Sevilla – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Até quando dura o domínio no piloto automático do Barcelona na Espanha? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/19/ate-quando-dura-o-dominio-no-piloto-automatico-do-barcelona-na-espanha/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/19/ate-quando-dura-o-dominio-no-piloto-automatico-do-barcelona-na-espanha/#respond Fri, 19 Jun 2020 22:39:22 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8665 O Barcelona voltou goleando o Mallorca por 4 a 0 e superando o Leganés por 2 a 0. Imposição natural sobre equipes lutando contra o rebaixamento. “Receita” do time catalão no domínio recente na liga espanhola: evitar perder pontos para os de menor investimento para ter tranquilidade na disputa contra os grandes.

Mas bastou um jogo mais duro, fora de casa contra o terceiro colocado Sevilla, para o Barça mostrar que, apesar do resgate de mais elementos de jogo de posição com a chegada de Quique Setién, a essência, com virtudes e defeitos, continua a mesma dos tempos de Ernesto Valverde: um time que tem posse, baixa intensidade e dependência de Ter Stegen atrás e de Messi na frente.

Em jogos maiores, quase invariavelmente armado em um 4-4-1-1 que mantém Suárez na frente, Messi com liberdade de circulação e as demais peças precisando se encaixar no sistema e no modelo. Com Rakitic já em uma reta final de carreira, cabe a Arturo Vidal cumprir a função sacrificante de fechar o lado direito e dar opção de profundidade e força no setor. Porque Semedo é outro elo fraco e Sergi Roberto não entrega tanta consistência como lateral.

Com Griezmann sem condições para 90 minutos, Setién começou com Martin Braithwaite. Um atacante que poderia ser um contraponto de intensidade e infiltração para furar linhas de marcação, mas dentro de uma proposta de circulação de bola sofre muito tecnicamente para dar sequência às jogadas.

Sobra Jordi Alba, a inesgotável opção de profundidade pela esquerda. Arthur não consegue sequência, nem alternar passes de controle com os necessários de ruptura. Na defesa adiantada, Piqué e Lenglet se viram em coberturas, antecipações e evitando erros de passe na saída quando pressionados.

Porque o Sevilla de Julen Lopetegui se arriscou em seus domínios. Adiantando a marcação, alternando os ponteiros Ocampos e Munir pelos flancos e mudando constantemente o desenho no meio-campo, ora com Fernando e Jordán como volantes e Oliver Stones mais solto, ora fixando Fernando e subindo Jordán alinhado a Oliver. Pressão no adversário com a bola e transição rápida. Também valorizando a posse em muitos momentos, como gosta Lopetegui.

No segundo tempo dobrando a aposta em contragolpes ao rearrumar a retaguarda com linha de cinco depois da entrada do sérvio Gudelj na defesa. Também Banega, Vázquez, Suso e En-Nesyn. Finalizou oito vezes, metade no alvo. Mas é difícil vencer Ter Stegen.

Mas não foi tão complicado parar Messi, que muitas vezes não tem um parceiro conectado com seu raciocínio rápido e, nas partidas mais pegadas, também sofre fisicamente. Resta recuar, tentar uma tabela ou encontrar as entrelinhas, cada vez mais raras, para cortar da direita para dentro e finalizar. Até as cobranças de falta estão mapeadas. No caso do Sevilla, com o zagueiro francês Koundé auxiliando o goleiro Vaclik na cobertura de um dos ângulos. O 700º gol na carreira ficou para outra ocasião.

A cultura de vitória de oito conquistas nas últimas onze edições da competição não foi suficiente desta vez para arrancar os três pontos na moral, à forceps. E o empate sem gols era tudo que o Real Madrid esperava. Com a vantagem no confronto direto por conta do empate fora e a vitória em Madrid, o time de Zidane pode igualar em pontos na liderança e de lá não mais sair.

Até porque parece mais regular no desempenho que o grande rival. É claro que a disputa segue muito aberta e enfrentar a Real Sociedad como visitante não será tão simples para a equipe merengue na 30ª rodada, faltando oito para o final da liga.

Mas até quando vai durar esse domínio no piloto automático do Barcelona? O Real de Zidane parece próximo de repetir a queda de hegemonia que impôs em 2016/17.

(Estatísticas: Whoscored.com)

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Messi continua mascarando a mentira que é o Barcelona de Valverde http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/23/messi-continua-mascarando-a-mentira-que-e-o-barcelona-de-valverde/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/23/messi-continua-mascarando-a-mentira-que-e-o-barcelona-de-valverde/#respond Wed, 23 Oct 2019 21:29:23 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7473 Lionel Messi se lesionou na pré-temporada, recuperou, voltou a se contundir e o Barcelona mostrou toda sua dependência ao ficar temporariamente de fora da zona de classificação para a Liga dos Campeões no Espanhol e, com Messi saindo do banco, empatou sem gols com o Borussia Dortmund na estreia do torneio continental. Também foi derrotado pelo Granada por 2 a 0. Voltou desde o início na virada sobre a Internazionale, marcando o gol da vitória, mas voltou a se contundir na vitória sobre o Villareal por 2 a 1.

Retorno na goleada sobre o Sevilla (4 a 0) e, enfim, uma sequência contra Eibar (3 a 0) e os 2 a 1 sobre o Slavia Praga. Vitórias como visitante que restabelecem a verdade, ou a realidade, do Barça na temporada. É líder de La Liga e também do duro Grupo F da Champions. Com gols em todas as partidas do gênio e atual The Best da FIFA. Já tem três gols e o mesmo número de assistências em cinco aparições desde o início.

