tacaguanabara – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 “Time de assassino!” Um grito, muitos significados http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/30/time-de-assassino-um-grito-muitos-significados/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/30/time-de-assassino-um-grito-muitos-significados/#respond Thu, 30 Jan 2020 11:39:36 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7889 Não é uma novidade. No Rio de Janeiro, torcedores já cantaram morte de jogador, queda de torcedor da arquibancada do Maracanã e desejaram o pior para um treinador passando mal à beira do campo. Sem contar a homofobia e outros preconceitos que ecoam nas arquibancadas.

O grito “time de assassino!” também não é novo. Começou com botafoguenses no Engenhão, seguiu com vascaínos no Maracanã em novembro do ano passado. Agora, torcedores do Fluminense chamaram a atenção por cantarem mais alto e, aparentemente, com mais gente na vitória por 1 a 0 sobre o time sub-23 do Flamengo pela Taça Guanabara.

A alusão é óbvia. A tragédia no Centro de Treinamentos do Flamengo que vitimou dez meninos e desgraçou a vida das famílias. Um grito apenas, mas que carrega alguns significados.

Significa que quando um Presidente da República repudia o “politicamente correto” no discurso de posse está colocando no imaginário popular que está liberado ser desumano, escroto. Um verme moral.

Quantos desses torcedores se importam com as vítimas em Brumadinho, no acidente de avião com o time da Chapecoense, na Boate Kiss e em outros casos semelhantes? Aliás, no dia da tragédia, alguns chegaram a postar em redes sociais absurdos como “só dez?”, “menos ‘mulambos’ no mundo, melhor assim” e outras atrocidades. Talvez sejam os mesmos que agora enfiam uma desgraça em provocação clubística.

Mas o “time de assassino” carrega também preconceito. Algo que vem sendo mascarado em uma conexão passado-presente que pula muitas décadas. Quase um século. Hoje tentam colar no Flamengo um rótulo de time elitista. Unem a ponta da origem do clube, fundado por abastados da zona sul do Rio, passam pelos obstáculos criados ao Vasco, com racismo inclusive, para se inserir entre os grandes da cidade lá na primeira metade do século XX e conectam com o momento atual.  No qual o Fla sobra financeiramente e na gestão em relação aos rivais e tem tomado medidas, de fato, impopulares e que se preocupam pouco com os rubro-negros mais humildes.

Só esquecem que durante muito tempo, e ainda hoje, a maior torcida do país ganhou o estigma de ser formada por pobres, pretos, sem dentes na boca, favelados (“silêncio na favela!”), analfabetos (“Framengo”). E bandidos. Por isso também que  “assassino!” sai fácil da boca de muitos.

O grito também é de desespero. E não por acaso começou em novembro, nove meses depois do ocorrido. Foi quando muitos rivais perceberam, com título brasileiro encaminhado e às vésperas de decidir uma Libertadores, que a hora tão temida havia chegado: o momento em que a reestruturação financeira e de gestão do Flamengo renderia um time forte e vencedor.

O abismo de investimento e, consequentemente, de pretensões está mais claro. Mesmo com a imprevisibilidade do futebol é difícil hoje imaginar Vasco, Fluminense e Botafogo duelando no mesmo patamar em nível nacional e internacional. Um tem dívidas equacionadas, os demais beiram a insolvência. A tendência é que mais gente nas futuras gerações torça para o Flamengo e a distância fique inalcançável.

O que gritar de tão longe? O que ostentar diante de um rival com mais torcida e títulos em todos os âmbitos? Para os canalhas, só resta apelar. Da forma mais baixa possível.

Mas o grito também significa que é hora do Flamengo resolver o problema e comunicá-lo com mais transparência à sociedade. Punir os responsáveis e fechar o acordo com todas as famílias. Não vai trazer os meninos de volta, mas tira o peso. Vira a página institucional, ainda que homenagens sejam obrigatórias a cada dia 8 de fevereiro.

