproveitou o buraco na entrada da área para voar e finalizar forte, sem chance para Ederson.

A única finalização dos Blues em 45 minutos. Contra apenas quatro do City, também só uma na direção da meta do goleiro Kepa. Muito pouco para o domínio dos citizens. A falta de contundência foi castigada.

No segundo tempo, uma inversão no aspecto mental. O City nitidamente baixou a guarda, diminuiu a intensidade. Tentou ganhar presença de área com Gabriel Jesus na vaga de Sané, mas não recuperou as rédeas da partida. O Chelsea cresceu, trouxe a torcida para perto e teve chances de ampliar até a cobrança de escanteio de Hazard que David Luiz desviou para as redes.

Depois foi guardar a própria meta com organização e setores bem coordenados. Com Phil Foden e Gundogan, o City finalizou dez vezes no segundo tempo, mas chance clara só com Jesus, mas Kepa salvou. Sarri adicionou força física com Loftus-Cheek, Barkley e Giroud. Suportou os muitos cruzamentos e teve a humildade para entender que precisaria manter a proposta de jogo para não correr riscos na administração dos 2 a 0. Um plano executado com perfeição.

Para tirar a invencibilidade de 21 jogos do rival, 11 como visitante. Uma vitória que entrega a liderança ao Liverpool, mas é simbólica para manter a capacidade competitiva do Chelsea, agora a oito pontos dos Reds. Emblemática também para o time azul de Manchester. Kun Aguero fez falta demais na noite do “arame liso” em Londres.

(Estatísticas: BBC)

 

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É bom ver a Holanda renascer, mesmo com mais sorte que juízo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/19/e-bom-ver-a-holanda-renascer-mesmo-com-mais-sorte-que-juizo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/19/e-bom-ver-a-holanda-renascer-mesmo-com-mais-sorte-que-juizo/#respond Mon, 19 Nov 2018 22:40:01 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5536 A relevância da Holanda na história do futebol está mais na influência de sua escola na evolução do jogo nos últimos 50 anos do que nas três finais de Copa do Mundo. Tudo que vemos hoje no mais alto nível tem as digitais de Rinus Michels e Johan Cruyff. Não só no Barcelona ou em Guardiola. Até na antítese, como resposta.

Por isso é tão bom ver a seleção agora comandada por Ronald Koeman – campeão europeu de 1988 com Michels e líbero do “Dream Team” de Cruyff no Barcelona do início dos anos 1990 – renascer depois de ficar de fora do Mundial na Rússia.

Nada muito substancial, já que a Liga das Nações, mesmo sendo um avanço em relação aos insossos amistosos de datas FIFA, não é parâmetro para confirmar uma recuperação sólida. Mas, ora bolas, se classificou num grupo com as duas últimas campeãs mundiais. A França levando a sério e usando a base que comemorou na Rússia há menos de seis meses.

A Alemanha manteve o viés de queda e foi rebaixada. Deixa a impressão de que a manutenção de Joachim Low depois da vexatória eliminação na fase de grupos da Copa é um erro de difícil reparo. Que fica mais complicado conforme o tempo passa.

Mas foi bem em Gelsenkirchen. Leve pela falta de objetivos na partida e confortável atuando nos contragolpes. Linhas recuadas, saída em velocidade procurando Sané pela esquerda e Timo Werner circulando por todo o ataque. Assim fez 2 a 0 no primeiro tempo.

A Holanda renovada sentiu o peso da responsabilidade e esbarrou em um problema de sua escola que parecia encontrar soluções, especialmente nos 3 a 0 sobre a França: a proposta imutável de ficar com a bola e adiantar as linhas, mesmo que não haja qualidade para propor o jogo.

Trocava passes, batia no muro, perdia a bola e sofria nas transições defensivas. Mesmo com o mais que promissor zagueiro Matthijs De Ligt. Na frente, Memphis Depay tentava abrir espaços para as diagonais de Promes e Babel e as infiltrações de Wijnaldum, apoiadas por De Jong e pelos laterais Tete e Daley Blind.