Impressionante como o camisa dez consegue mascarar a mentira que é a equipe comandada por Ernesto Valverde já há duas temporadas. Mesmo com Frenkie De Jong reoxigenando o meio-campo na função que era de Rakitic: o meia pela direita que dá suporte ao lateral direito atacando e defendendo para dar liberdade a Messi.

Griezmann tenta se readaptar ao lado esquerdo, se sacrificando até no retorno para ajudar Jordi Alba na recomposição. E os veteranos Piqué, Busquets e Suárez oscilam e muitas vezes comprometem a intensidade em alto nível, além de Messi que participa pouco sem a bola.

Mas com ela o argentino segue fazendo a diferença. Ou carregando o time nas costas mesmo. Recua, pensa, articula, arranca, serve ou finaliza. Várias vezes no jogo, ainda que não tenha alcançado a excelência do “padrão Messi”. Por mais que se entenda que uma equipe dependa do talento de um dos melhores da história do esporte, Valverde poderia fazer mais e melhor.

O Barcelona sofre mais do que poderia com o potencial de seu elenco, inclusive em Praga contra o time mais fraco do grupo – em mais um lamentável caso de racismo contra Semedo e ameaças ao colega Marcelo Bechler no estádio. Menção honrosa a Ter Stegen, outro que vem compensando os muitos problemas coletivos com defesas espetaculares. E o conservadorismo de Valverde fez o jovem Ansu Fati perder o espaço que ganhou com desempenho no campo. Difíci entender.

Só não é nada complicado constatar o óbvio: só Messi para fazer de uma equipe instável e descoordenada a força competitiva no país e no continente capaz de brigar pelos títulos. Mas até quando o melhor do mundo resiste?

 

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Por que Daniel Alves no São Paulo precisa ser um “oito” com a camisa dez http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/02/por-que-daniel-alves-no-sao-paulo-precisa-ser-um-oito-com-a-camisa-dez/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/02/por-que-daniel-alves-no-sao-paulo-precisa-ser-um-oito-com-a-camisa-dez/#respond Fri, 02 Aug 2019 10:41:37 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6983

Imagem: Divulgação

Daniel Alves é a maior contratação do futebol brasileiro em 2019 pelo que representa. A carreira vencedora na Europa não só pelo protagonismo em um Barcelona histórico, mas também por boas passagens por Juventus e PSG, sem contar o início bem sucedido no Sevilla. Ainda tinha mercado no exterior, mas aceitou voltar ao Brasil.

Retorna para o desafio de voltar a fazer o time de coração vencedor. Assim como encarou a missão na Juventus e PSG de conquistar a Liga dos Campeões. Falhou, mas a mentalidade vencedora pode contribuir muito no nosso futebol, mesmo aos 36 anos. E voltar a uma equipe disputando apenas o Brasileiro pode ser positivo por não estar no olho do furacão, com dois jogos por semana e já envolvido em disputas eliminatórias com enorme pressão e urgência na readaptação ao nosso jogo.

Parece claro, porém, que o melhor aproveitamento em campo no Brasil é no meio-campo. Pela inteligência, leitura de jogo e de espaços e técnica apurada nos passes. Recebe a camisa dez, mas pode ser um “oito” diferente à disposição de Cuca. Como foi no PSG em alguns momentos da temporada, até pela carência no elenco desequilibrado do abastado clube francês.

É óbvio que também pode contribuir na lateral, como fez recentemente na seleção brasileira durante a Copa América e foi o melhor jogador do torneio. É um dos melhores e maiores da história na posição. Ainda que tenha formação de ala e eventualmente falhe em suas atribuições defensivas, Daniel Alves pode compor uma linha de quatro com bom posicionamento e qualificando a saída de bola. Até pela carência do São Paulo na posição desde a partida de Éder Militão para o Porto.

Mas seria um enorme desperdício. Daniel Alves no Brasil é jogador para arrumar time, mudar de patamar. Também resgatar uma tradição do clube com grandes armadores: Gerson, Pedro Rocha, Pita, Toninho Cerezo… Precisa ocupar uma zona do campo em que participe mais e toque na bola com frequência. Ditando o ritmo, inclusive. Na intensidade proposta por Cuca é uma solução até para os momentos em que uma pausa é necessária. Ou seja, pode cumprir a função que Hernanes não vem conseguindo.

Dani Alves pode contribuir também com a evolução do jovem Igor Vinicius na lateral direita. Com orientações, passando experiência e confiança em campo, procurando o setor para dar apoio e opção de passes mais simples para, na sequência, aproveitar a explosão que o veterano já não tem mais para explorar o corredor.

Se Cuca for ousado pode testar a nova contratação em uma função de “regista”: à frente da defesa como o armador da equipe mais recuado. Com passes curtos, longos e inversões de lado. Também mais espaço em uma zona menos pressionada. Questão de acertar a colaboração de Tche Tche e dos companheiros sem a bola.

O certo é que o espírito e o otimismo de Dani podem ajudar muito o clube que vem pecando nas últimas temporadas pela postura um tanto morna, às vezes até conformada com o status atual de coadjuvante no futebol paulista e brasileiro. Agora será obrigado a pensar grande com o jogador mais vencedor da história: 40 títulos, em clubes e na seleção. Dezoito desde o último são-paulino, a Copa Sul-Americana de 2012.

Um currículo invejável de novo em nossos campos. Ótima notícia. Agora é conferir se haverá a química que o São Paulo precisa para voltar a vencer. Com Daniel Alves, de preferência no meio-campo, as chances aumentam consideravelmente.