Não é uma negociação como outra qualquer. Não dá para ter “gelo no sangue” e buscar a melhor solução pensando apenas nos números. Esperar a Justiça e sua lentidão no Brasil é torturar todos os envolvidos. E dar munição aos ratos de esgoto, na arquibancada e nas redes sociais.

Por tudo que foi exposto, é bem provável que o grito persista mesmo com o caso resolvido. Mas ao menos haverá uma resposta definitiva, sem as dúvidas de hoje. E também não terá mais o incômodo quem vem a cada anúncio de contratação. Por mais que se entenda a complexidade do caso, não dá para ouvir que o Flamengo fechou com a Internazionale por Gabriel Barbosa pagando 17 milhões de euros e deixar de pensar nos meninos e familiares.

Sem contar os oportunistas de plantão. Já foram criadas as figuras do setorista, do comentarista e do colunista sobre a tragédia no Ninho. Só tratam disso, correndo atrás do clique e do like de rivais e também da indignação dos rubro-negros. O tal “engajamento”.

Já passou da hora de resolver. Uma questão de consciência. Para colocar o grito “time de assassino” no lugar que merece: o lixo da história.

 

 

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Vasco campeão é o único com motivos para sorrir em decisão insólita http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/17/vasco-campeao-e-o-unico-com-motivos-para-sorrir-em-decisao-insolita/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/17/vasco-campeao-e-o-unico-com-motivos-para-sorrir-em-decisao-insolita/#respond Sun, 17 Feb 2019 22:08:23 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5947 Primeiro foram portões fechados e violência do lado de fora do Maracanã. Disputas políticas internas e econômicas (uso do estádio) à parte, as imagens de Vasco e Fluminense, do futebol carioca e do Rio de Janeiro que vão rodar o mundo geram um prejuízo difícil de calcular. Tolice e falta de bom senso.

Depois portões abertos, após a polícia bater em criança e jogar gás de pimenta na cara de idoso. Aos 31 minutos de jogo. Não serve para atenuar nada. Ver as imagens das pessoas voltando e entrando sorridentes no estádio apenas confirma que o futebol carioca não merece o seu torcedor.

Mas houve jogo na final da Taça Guanabara. Dominado pelo Fluminense de Fernando Diniz. Outra vez com média de 60% de posse ao longo da partida e terminando com 72%. Novamente com saída de três – Matheus Ferraz e Digão abertos, Aírton recuando para auxiliar por dentro. Mais uma vez aproximando Luciano de Yoni González e deixando o corredor direito para Bruno Silva apoiado por Ezequiel. De novo trocando Daniel, sem precisão e intensidade, por Dodi no segundo tempo.

Outro ponto em comum do Fla-Flu, porém, foram as oportunidades criadas e desperdiçadas pelo tricolor. De Yoni, Luciano e Everaldo. Total de nove finalizações, apenas duas no alvo. Fizeram falta…

O Vasco perdeu agilidade para tirar a bola da pressão e atacar o espaço na velocidade com Bruno César na vaga de Thiago Galhardo no 4-2-3-1 habitual. Mas desta vez deixava apenas Maxi López na frente permitindo a saída de bola limpa do adversário, mas garantindo superioridade numérica na marcação no próprio campo. Não conseguiu, mas se safou pela ineficiência do rival nas conclusões.

O jogo mudou na segunda etapa depois da saída de Bruno Silva e entrada de Caio Henrique. O Flu perdeu saída pela direita e ficou mais previsível na frente. O Vasco foi ficando mais confortável, sua torcida mais numerosa sentiu a chance de vitória e empurrou o time para frente. Pressionando a saída de bola e ocupando mais o campo de ataque. Valentim teve a sensibilidade e trocou Raul por Ribamar, recuando Pikachu e mandando um recado claro: seria agressivo a partir daquele momento.

Na bola parada pela direita, a cobrança de Danilo Barcelos que passou por todos e venceu Rodolfo. Foi a segunda finalização no alvo dos cruzmaltinos, mas certeira. Justamente o que faltou ao Fluminense, que joga o melhor futebol do Rio de Janeiro, mas perdeu as duas para o Vasco, que fatura a 13ª Taça Guanabara e tem vantagem na semifinal do Carioca. Muito pela solidez defensiva, com apenas dois gols sofridos em sete partidas.