Tinha posse (terminou com 54%), mas não volume. O empate que garantiu a classificação veio no abafa desorganizado nos minutos finais. Aproveitando o cansaço e uma queda natural de concentração da Alemanha, guiada apenas pelo profissionalismo dos jogadores e rivalidade histórica no confronto.

Duas bolas na área, gols de Promes e do zagueiro Van Dijk jogando no “modo Piqué”, como centroavante para aproveitar a estatura. Na oitava finalização holandesa contra 13 dos alemães. Mais sorte que juízo da equipe de Koeman, que se junta a Suíça, Portugal e Inglaterra no “Final Four” do torneio.

A possível conquista pode ser o gás que falta para a Holanda entrar em uma nova era. Ou voltar ao protagonismo de velhos e bons tempos.

(Estatísticas: Whoscored.com)

 

 

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Mais solta e entrosada, França, agora sim, é a melhor seleção do mundo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/17/mais-solta-e-entrosada-franca-agora-sim-e-a-melhor-selecao-do-mundo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/17/mais-solta-e-entrosada-franca-agora-sim-e-a-melhor-selecao-do-mundo/#respond Wed, 17 Oct 2018 10:21:49 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5368

Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters

Aconteceu também em 1998. Depois do alívio de vencer a Copa do Mundo em casa com desempenho médio não mais que razoável, sobrando apenas nos 3 a 0 sobre o Brasil na decisão, a França ganhou confiança e variações táticas. Afirmou o jovem atacante Thierry Henry e amadureceu Zidane como melhor jogador do planeta. Venceu a Eurocopa de 2000 e dominou o cenário até a queda brusca, também pela ausência de seu camisa dez e estrela máxima, na fase de grupos do Mundial na Ásia em 2002.

Na Rússia em 2018, uma nova geração talentosa carregava o peso da responsabilidade de alcançar uma grande conquista, depois da decepção em casa perdendo a final da Euro 2016 para Portugal. A seleção do treinador Didier Deschamps, capitão e líder em campo nas conquistas do final da década passada, foi excessivamente pragmática e até travada em boa parte da campanha. Fiel demais, quase aprisionada a sistema tático e modelo de jogo focados mais no resultado final que no desempenho.

Venceu sem maiores contestações, porém sem convencer. A Croácia ficou com todo “hype”, a ponto de dar a Luka Modric o prêmio de melhor do mundo. A Bélgica foi eliminada na semifinal em um jogo muito igual e também foi mais comentada e analisada. “Les Bleus” ficaram com o rótulo de “competitivos” destinados aos que não encantam.

Mas com o segundo título mundial, a paz combinada com a manutenção do trabalho e da base vencedora vem construindo uma França ainda mais forte.

Deschamps manteve o 4-2-3-1 “torto” que varia para o 4-3-3. Matuidi faz o “ponta volante” pela esquerda, mas em boa parte do tempo se alinha a Pogba à frente de Kanté formando um tripé no meio-campo. Na frente, Giroud é o pivô como contraponto físico para empurrar a última linha para trás.  Tudo para dar liberdade à dupla Griezmann-Mbappé e também compensar a baixa intensidade de Pogba sem a bola.

Só que agora a confiança e um compromisso menor com o posicionamento na perda da bola permitem uma maior mobilidade e o jogo flui melhor. Especialmente quando parte de Kylian Mbappé, que faz o que se esperava dele: já que Matuidi é meio-campista e procura pouco o fundo, abrindo mais o corredor para Lucas Hernandez ou Mendy, nada impede que o atacante do PSG saia da direita e circule por aquele setor para buscar a infiltração em diagonal.