 

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Sampaoli e Diniz estão em prateleiras distantes, mas são nossos “respiros” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/03/sampaoli-e-diniz-estao-em-prateleiras-distantes-mas-sao-nossos-respiros/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/03/sampaoli-e-diniz-estao-em-prateleiras-distantes-mas-sao-nossos-respiros/#respond Fri, 03 May 2019 09:26:56 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6444

Imagem: Reprodução CBF

Se o Santos hoje conta com o trabalho de Jorge Sampaoli deve muito à AFA, que conseguiu seduzir o então treinador do Sevilla pelo típico orgulho latino de “servir à pátria”, e aos clubes brasileiros mais abastados que, por conta do fracasso da Argentina na Copa do Mundo de 2018, descartaram a grande oportunidade de ter um profissional de altíssimo nível em um momento de retomada da carreira.

Porque Sampaoli é técnico de segunda prateleira no futebol mundial. Abaixo de Guardiola, Mourinho (ainda), Klopp e outros poucos, mas dentro do grupo dos que interferem diretamente na evolução do esporte e são capazes de montar equipes competitivas em clubes dentro de qualquer liga. Como mostrou na Espanha, rapidamente colocando  sua equipe abaixo de Barcelona e Real Madrid, mas já duelando em pontos com as demais, inclusive o Atlético de Madrid de Diego Simeone.

A resposta rápida que conseguiu em desempenho com o Santos não é acaso. Mesmo com tropeço na Sul-Americana e as goleadas sofridas no Paulista fica nítido que ele consegue extrair muito dos seus comandados em termos coletivos e fazê-los evoluir individualmente. Quem no início do ano imaginaria que Jean Mota se tornaria o craque e o artilheiro do Paulistão? Ou que, mesmo ficando fora da final, o time santista formaria com o campeão Corinthians a base da seleção do estadual?

No Brasileiro já é uma das equipes com 100% de aproveitamento. Vencendo por 2 a 1 o Grêmio de Renato Gaúcho, com titulares, em Porto Alegre e o Fluminense de Fernando Diniz na Vila Belmiro. Protagonizando duas das melhores partidas da temporada até aqui. Adaptando-se ao que os jogos pediam e, assim como contra o Red Bull Brasil no Paulista, sabendo se impor mesmo sem controlar a posse de bola.

Mas nunca abdicando do ataque. Intensidade na pressão sobre a saída de bola do Flu e aceleração nas transições ofensivas. Atacando os espaços com Rodrygo e Soteldo abertos, Eduardo Sasha por dentro, Sanchez, Jean Mota, Jorge e Diego Pituca chegando. Sete trabalhando ofensivamente com suporte dos zagueiros Lucas Veríssimo, Felipe Aguilar e Gustavo Henrique. Três para marcar Luciano e Yony González.

Para mudar na segunda etapa com a entrada de Victor Ferraz no lugar de Aguilar e retomar a linha de quatro. Matando o jogo com os gols de Sasha e Sánchez. Finalizando 21 vezes, 13 no alvo. Sofrendo no final o de Pedro, a boa nova do Fluminense que fez o que pôde na Vila. Terminou com 51% de posse, chegou a ter mais de 60%. Ocupou o campo adversário, abriu o jogo com Gilberto e Everaldo, se lançou à frente em busca da reação. Mas fecha a segunda rodada sem pontuar.

A distância na tabela do Brasileiro é menor do que entre as prateleiras de Sampaoli e Diniz. Um já carrega prestígio internacional e currículo robusto, incluindo título da Copa América pelo Chile. O outro ainda tenta moldar um estilo, no campo e no vestiário. Sofre com nossa sanha resultadista e imediatista, arrisca muito e, por enquanto, erra na mesma proporção em disputas no nível mais alto.

Deixou a semente no Athletico bem aproveitada por Tiago Nunes, que fez o time evoluir. No Flu esbarra em problemas estruturais do clube. Também na horrenda arbitragem de Dewson Freitas que interferiu diretamente no revés contra o Goiás no Maracanã. Mas conseguiu duelar com o milionário Flamengo no Carioca. Eliminado na semifinal sem derrota. Ainda assim, o cenário para o Flu na temporada desperta alguma preocupação.

Por que então Diniz é valorizado? Justamente por tentar fazer diferente. Talvez ainda falte encontrar a melhor tradução do que pensa em métodos de treinamento e o tom mais sereno no trato com os atletas. Mas se preocupa com o lado humano, com a valorização da técnica, do prazer de estar em campo. Tem algo a acrescentar. Por isso estava com Tite e Sampaoli recentemente em evento badalado organizado pela CBF. Havia o que dizer, mesmo sem ter vencido como seus companheiros de debate.

Alguns dirão que nos contentamos com pouco. Sim, quem gosta da essência do esporte no país do jogo pragmático se lambuza mesmo com migalhas. Ou com o banquete de Sampaoli. São nossos “respiros”, assim como Renato Gaúcho, Tiago Nunes, agora a tentativa do Botafogo com Eduardo Barroca e outras poucas iniciativas. Para suportar mais da mesma mediocridade no futebol brasileiro.

Já está mais do que provado na prática que apenas o resultado não basta. A gente não quer só comida.

(Estatísticas: Footstats)

 

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Por que Ganso pode ser o “elo perdido” no Fluminense de Fernando Diniz http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/15/por-que-ganso-pode-ser-o-elo-perdido-no-fluminense-de-fernando-diniz/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/15/por-que-ganso-pode-ser-o-elo-perdido-no-fluminense-de-fernando-diniz/#respond Tue, 15 Jan 2019 03:01:01 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5764

Foto: Getty Images

Este blog não costuma abordar sondagens ou negociações ainda não concretizadas, mas vai aproveitar o gancho do interesse do Fluminense em Paulo Henrique Ganso – e vice-versa, segundo o diretor de futebol Paulo Angioni, com o alto salário do jogador como grande obstáculo – para analisar as possibilidades do time agora comandado por Fernando Diniz.