O final não poderia deixar de ter confusão, com a expulsão de Luciano e amarelo para Andrey depois do uso do VAR. O Flu tentou um abafa no desespero, sem troca de passes, mas não havia mais tempo. A chance de vencer tinha passado.

Em meio ao caos com tantos culpados, o torcedor vascaíno ao menos encontra um motivo para sorrir no final de um domingo insólito.

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O maior prejuízo de um fim de semana sem futebol no Rio de Janeiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/10/o-maior-prejuizo-de-um-fim-de-semana-sem-futebol-no-rio-de-janeiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/10/o-maior-prejuizo-de-um-fim-de-semana-sem-futebol-no-rio-de-janeiro/#respond Sun, 10 Feb 2019 03:22:43 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5880 Não havia mesmo clima para que as semifinais da Taça Guanabara fossem disputadas neste fim de semana. Vidas de jovens esportistas foram ceifadas. Por negligência ou fatalidade importa mais para o jornalismo, aos responsáveis pela investigação do caso e, principalmente, para quem quer justiça e punição aos responsáveis pela morte de seus entes queridos.

O prejuízo financeiro para Flamengo, Fluminense, Vasco, Resende e Federação não deve ser relevante com o adiamento das partidas. O grande déficit, porém, é do Rio de Janeiro. Muito mais grave e com consequências a longo prazo.

A começar pelos dez jovens que se foram no incêndio no CT do Flamengo levando sonhos e deixando lágrimas. Um futuro sem preço perdido. Cada história é motivo para sentar no chão e chorar. Ou abraçar forte cada pai, mãe, irmão, responsável. Nenhuma indenização é capaz de ressarcir a perda de um sorriso juvenil, saturado de planos.

Vidas que deviam ser prioridade máxima. Como a dos milhares de crianças e jovens vítimas da violência. Do tráfico, da milícia, da própria polícia. De uma cultura que já encapsulou e naturalizou o crime e a barbárie.

Mas as tragédias também alimentam uma imagem da cidade associada a algo que não tem nome, mas este blogueiro – nascido, criado e apaixonado que só deixou a capital carioca por seis longos meses, louco para voltar – costuma chamar de “culto ao mal feito”.

Os últimos governadores estão presos. A cada verão qualquer tempestade pára a cidade. Desliza, soterra, destroi. Mata. Obras inacabadas, propinas para todos os lados. Um jeitinho de fingir que fez. Prevenção? Planejamento? Organização? Que nada! O carioca é “malandro”, resolve tudo no carisma e na simpatia. Fala “vamos marcar” e não aparece. De repente se encontra na praia e finge que nunca combinou nada com um sorriso no rosto.

Mas carioca também fecha a cara. Inclusive o flamenguista que associa a falta de títulos importantes desde que se organizou financeiramente aos jogadores “mimados” por salários em dia e estrutura para trabalhar. Não é raro ouvir nas ruas que o profissional de futebol só se esforça se souber que vai receber os atrasados apenas se vencer, com o prêmio do título. Só a desordem e o amadorismo geram o esforço.

“O Maraca é nosso!” mesmo com jogos no estádio dando prejuízo ou receitas limpas irrisórias. O Estadual é o mais “charmoso”, já que não há cara de pau para dizer que é melhor que o Paulista. O carioca é o rei dos eufemismos.

Não basta sofrer com tantas tragédias, ano após ano. Segue pensando errado, agindo errado, votando errado. Os mais velhos com saudades da época da capital federal, os jovens torcedores acusando a “mídia” de bairrista. Muitas vezes com razão pelos excessos de quem devia fazer cobertura nacional. Mas como dar a atenção de outros tempos a clubes que não vêm honrando sua história? Nas finanças ou nas taças que escapam pelos dedos.

Que o domingo sem “praia e sol, Maracanã e futebol” sirva de reflexão. Não dá mais para ser no jeitinho, no puxadinho. Nas coxas. A Natureza já foi generosa demais, o Cristo não vai nos redimir sempre. Do nosso prejuízo real, diário. Passou da hora de entregar um pouco mais de suor, não só pelo calor. Para que a gente não se desidrate de tanto chorar.