Diferente do rigor da Copa do Mundo, agora a França tem mais mobilidade no ataque. Na imagem, Mbappé aparece pela esquerda no espaço deixado por Matuidi e Griezmann naturalmente procura o lado direito para formar com Giroud um trio na frente que conta com a aproximação de Pogba (reprodução Esporte Interativo).

Antoine Griezmann também não precisa ser o atacante atrás do centroavante o tempo todo. Pode também aparecer nos flancos e usar a habilidade do pé canhoto para buscar o drible e ser mais um a desarticular a marcação adversária. Até Giroud está mais solto, arriscando mais. O gol contra a Holanda na Liga das Nações encerrando uma sequência de dez partidas, incluindo toda a Copa do Mundo, ajudou no resgate da confiança.

A nova competição do calendário de seleções na Europa, ainda que, a rigor, mantenha o caráter de amistoso, tem ajudado os franceses a manterem o alto nível pela força do Grupo 1. Até aqui, dois confrontos com a Alemanha e um diante dos holandeses.

Nos 2 a 1 de virada sobre os alemães no Stade de France, o sofrimento contra um time repaginado depois de somar apenas um ponto nas duas primeiras rodadas. Joachim Low corrigiu o erro da Copa do Mundo e agora explora a velocidade e a capacidade de chegar ao fundo de Sané. O ponteiro deu trabalho demais a Pavard e foi junto com Gnabry os melhores alemães em campo.

Mas a França soube conter o volume ofensivo dos alemães, teve maturidade para lidar com a desvantagem no gol de pênalti de Toni Kroos logo aos 13 minutos de jogo. Também poder de superação para compensar uma péssima atuação de Pogba, que vacilou e perdeu a bola no contragolpe que gerou a penalidade para o rival. Griezmann decidiu no segundo tempo com um gol de cabeça e outro de pênalti bastante discutível de Hummels em Matuidi – não há VAR na Liga das Nações.

São sete pontos em três partidas, mas a melhor notícia é que, apesar das vitórias apertadas, o desempenho melhorou. A equipe está mais leve e entrosada. Também mais “cascuda”, dura de ser batida.

Ainda que a Bélgica mantenha o alto nível e a Espanha, agora com Luis Enrique no comando, seja a de maior potencial de crescimento no continente, a França reforça seu status de grande força no universo das seleções. Agora, sim, a melhor do mundo.

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Low corta Sané, o “Douglas Costa alemão”. Tite é menos radical pelo sistema http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/04/low-corta-sane-o-douglas-costa-alemao-tite-e-menos-radical-pelo-sistema/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/04/low-corta-sane-o-douglas-costa-alemao-tite-e-menos-radical-pelo-sistema/#respond Tue, 05 Jun 2018 01:34:05 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4672 Quando o Manchester City contratou Leroy Sané para a temporada 2016/17, Pep Guardiola afirmou que buscava um jogador para fazer na sua nova equipe o que Douglas Costa realizava sob seu comando em sua melhor fase na carreira no Bayern de Munique.

Ou seja, o ponta canhoto dentro do jogo de posição que espera a bola bem aberto para driblar, cortar para o fundo e finalizar ou servir os companheiros. Ou à direita cortando para dentro e finalizando. Normalmente recebendo numa inversão para enfrentar apenas um marcador. Sem se incomodar de pegar pouco na bola, mas ser decisivo. O fator de desequilíbrio. Em 2015/16, o brasileiro marcou seis gols e serviu 12 assistências na Bundesliga e na Champions.

Na temporada seguinte, o encontro entre Guardiola e Sané em Manchester rendeu sete gols e cinco assistências, ainda se adaptando a um novo modelo de jogo. Na campanha do título nacional, a explosão com dez gols e 17 passes para os companheiros irem às redes. Totalmente adaptado e ciente de sua missão em campo.