Segundo informações de bastidores, Diniz está mais calmo e paciente na gestão de pessoas. Ótima notícia para os tricolores, porque foi o que prejudicou e minou seus trabalhos a médio prazo. Mas segue com princípios de jogo inegociáveis, como imposição pela posse de bola e linhas avançadas.

O treinador parte do saudável estímulo ao aspecto lúdico do jogo e ao gosto pela bola que existe em cada atleta desde menino. Mas no Athletico esbarrou em um conflito de difícil solução: o descasamento de sua proposta de jogo com as características dos jogadores. Zagueiros lentos para jogar com a defesa adiantada e meias e atacantes mais adaptados a um jogo de transições ofensivas em velocidade e pouco afeitos ao trabalho coletivo para criar espaços no campo ofensivo.

Com uma ideia de jogo mais flexivel, o auxiliar Tiago Nunes conseguiu uma campanha de recuperação no Brasileiro e o título da Copa Sul-Americana que levou o clube à fase de grupos da Libertadores 2019. A insistência da direção com Diniz e dele com seu modelo de jogo poderiam ter custado caro ao time paranaense – talvez um catastrófico rebaixamento, já que o técnico entregou o time em penúltimo lugar e apenas 25% de aproveitamento na competição.

Considerando suas declarações na pré-temporada e os conceitos trabalhados nos treinamentos, as convicções de Diniz seguem intactas. Mas o Flu tende a enfrentar os mesmos problemas de adaptação dos jogadores aos ideais do novo comandante.

A zaga com Digão e Ibañez talvez tenha menos problemas que Thiago Heleno e Paulo André, já que se garante mais nas coberturas rápidas e terá Aírton na proteção e os laterais Ezequiel ou Gilberto e Marlon, se bem orientados, atentos à composição da linha de quatro atrás. Mas com a bola, a formação aventada até aqui deve encontrar dificuldades para a troca paciente de passes e mobilidade para abrir as brechas para as infiltrações.

Bruno Silva se destacou no Botafogo de Jair Ventura atacando os espaços e chegando na área para finalizar em contragolpes. Está longe de ser um meio-campista que se destaca pelo passe. Na frente, Mateus Gonçalves, ex-Sport, também é jogador de dinâmica diferente, de definir rapidamente a jogada. Assim como os atacantes Luciano, Everaldo e Yoni González, este contratado ao Junior Barranquilla. Aceleração pura!

Há opções no elenco de passadores trabalhando entre as intermediárias: Daniel, cria da base de Xerém, tem perfil organizador, assim como Caio Henrique, que se destacou no Paraná e pode ser cedido por empréstimo pelo Atlético de Madrid. Mas não são meias para assumir a armação e, principalmente, ditar o ritmo. Acelerar e cadenciar. Recuar para construir trocando com Bruno Silva, mas também aparecer na frente com o toque diferente.

É aí que entra PH Ganso. Mesmo entregando pouco na tão sonhada e, até aqui, mal sucedida experiência na Europa. Em 18 jogos oficiais pelo Sevilla marcou quatro gols; no Amiens, 12 partidas e apenas dois passes decisivos. Muito pouco. Há sérias dúvidas sobre sua capacidade de jogar em alta intensidade. Pelo estilo e por conta de problemas físicos ao longo da carreira. Por isso o interesse de clubes com maior poder de investimento não passou de sondagem.

No Fluminense, porém, é possível render. Porque é um time para Ganso vestir a dez e chamar de seu. E sem aspirações de grandes títulos, ao menos em tese. Ele seria a grande estrela da equipe carioca e um interlocutor técnico de Fernando Diniz em campo. Para municiar um ataque que pode ter o retorno de Pedro em março.

Quem sabe não é o estímulo que falta ao jogador de 29 anos? O mesmo que não correspondeu às expectativas, mesmo as mais realistas, que não colocavam o camisa dez do Santos campeão paulista e da Copa do Brasil 2010 como mais promissor que Neymar.

O ideal seria que Fernando Diniz fosse mais pragmático e cedesse ao futebol por demanda. Mas seu espírito é de Cilinho, Telê Santana, Marcelo Bielsa e Quique Setién. Que ao menos seja “louco” apenas nas ideias e não no trato com os jogadores.

Se receber Ganso e der respaldo e responsabilidade, o meia talentoso pode ser a peça que falta na montagem do novo Fluminense. Uma espécie de “elo perdido”. Será?

Uma formação possível do Fluminense de Fernando Diniz com a hipotética presença de Paulo Henrique Ganso: linhas adiantadas, zagueiros na cobertura dos laterais, Aírton fechando por dentro, Ganso recuando para qualificar a construção das jogadas e Bruno Silva infiltrando e se juntando ao trio ofensivo de mais rapidez e intensidade que lucidez na criação de espaços. Algo a ser pensado pelo treinador até o retorno de Pedro (Tactical Pad).