 

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Diniz se reinventa no Flu com jogo aéreo e velocidade além da posse de bola http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/30/diniz-se-reinventa-no-flu-com-jogo-aereo-e-velocidade-alem-da-posse-de-bola/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/30/diniz-se-reinventa-no-flu-com-jogo-aereo-e-velocidade-alem-da-posse-de-bola/#respond Thu, 31 Jan 2019 01:52:33 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5828 As vitórias tranquilas sobre Americano (4 a 0), Portuguesa (3 a 1) e Madureira (4 a 0) contam menos para o Fluminense do que a constatação de que Fernando Diniz parece ter compreendido que a posse de bola pode ser fundamental para o protagonismo que ele quer em suas equipes. Desde a saída da defesa, com participação também do goleiro Rodolfo.

Mais importante, porém, é adaptar a proposta às características de seus jogadores. Estimulando o prazer em jogar e cobrando a precisão técnica, mas trabalhando a versatilidade e o jogo por demanda. O Flu de Diniz é forte na bola parada e entende o momento de acelerar e fazer um jogo mais direto. Pressiona logo após a perda da bola e na retomada, se o mais interessante for definir rapidamente a jogada é o que o time vai fazer.

Chama atenção também as triangulações pelos flancos na execução do 4-3-3. À direita, Luciano ataca por dentro e abre o corredor para Ezequiel. Pode também jogar no espaço livre para a infiltração de Bruno Silva ou o deslocamento do centro para a ponta de Yoni González, em tese o centroavante. Mas não é absurdo dizer que Luciano é quem funciona como “pivô”, mesmo sem jogar centralizado.

Do lado oposto, Daniel é mais organizador, já tem três assistências no campeonato, e aciona Mascarenhas e Everaldo em velocidade. Na jogada aérea, o zagueiro Matheus Ferraz é o mais eficiente até aqui. Já foi às redes duas vezes em bolas paradas. Ezequiel também marcou de cabeça, numa inversão de jogada de Daniel contra a Portuguesa.

Yoni se movimenta bastante, mas é o artilheiro da equipe com quatro gols e quem mais finaliza no Carioca em três partidas. O colombiano sabe atacar e também abrir espaços, mas se destaca mesmo em velozes transições ofensivas. Ele e Everaldo, que marcou dois gols. Assim como Luciano. O trio marcou oito dos 12 da equipe da Taça Guanabara. Dois terços do total no melhor ataque do estadual.

Objetivamente significa pouco até aqui. O primeiro teste contra time da Série A brasileira será no sábado contra o Vasco. Valendo a primeira colocação do Grupo B e enfrentar nas semifinais muito provavelmente uma equipe de menor investimento, fugindo do Flamengo. O favorito absoluto ao título carioca pelo elenco milionário. Pelo menos na teoria.

Porque até aqui ninguém jogou mais bola que o Fluminense. Nem o Vasco, único com 100% de aproveitamento em quatro rodadas. Porque Fernando Diniz vai se reinventando no Rio de Janeiro. Ainda idealista, porém com o toque de pragmatismo que vinha faltando. Assim parece mais promissor.

(Estatísticas: Footstats)

 

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Taça Guanabara não pode ser ilusão mais uma vez para o Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/18/taca-guanabara-nao-pode-ser-ilusao-mais-uma-vez-para-o-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/18/taca-guanabara-nao-pode-ser-ilusao-mais-uma-vez-para-o-flamengo/#respond Sun, 18 Feb 2018 22:43:16 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4147 Foram 33 cruzamentos em 90 minutos, mais os acréscimos. No vigésimo sétimo, o centro de Diego para Rever tocar e Kadu fazer contra. O gol para descomplicar um jogo em que o Boavista negou espaços com duas linhas de quatro  – Fellype Gabriel e Erick Flores voltando pelos lados com Pará e Renê.