Por isso a surpresa pela ausência do atacante entre os 23 convocados da atual campeã Alemanha para a Copa do Mundo na Rússia. Nem tanto pelo desempenho na seleção, mas pelo potencial que poderia ser desenvolvido e, principalmente, pelas características diferentes de Draxler, Reus e Brandt. Mesmo iniciando sempre no banco, seria uma possibilidade de mexer com a marcação adversária. Joachim Low preferiu os jogadores mais associativos, de tabelas e infiltrações. Preferiu a afirmação do sistema à alternativa de ruptura.

Exatamente a crítica que Tite recebeu por deixar no Brasil o meia do Grêmio, eleito melhor jogador da América do Sul. Porque é jogador de entrelinhas, centralizado num 4-2-3-1. No 4-1-4-1 da seleção, não rendeu aberto nem por dentro nos treinamentos.

Discordar da lista de convocados é mais que legítimo. É até saudável. Contestar Taison é compreensível por estar jogando na Ucrânia e Luan ainda por aqui. A questão é que o camisa sete gremista seria opção apenas para uma função. Na prática, a mesma que Roberto Firmino executa no Liverpool: busca espaços entre a defesa e o meio-campo do oponente e aciona os companheiros ou aparece para finalizar. Isto no mais alto nível do futebol mundial: Premier League e Liga dos Campeões. A Libertadores fica abaixo neste parâmetro de avaliação. Ou seja, se precisar de um Luan existe Firmino.

A prova de que Tite é menos radical na defesa de seu sistema é justamente Douglas Costa. Quase sempre lesionado quando o treinador precisou, mas sempre no radar. É ponteiro diferente de Willian, Coutinho e Neymar. Mais drible e força em direção ao fundo, ainda que na Juventus não guarde tanta posição no flanco como nos tempos de Guardiola em Munique. É o tal “cara para mudar o jogo”. A preocupação é que está novamente com problemas físicos, mas deve estar pronto para enfim dar sua contribuição a Tite.

Low justificou a ausência afirmando que Sané “não deu tudo que podia nos jogos da seleção”. Na Alemanha nem houve tanta contestação. Porque, de fato, nunca houve uma atuação memorável do ponteiro de 22 anos com a camisa tetracampeã mundial, como tantas fardando o uniforme azul de Manchester. Mas também pela moral do treinador no comando há 12 anos. Que confia em seu sistema e vai com ele até o fim.

Com apenas dois anos, ou meio ciclo de Copa, Tite também carrega suas convicções. Mas deixa uma brecha para novas possibilidades, ainda que quebrem o desenho tático e a proposta de jogo. Quem tem razão? Já sabemos qual será o único critério de avaliação geral, muito mais no Brasil que na Alemanha: o resultado final na Rússia.

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Manchester City dá aula de como impor o favoritismo. Vaga garantida http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/13/manchester-city-da-aula-de-como-impor-o-favoritismo-vaga-garantida/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/13/manchester-city-da-aula-de-como-impor-o-favoritismo-vaga-garantida/#respond Tue, 13 Feb 2018 21:35:27 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4129 No destino das bolinhas para as oitavas de final da Liga dos Campeões o Manchester City foi considerado um dos “sortudos” por fugir de Chelsea, Juventus e Real Madrid e encarar o Basel. Mas depois da eliminação para o Monaco na temporada passada, era obrigação da equipe de Pep Guardiola levar o confronto muito a sério.

Foi o que aconteceu na Basiléia. Em 45 minutos, 73% de posse de bola e 85% de acerto num total de 465 passes contra apenas 150 do adversário. Cinco finalizações, quatro no alvo. Três nas redes.

Gols mostrando todo o repertório do líder e virtual campeão inglês. Começando com Gundogan completando na primeira trave cobrança de escanteio. Depois Sterling chegou ao fundo pela esquerda – problema durante a ausência de Sané e Mendy ao mesmo tempo – e Bernardo Silva, cada vez mais adaptado ao novo clube, não bateu forte. O goleiro tcheco Vaclik aceitou. Depois o arqueiro não pulou no chute de Kun Aguero de fora da área.