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Sampaoli chega ao Santos no pior momento para trabalhar no Brasil http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/17/sampaoli-chega-ao-santos-no-pior-momento-para-trabalhar-no-brasil/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/17/sampaoli-chega-ao-santos-no-pior-momento-para-trabalhar-no-brasil/#respond Mon, 17 Dec 2018 17:22:04 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5671

Foto: Robert Ghement/EFE

Numa entrevista em 2009, Andrés D’Alessandro se deixou levar pela irritação ao ser alvo de críticas da imprensa gaúcha por atuações irregularidades pelo Internacional e soltou uma daquelas verdades inconvenientes. Óbvia, mas que muitos preferem varrer para debaixo do tapete: “se atuasse bem sempre estaria na Europa, não no Brasil”.

O argentino Jorge Sampaoli viveu seu auge comandando a seleção chilena. Uma sucessão lógica de Marcelo Bielsa, seu grande mestre, depois de ótimo trabalho na Universidad de Chile. Campeão da Copa América em 2015, citado como um dos melhores treinadores do mundo…foi parar no Sevilla.

Na principal liga do planeta, disputando muitas vezes em igualdade com os gigantes Barcelona e Real Madrid, parecia ter mudado definitivamente de patamar. Mas uma oscilação na Espanha e o convite para tentar tornar competitiva a seleção argentina para a Copa do Mundo na Rússia fizeram Sampaoli dar nova guinada na carreira.

A escolha se mostrou equivocada, já que seus trabalhos precisam de tempo para implementação e consolidação. A fidelidade aos conceitos e princípios exige processos que não podem ser tocados à forceps ou no improviso. Em nenhum momento dos 12 meses na AFA a albiceleste teve algo próximo do seu estilo. Desempenho ruim em amistosos, campanha pífia no Mundial com vaga no apagar das luzes da fase de grupos e eliminação nas oitavas para a França.

Agora o Santos, sucedendo Cuca. Primeira experiência no futebol brasileiro depois de anos de sondagens de grandes clubes. Justo no momento em que a onda mudou e treinadores estrangeiros e com status de “modernos” perderam a aura de solução.

Exatamente porque por aqui não há paciência sequer para o profissional aprender o idioma a ponto de garantir uma comunicação que torne o contato mais próximo. Sampaoli gosta de atuar com a defesa adiantada, posse de bola agressiva, rodízio no elenco e mudança no desenho tático de acordo com o adversário. Tudo que Rogerio Ceni, fã confesso do argentino, tentou no São Paulo, clube do qual é considerado o maior ídolo, e não conseguiu.

Vivemos a era de um jogo mais funcional, de fácil assimilação e simples execução. Ninguém quer o protagonismo para não cair na armadilha de ter a bola, perdê-la e ser derrotado pelo espaço que não teve atacando e cedeu para as transições ofensivas rápidas do oponente. Os clubes querem os “malandros”, não os “teóricos”.

Ainda que um típico profissional vindo da universidade como Tiago Nunes tenha dado um choque de realidade no Athletico “lúdico” de Fernando Diniz, um ex-jogador. O confronto é de ideias e ideais, não de origem. O foco é no resultado puro e quem chega com discurso sobre modelo de jogo ou qualquer coisa que simbolize algo mais elaborado já é tratado com preconceito. “Não é para nós”, dizem.

Sampaoli chega com pouco tempo para trabalhar na pré-temporada e as cobranças típicas do nosso imediatismo. Junte a isso uma certa “resistência” com estrangeiros de parte da torcida e da imprensa – sem contar o olhar enviesado dos colegas brasileiros, sempre com um pezinho na reserva de mercado – e temos um cenário bastante complexo para ele. Mesmo que a festa no aeroporto sinalize otimismo e tolerância.

O treinador argentino deve ter ciência do terreno em que está pisando. A questão é se vale a aposta no futebol brasileiro neste momento de reconstrução da carreira. Ainda que, como D’Alessandro, ele saiba que não há espaço no momento para se aventurar de novo em um grande centro, o Santos é um enorme desafio. Com chances igualmente grandes de dar muito errado.

 

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Marcelo: rei do “freestyle”, mas ponto fraco da defesa do Real e da seleção http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/28/marcelo-rei-do-freestyle-mas-ponto-fraco-da-defesa-do-real-e-da-selecao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/28/marcelo-rei-do-freestyle-mas-ponto-fraco-da-defesa-do-real-e-da-selecao/#respond Fri, 28 Sep 2018 12:12:43 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5277

Foto: Getty Images

Marcelo é um dos maiores e melhores laterais da história do futebol mundial. Não, isto não é um elogio introdutório para depois descarregar nas críticas sugeridas no título deste post. Apenas um reconhecimento até óbvio.

Quatro títulos de Liga dos Campeões entre outras muitas conquistas pelo Real Madrid e várias premiações individuais. Jogador que costuma crescer em partidas decisivas, forte personalidade. Figura marcante que ajuda a intimidar os rivais.

Acima de tudo, técnica e habilidade impressionantes. Controle de bola absurdo. Faz o que quer. Imagens de treinos da seleção e do clube rodam o mundo com seus domínios geniais. O mais incrível quando “esconde” a bola embaixo do pé seja lá de que forma a bola seja lançada. Impressionante!

Sem dúvida, o rei do “freestyle” no futebol profissional de mais alto nível. Talvez superior até a Messi, outro fenômeno que faz o que quer com a pelota.

Mas aos 30 anos o tempo começa a pesar, assim como alguns problemas na formação do jogador. Não do Fluminense, nem de Marcelo, mas do futebol brasileiro no período em que ele passou pelas divisões de base, no início dos anos 2000. Lateral aprendia a ser ala. Se fosse técnico, habilidoso e rápido ficava aberto e só se preocupava em atacar. Um volante ou terceiro zagueiro que se virasse para cobrir.