O problema do Flamengo novamente foi a falta de jogadas mais criativas. Infiltrações em diagonal, tabelas por dentro. Difícil surpreender o adversário. Muito por causa de Diego. Parece perseguição, mas não é o caso. Inegável a importância do camisa dez pela liderança positiva, pela entrega absoluta, a concentração para auxiliar sem a bola na execução do 4-1-4-1. Em especial, a técnica nos cruzamentos e chutes, com bola rolando ou parada.

Mas repare que sempre que Diego recebe a bola e alguém se projeta para a jogada que vai furar as linhas de marcação o meia hesita. Domina, gira, dá mais um toque. Tempo suficiente para a marcação adversária se armar e só restar duas jogadas: abrir para um companheiro levantar a bola na área ou ele mesmo cruzar.

Para um time que planeja se instalar no campo de ataque e trabalhar a bola – terminou com 61,5% de posse – essa lentidão na circulação da bola na zona de decisão ou último terço atrapalha a criação de espaços. Não é o caso de barrar o camisa dez, mas tentar orientá-lo a soltar a bola mais rapidamente. Pode ajudá-lo, inclusive, na dura concorrência por uma vaga entre os 23 de Tite para a Copa do Mundo.

Em Cariacica, a tarde infeliz de Henrique Dourado até em jogadas simples complicou ainda mais. Mas pela disparidade entre as equipes , o time de Paulo César Carpegiani finalizou 20 vezes, cinco no alvo contra nenhuma do Boavista na direção da meta de César em um total de nove.

Com Rodinei e Vinícius Júnior, o time rubro-negro buscou mais o fundo na segunda etapa, ganhou velocidade pela direita e habilidade no um contra um do lado oposto. Com o cansaço do adversário a reta final foi de domínio absoluto e o segundo gol que definiu a conquista do primeiro turno do Carioca no lançamento de Everton Ribeiro que Vinícius Júnior raspou para tirar do goleiro Rafael.

21º título da Taça Guanabara e vaga garantida no quadrangular final do estadual. Mas não pode mais uma vez iludir pensando nas ambições do clube para a temporada, a começar pela disputa dura já na fase de grupos da Libertadores. Para a proposta de jogo de Carpegiani, nitidamente insatisfeito à beira do campo, há muito a evoluir. Na lógica do futebol brasileiro, os resultados ao menos ajudam a aumentar a confiança. Mas não bastam.

(Estatísticas: Footstats)

 

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Flamengo está mais móvel, mas com Diego e Dourado ainda vive de cruzamentos http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/10/flamengo-esta-mais-movel-mas-com-diego-e-dourado-ainda-vive-de-cruzamentos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/10/flamengo-esta-mais-movel-mas-com-diego-e-dourado-ainda-vive-de-cruzamentos/#respond Sat, 10 Feb 2018 20:57:33 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4120 Foram praticamente 70 minutos de domínio absoluto do Flamengo na vitória por 3 a 1 sobre o Botafogo em Volta Redonda pela semifinal da Taça Guanabara. Aproveitando as limitações e a queda brusca de confiança do Botafogo depois de ser eliminado pela Aparecidense na Copa do Brasil.

Com titulares e a estreia de Henrique Dourado, o time de Paulo César Carpegiani repetiu a mobilidade do 4-1-4-1 da vitória por 1 a 0 sobre o Nova Iguaçu. Everton Ribeiro e Diego alternando à direita e por dentro, o mesmo com Lucas Paquetá e Everton do lado oposto. Cuéllar mais plantado e Dourado na referência.

A movimentação chama atenção porque não há inversões no posicionamento apenas quando a bola sai e os jogadores fazem a troca, mas também com o time em progressão. Em vários momentos envolveu com relativa facilidade o sistema defensivo do rival com bola no chão, tabelas, triangulações e ultrapassagens.

Apesar de mais móvel, fica nítido que o Fla ainda vive de cruzamentos, com bola parada ou rolando. Em especial de Diego, o jogador que mais levantou bolas na área no clássico: 13 dos 31. Recorde do Fla na temporada. Foram 21 contra Volta Redonda e Cabofriense e 22 contra o Bangu com a garotada. 23 diante do Vasco, 24 contra o Nova Iguaçu já com Diego. Mas sem uma típica referência com boa estatura na frente.