Um de cabeça, outro de fora da área. No Barcelona eram mais raros gols construídos desta forma. Uma mostra da evolução do treinador, que não se apega sequer à sua grande obra prima, um dos maiores times da história.  A prova de que os citizens entraram 100% ligados.

Uma aula de como deve se impor um favorito. Sem dar chances ao 5-4-1 montado pelo treinador Raphael Wicky que esperava negar espaços com setores compactos e uma bola nas costas da defesa adiantada do adversário para o único atacante Dimitri Oberlin. Só conseguiu uma vez, mas o atacante não conseguiu finalizar.

Gundogan justificou a opção de Guardiola por colocar David Silva no banco com um golaço na segunda etapa para consolidar a goleada. Atuação tão boa que ofuscou De Bruyne, o meia a dar lugar ao espanhol na segunda etapa que teve como ótima notícia o retorno de Sané muito antes da previsão quando lesionou o tornozelo. E ainda falta Gabriel Jesus…

Para confirmar a qualidade e versatilidade de um elenco curto como gosta o Guardiola, mas cada vez entregando mais futebol. Garantindo com 90 minutos de antecedência a vaga nas quartas de final da Champions. Se na matemática a vantagem é reversível, o melhor futebol praticado na Europa torna a volta no Etihad Stadium uma mera formalidade.

(Estatísticas: UEFA)

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Fim da invencibilidade do City no jogo “maluco” com assinatura de Klopp http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/14/fim-da-invencibilidade-do-city-no-jogo-maluco-com-assinatura-de-klopp/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/14/fim-da-invencibilidade-do-city-no-jogo-maluco-com-assinatura-de-klopp/#respond Sun, 14 Jan 2018 18:24:27 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4000 A melhor definição que este que escreve já leu sobre Jurgen Klopp é de “técnico rock and roll”. Tudo a ver com o estilo apaixonado do alemão. Intensidade, comunhão com a torcida, carisma, alegria. Um “maluco beleza”.

Por isso seus times costumam ser fortes em seus domínios pela atmosfera criada. Não é por acaso que Pep Guardiola quase sempre encontre dificuldades quando sua equipe enfrenta os times de Klopp, desde os duelos entre Bayern de Munique x Borussia Dortmund. Porque a motivação de enfrentar “o melhor treinador do mundo”, nas palavras do próprio comandante dos Reds, cria essa “loucura”. Sem controle.

Foi o que se viu nos 4 a 3 impostos pelo Liverpool no Anfield Road encerrando a invencibilidade do Manchester City em 23 rodadas. Início com intensidade máxima e gol logo aos oito minutos, no chute cruzado de Oxlade-Chamberlain, o meia pela direita no 4-3-3 do time da casa. Em tese, o substituto de Philippe Coutinho. Um dos destaques da partida.

Mas o líder absoluto da Premier League não é um time qualquer e, mesmo incomodado na saída de bola e com Fernandinho errando mais que o habitual, respondeu ocupando mais o campo de ataque e girando a bola. Na falha de Joe Gomez, a inversão de Walker encontrou Sané. Bela jogada do ponteiro alemão e chute forte entre a trave e o goleiro Karius. Uma das duas finalizações no alvo num total de quatro nos primeiros 45 minutos em que os citizens recuperaram o controle da bola e chegaram a 57% de posse.

O Liverpool finalizou oito, mas também um par na direção da meta de Ederson. Eficiência que deu um salto dos 15 aos 23 minutos com belos gols de Roberto Firmino, Mané e Salah. O mais bonito do brasileiro em lindo toque de cobertura. Incrível como é subestimado no Brasil por não ter história em um grande clube daqui. Pelo desempenho já pode questionar até titularidade no centro do ataque.

Pressão, bola roubada e contragolpe mortal. Futebol no volume máximo do time de Klopp. Gols na sequência que sempre baqueiam os times de Guardiola pela perda do domínio.