Marcelo evoluiu defensivamente nesses quase 12 anos na Europa, mas a formação capenga neste aspecto e mais uma certa autossuficiência pela carreira que construiu e moral que tem diante de companheiros e adversários, além da nítida e natural queda de desempenho, justamente no momento em que o jogo exige vigor para atuar em intensidade máxima, estão cobrando um preço bem alto.

Ainda mais numa temporada com  “ressacas” importantes: a partida do grande amigo Cristiano Ronaldo para a Juventus, além da saída de Zidane; o tricampeonato da Champions, quatro em cinco temporadas, que transfere aquela impressão de que o auge passou, a história já foi escrita…e agora? Falta a Copa do Mundo pela seleção brasileira, mas perdeu a chance na Rússia e o Mundial do Qatar é uma grande incógnita. Será que consegue chegar lá ainda capaz de ser competitivo?

A julgar pela atuação catastrófica na derrota do time merengue fora de casa por 3 a 0 para o Sevilla na quarta feira será bem complicado. Marcelo foi o ponto fraco da defesa com falhas seguidas de posicionamento, confronto direto, cobertura. O “mapa da mina” bem explorado pelo adversário, com Jesus Navas e quem mais apareceu pelo setor.

Méritos do time da Andaluzia, que soube aproveitar com intensidade e velocidade os muitos espaços cedidos pelo lateral e até seus raros erros técnicos, como o passe que tentou para Casemiro em uma zona pressionada e a bola roubada terminou num contragolpe de manual completado por André Silva. No segundo do atacante português foi constrangedor vê-lo tentando acompanhar a velocidade do adversário, desistir e permitir a conclusão no rebote. Ainda assistiu a Ben Yedder infiltrasse às suas costas para marcar o terceiro. Correu tanto querendo compensar as falhas que acabou lesionando a panturrilha na segunda etapa.

Sim, foi apenas a primeira derrota do Real Madrid no Espanhol. A preparação para o jogo também ficou comprometida pela cerimônia do Prêmio “The Best” da FIFA dois dias antes com a presença de vários madridistas. Mas um forte sinal de alerta. Porque Julen Lopetegui é da típica escola espanhola, mais ligada ao Barcelona. Gosta de linhas adiantadas, posse de bola, jogo de posição. O antecessor, Zinedine Zidane, combinava o estilo francês com o italiano, já que foi auxiliar e é discípulo confesso de Carlo Ancelotti.

Por isso a primeira providência ao suceder Rafa Benítez foi promover Casemiro a titular absoluto. A dinâmica pela esquerda era Marcelo com liberdade, Sergio Ramos fazendo a cobertura e o volante brasileiro fechando o centro da área. Agora o time fica mais adiantado e essa recomposição está mais lenta, até porque Sergio Ramos, aos 32 anos, também sente o impacto da passagem do tempo. É muito campo para cobrir!

Na seleção de Tite, os cuidados defensivos também protegem o setor esquerdo, praticamente com o mesmo trabalho. O zagueiro pela esquerda faz a cobertura e o mesmo Casemiro repete o posicionamento do clube. Mas quando faltou o volante titular nas quartas de final da Copa contra a Bélgica e o substituto, Fernandinho, entrou em pane mental depois do gol contra que abriu o placar, o lado esquerdo virou “atalho”. Contragolpe, passe de Lukaku para De Bruyne pela direita com Marcelo mal posicionado na transição defensiva e o chute forte que Alisson não segurou.

É óbvio que o desastre no Ramón Sánchez Pizjuán pode ser um ponto fora da curva e o Real se recuperar na temporada. Com novas compensações para proteger o setor esquerdo. Questão de ajuste. O principal segue lá: talento e experiência. Mas o futebol em rotação cada vez mais alta será um complicador.

Talvez fosse o caso de pensar numa mudança natural para o meio-campo, ainda que a concorrência com Modric e Kroos seja cruel. Repetir os passos de Júnior, craque do Flamengo e da seleção nos anos 1980 que saiu da lateral para se transformar no “Maestro” que conduziu Torino e Pescara na Itália para voltar ao rubro-negro em 1989 e comandar a equipe em outras grandes conquistas. Semelhanças na qualidade absurda com a bola, mas também nos problemas sem a bola.

Crítica que não é novidade, nem invenção deste blogueiro. Marcelo “El Loco” Bielsa, quando participou de um evento na CBF com Tite e Fabio Capello no ano passado, afirmou na presença do treinador da seleção brasileira: “Filipe Luis defende três vezes mais que Marcelo, muito mais. E você escala o Marcelo…” A Copa mostrou que ele não estava errado.

Marcelo merece todo respeito e este texto não tem viés pejorativo, nem oportunista. A ideia não é sugerir que ele nunca foi tudo isso, muito menos usar uma atuação ruim para afirmar que ele está acabado. Apenas um contraponto aos muitos elogios que recebe pela habilidade e técnica raríssimas. Só que no futebol atual não são o suficiente para um defensor de uma equipe de ponta. Muito menos jogando numa retaguarda tão adiantada.

O Sevilla soube explorar e saiu com uma vitória inquestionável, construída ainda no primeiro tempo. Fica a lição.

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Temporada do Barcelona começa com mais do mesmo, mas precisa ser diferente http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/13/temporada-do-barcelona-comeca-com-mais-do-mesmo-mas-precisa-ser-diferente/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/13/temporada-do-barcelona-comeca-com-mais-do-mesmo-mas-precisa-ser-diferente/#respond Mon, 13 Aug 2018 10:17:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5066 Supercopa da Espanha, baterias começando a aquecer, os muitos jogadores que disputaram a Copa do Mundo voltando aos poucos. O jogo único no Marrocos entre Barcelona e Sevilla manteve o clima de pré-temporada dos amistosos, algo que não costumava existir quando jogado no próprio país.