Mas mesmo com o desgaste físico por rodar menos o elenco nos jogos seguidos na virada do ano, já que conta com elenco curto e desfalcado, o City se entregou à “viagem” do jogo e assumiu o risco do bate-volta típico do Inglês que o time de Guardiola vem administrando melhor na temporada. O treinador catalão tirou Delph por lesão e colocou Danilo e depois trocou Sterling, novamente mal contra seu ex-time, por Bernardo Silva, autor do segundo gol.

Gundogan foi mais volante ao lado de Fernandinho do que meia alinhado a Kevin De Bruyne no meio-campo, alterando o desenho do time de Manchester para 4-2-3-1. Mas estava na área para marcar o terceiro e criar uma tensão em Anfield até a testada com perigo de Aguero, impedido, no lance final.

Foram 16 finalizações do anfitrião contra 11 dos visitantes, que tiveram 64% de posse. Cenário de equilíbrio relativo, definido pela maior eficiência nos momentos de superioridade e menos erros quando dominado.

O que parecia trágico se transformou numa reação digna para não abalar tanto o City. Apesar das 17 partidas sem vencer os Reds fora de casa e as seis derrotas de Guardiola contra Klopp. O triunfo do Liverpool teve a assinatura do alemão num jogo “maluco”.

(Estatísticas: BBC)

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City 5×3 Monaco – O melhor da Premier League na Liga dos Campeões http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/02/21/city-5x3-monaco-o-melhor-da-premier-league-na-liga-dos-campeoes/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/02/21/city-5x3-monaco-o-melhor-da-premier-league-na-liga-dos-campeoes/#respond Tue, 21 Feb 2017 21:46:19 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2315 Intensidade máxima, perde e pressiona, ritmo alucinante, transições ultrarápidas, reviravoltas na disputa e no placar. Jogaço imprevisível. O que se viu no Etihad Stadium foi o melhor que há na liga nacional mais competitiva do mundo dentro do maior torneio de clubes do planeta.

Méritos do Monaco de Leonardo Jardim. Time corajoso, organizado num 4-4-2 e que nunca abdicou do ataque. Nem quando o placar era favorável e a classificação mais próxima. Quando Falcao García compensou o pênalti perdido com golaço de cobertura. O segundo do colombiano na partida.

Monaco também do ótimo português Bernardo Silva, meia organizador canhoto aberto à direita e do incrível Kylian Mbappé, atacante rápido, vertical e técnico. O brasileiro Fabinho, lateral direito atuando no meio, colaborando na organização e também chegando na frente.

Só não resistiu ao volume de jogo do Manchester City, especialmente na segunda etapa. Com Sané imparável, seja buscando o fundo ou infiltrando em diagonal. O meio com Yaya Touré, De Bruyne e Silva com muita técnica e entrega e Aguero lembrando a todos por que é o maior artilheiro da história dos citizens e não o reserva de Gabriel Jesus.

Sim, o primeiro em um frango de Subasic. Mas o que empatou em 3 a 3 e pavimentou o caminho para a virada foi uma finalização espetacular de primeira completando escanteio. Ainda serviu Sané no quinto e último, depois do gol de Stones aproveitando o grande pecado francês na partida: o jogo aéreo defensivo deixou muito a desejar.

Simbólica a atuação do City combinando a posse de 62% com uma verticalidade que Guardiola não reproduziu sequer no Bayern de Munique, de cultura semelhante à inglesa. Repete a pressão no campo de ataque dos tempos de Barcelona, gosta da bola, mas ataca em ritmo alucinante, ainda que perca a posse defensiva e controle do jogo. E não se importa em jogar a bola na área quando necessário.

Deu certo na ida nas oitavas e os dois gols de vantagem são fundamentais. Só não garantem nada porque o Monaco é o ataque mais efetivo da Europa e também sabe ser forte, intenso e sufocante. Devemos ter mais um jogaço na França.

(Estatísticas: UEFA)

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