Ernesto Valverde escalou Arthur de início e deixou Phillipe Coutinho no banco. Um 4-3-3 variando para o 4-4-2 sem a bola com Rafinha abrindo à direita e dando liberdade a Messi. Dembelé foi para o setor esquerdo, formando dupla com Jordi Alba. Do lado oposto, Nelson Semedo fazia todo o corredor.

O gol logo aos oito minutos condicionou o primeiro tempo. Até porque o Sevilla, agora comandado por Pablo Machín, tinha como proposta deixar o adversário com a bola, negar espaços num 5-4-1 compacto e acelerar nos contragolpes. Com os ponteiros Pablo Sarabia e Franco Vázquez, na variação para o 4-3-3, se aproximando de Muriel, o atacante único que serviu Sarabia numa transição ofensiva rápida que terminou com conclusão precisa e a ajuda do VAR para validar o gol legal inicialmente anulado.

Depois o Barcelona ficou com a bola, tentando as inversões em busca dos laterais que chegam ao fundo. Suárez ainda nitidamente fora de ritmo, não conseguia dar sequências às jogadas como de costume e desperdiçou boa chance em chute cruzado. Dembele buscava os dribles para infiltrar em diagonal, mas batia no muro da última linha de defesa do Sevilla até bem coordenada para a primeira partida oficial da temporada.

Messi caminhava ou trotava em campo, buscando espaços entre a defesa e o meio-campo do oponente, por vezes recuando para ajudar na articulação. Só acelerava com a bola colada no pé esquerdo. Ou fazia a tradicional inversão para Alba. Impressiona a qualidade quando interfere no jogo e o respeito que impõe ao adversário, ao menos dentro da Espanha.

Cada vez mais preciso na bola parada. Cobrança de falta do camisa dez na trave esquerda, a bola bateu no goleiro Vaclik e Piqué empatou no rebote. O Barça manteve o domínio, sofrendo com um ou outro contra-ataque. Especialmente pelo setor esquerdo, com o zagueiro francês Lenglet, ex-Sevilla, mais uma contratação para a temporada, sem conseguir fazer a cobertura de Alba com a rapidez e a eficiência de Umtiti.

Arthur sofreu a falta do gol de empate, mas não foi tão bem. Ainda precisa se adaptar à velocidade da circulação da bola no ritmo de competição no mais alto nível. Questão de tempo e entendimento. Deu lugar a Philippe Coutinho e Rafinha saiu para a entrada de Rakitic. Com o 4-4-2 mais próximo da temporada passada e Dembelé indo para o lado direito, saiu o golaço do ponteiro francês em chute forte e preciso.

Gol de título, porque nos acréscimos Ter Stegen fez pênalti em Aleix Vidal, mas Ben Yedder bateu fraco e o goleiro alemão segurou. Mesmo sem uma clara superioridade sobre o adversário, o Barcelona alcançou mais uma conquista. A décima terceira do maior vencedor da história.

Mais do mesmo. Fruto de uma cultura de vitória dentro do país nos últimos anos. Ou desde Guardiola. Contando a partir da temporada 2008/09, são sete conquistas em dez edições do Espanhol. Mais seis taças da Copa do Rei e o mesmo número de Supercopas. Aproveitamento espetacular, mesmo considerando o foco habitual do Real Madrid na Liga dos Campeões e a trajetória bem sucedida deste nos últimos cinco anos.

Mas exatamente por essa sequência de triunfos é que o patamar subiu e a exigência para voltar a ser protagonista na Champions aumentou. Até porque depois do último título em 2015 o time vem caindo antes das semifinais. Nos confrontos contra Atlético de Madri, Juventus e Roma, a impressão de que faltou competitividade. Talvez um pouco mais de intensidade de Messi. Ou um elenco que aumentasse o leque de opções e fosse possível alterar as características da equipe, caso necessário.

Por isso a busca por Arthur, Malcom, Vidal para se somar à base titular que é reconhecidamente forte. Agora com Coutinho desde o início da temporada. Porque precisa ser diferente. Ou voltar ao que já foi. Sem perder o protagonismo na Espanha, mas voltando a dar as cartas no continente. Ir além do “piloto automático” na liga e na Copa. Ou mesmo repetir o grande rival e festejar a conquista mais importante, mesmo que as “domésticas” não venham.

No apito final, a comemoração tímida e protocolar. Mais uma. Parece pouco. O Barcelona tem que sair do marasmo. Inusitado pelas muitas conquistas recentes, mas sem deixar de parecer estagnado.

 

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Goleada na última final de Iniesta também sinaliza Barcelona do futuro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/21/goleada-na-ultima-final-de-iniesta-tambem-sinaliza-barcelona-do-futuro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/21/goleada-na-ultima-final-de-iniesta-tambem-sinaliza-barcelona-do-futuro/#respond Sat, 21 Apr 2018 21:23:37 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4476 O Barcelona vencer a Copa do Rei não é nenhuma novidade, nem título a celebrar tanto assim, considerando o nível que o clube alcançou na década. Nas últimas dez edições foram seis conquistas, quatro consecutivas em um total de trinta. O maior vencedor do torneio.

Ainda na ressaca da surpreendente e até vexatória eliminação na Liga dos Campeões para a Roma, considerando as prateleiras bem separadas entre os clubes no cenário europeu, a conquista vale mais pelo simbolismo de ser a última decisão de Iniesta com a camisa blaugrana antes da mais que provável partida em direção ao futebol chinês.

Mas se os 5 a 0 sobre o Sevilla no Wanda Metropolitano, em Madri, reverenciam o passado com um dos últimos atos de seu camisa oito histórico, chegando a 31 títulos pelo clube, também sinalizam o futuro.

O primeiro gol foi simbólico. Com o adversário adiantando a marcação desde a área do Barça, o goleiro Cillessen, titular no torneio enquanto Ter Stegen joga nas outras competições, não fez a bola circular desde a defesa dentro da proposta tradicional do jogo de posição. Sem trocas de passes até o time se instalar no campo do oponente.

Lançamento direto para Philippe Coutinho, novamente pela direita, explorando os espaços às costas da defesa avançada do rival para arrancar e servir Luis Suárez. Jogada simples, objetiva e inteligente. Para que aumentar a margem de erro perto da sua própria meta se é possível chegar ao gol na mesma ação?

O resto foi consequência, com o Sevilla deixando um verdadeiro latifúndio às costas de Banega e N’Zonzi que Messi, Coutinho e Iniesta aproveitaram, cada um com um gol. Do argentino completando linda assistência de calcanhar de Jordi Alba, do brasileiro cobrando pênalti que sofreu e Messi cedeu generosamente. O mais belo do meia veterano, tabelando com Messi. Lembrando o “velho” Barça lá da Era Guardiola. Mas que precisa se adaptar aos novos tempos.

Para isso conta com Suárez, o centroavante que  dá profundidade aos ataques. Chama lançamentos e está sempre pronto para receber as “pifadas” de Messi. Intenso até a medula. Dois gols que encaminharam a goleada.

Agora a missão é confirmar o “doblete”, fazer um bom superclássico contra o Real Madrid e tentar o título espanhol invicto. Para o treinador Ernesto Valverde é a chance de deixar a impressão de uma primeira temporada positiva no clube, apesar das críticas justas ao comportamento coletivo ao longo da temporada, especialmente na noite trágica na capital italiana.

Sem Iniesta e com Coutinho, em sua primeira conquista no novo clube, resta montar um Barcelona mais parecido com o rival Real Madrid que vem sobrando na Europa: adaptável, mutante. Capaz de se impor dentro de uma disputa que privilegie a técnica ou mais física ou de velocidade. Com Messi cada vez mais passador e “ritmista” na reta final da carreira, necessitando de jogadores rápidos e fortes ao redor como contraponto.

Vale a comemoração de mais um título numa era vencedora. Especialmente pela imagem de Iniesta erguendo a taça. Mas é preciso refletir, porque a régua criada pela própria excelência não aceita apenas a supremacia no país. Para voltar a vencer a Champions a velha escola não é mais suficiente. Deve ir com o eterno camisa oito.

O primeiro gol na final da Copa do Rei é um bom indício do que o futuro reserva ao Barça.

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Quartas de final da Champions só não têm favorito no duelo inglês http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/16/quartas-de-final-da-champions-so-nao-tem-favorito-no-duelo-ingles/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/16/quartas-de-final-da-champions-so-nao-tem-favorito-no-duelo-ingles/#respond Fri, 16 Mar 2018 11:49:07 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4301 Barcelona x Roma  – Confronto com favoritismo claro. O Barcelona invicto no Espanhol e na Liga dos Campeões, com Messi voando, pega o adversário em tese mais frágil. Mas que merece respeito por ter fechado a fase de grupos na liderança de um grupo com Chelsea e Atlético de Madri e eliminando este último. O jogo na capital italiana terá que ser bem controlado pelo time catalão se quiser voltar à semifinal depois dos fracassos nas duas últimas disputas nesta etapa contra Atlético e Juventus. Mas são equipes em prateleiras diferentes no futebol mundial.

Palpite: Barcelona

Sevilla x Bayern de Munique – Desde o título em 2013, com Jupp Heynckes, o Bayern de Munique foi eliminado nas últimas quatro temporadas por espanhois. Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madri. Agora o adversário é o Sevilla, cinco vezes campeão da Liga Europa, mas longe de ter o mesmo peso na Champions. Merece respeito por ter eliminado o Manchester United e, pela disparidade na Bundesliga, é sempre complicado avaliar o poderio do time bávaro. Mas é impossível não tratar o gigante alemão como favorito.

Palpite: Bayern de Munique

Juventus x Real Madrid – Reedição da final da temporada passada. Com os dois times crescendo em desempenho e resultados. O atual bicampeão europeu carrega uma vantagem inegável: a força mental. Confiança pelas conquistas recentes e também a chance de priorizar o torneio continental, já que a Juventus tomou há pouco do Napoli a liderança da Série A do Calcio. Favoritismo merengue, mas é bom lembrar: no último confronto em dois jogos deu Juventus, na semifinal de 2014/15.  Justamente a única eliminação do Real nas últimas quatro edições.

Palpite: Real Madrid

Liverpool x Manchester City – A campanha fantástica do time de Pep Guardiola na Premier League só não é invicta em 30 jogos por causa de uma derrota: os 4 a 3 impostos pelo Liverpool no Anfield Road, talvez no melhor jogo da temporada 2017/18 na Europa. Adicione a isso a camisa cinco vezes campeã da Liga dos Campeões de volta ao mata-mata e Jurgen Klopp, treinador que quase sempre proporciona duelos equilibrados com os times de Guardiola, e temos o único confronto das quartas sem favorito. Apesar dos 21 pontos de vantagem na liga nacional que refletem o abismo de desempenho e da maior experiência dos jogadores do time azul de Manchester na Champions.

Palpite: Manchester City

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