Porque o meia ainda é lento para fazer a bola circular. Domina, gira, dá mais um toque. Com isso o adversário tem tempo para se reorganizar defensivamente. Sem opções e segurança para um passe mais vertical, acaba jogando na área. Como é o responsável pelas bolas paradas, natural que seja o que mais cruza.

Com o “Ceifador”, só no primeiro tempo foram 18. Natural que se busque o centroavante eficiente no jogo aéreo, mas para um time que em 2017 basicamente viveu das jogadas aéreas e Carpegiani busca mudar esse perfil, o número não deixou de ser alto.

Valeu pelos gols, um em cada tempo. No primeiro, centro de Diego e Everton cabeceou livre em mais uma falha grotesca da defesa do Bota que vacilou pelo alto nos dois gols da Aparecidense. No segundo, novo cruzamento do camisa dez para Paquetá servir Dourado.

Destaque novamente para o jovem meia que terminou a temporada passada como o grande destaque do time. Dinâmica para ir e voltar, consciência, lucidez e intensidade tanto para articular por dentro ou buscar o fundo como ponteiro. Um recital até cansar e sair para dar lugar a Vinícius Júnior.

Mas paradoxalmente o gol do Botafogo, primeiro sofrido pelo Fla no ano, começou em um erro de passe de Paquetá. Contragolpe, Réver sentiu o desgaste em sua primeira partida na temporada e não acompanhou Kieza. Com o centroavante, Ezequiel e Renatinho, o alvinegro ensaiou uma reação na chuva e aproveitando o cansaço dos titulares rubro-negros no segundo jogo neste Carioca.

Vinícius Júnior resolveu no último contragolpe do jogo em bela finalização. Para deixar claro o abismo entre os rivais neste momento. Também tornar o Flamengo ainda mais favorito para a final contra o Boavista.

O mais importante, porém, foi sinalizar que o time rubro-negro busca um novo modelo de jogo com Carpegiani. Mais móvel, envolvente. Falta ser mais criativo e insistir menos nos cruzamentos. Algo a ser trabalhado até a Libertadores.

(Estatísticas: Footstats)

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A aula de futebol coletivo do Fluminense que só se concretizou nos pênaltis http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/03/05/a-aula-de-futebol-coletivo-do-fluminense-que-so-se-concretizou-nos-penaltis/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/03/05/a-aula-de-futebol-coletivo-do-fluminense-que-so-se-concretizou-nos-penaltis/#respond Sun, 05 Mar 2017 22:37:16 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2357 A leitura do clássico do Engenhão que, em futebol e emoção, redime o futebol carioca depois de tantas crises e agruras e não merecia torcida única ou portões fechados parece bem clara: com o suspenso Douglas e o lesionado Gustavo Scarpa em campo, dificilmente o Flamengo teria levado a decisão da Taça Guanabara para os pênaltis.

Você viu primeiro AQUI que o Fluminense de Abel Braga já sinalizava um futebol envolvente, ainda que os adversários no Carioca e na Copa do Brasil se mostrassem muito frágeis. As ações ofensivas do 4-1-4-1 tricolor aconteciam naturalmente com mobilidade, triangulações, o jogo entre linhas chamava atenção.

No Fla-Flu, os desfalques apresentaram uma vantagem na prática: com Wellington Silva invertendo o lado para a entrada de Richarlison e sendo transferido para o setor direito, o time ganhou uma dupla de velocidade e intensidade para cima de Trauco sem o auxílio constante de Everton.

Mas Wellington começou a desequilibrar no primeiro contragolpe que deixou claro que seria muito complicado para a retaguarda do Fla conter a rapidez das transições ofensivas do rival. Especialmente na recomposição das bolas paradas a favor. Arrancada, Pará escorregou e o ponteiro saiu na cara de Muralha.

A resposta do Flamengo acontecia nos cruzamentos. A equipe de Zé Ricardo foi a antítese do Flu. Lenta, engessada, sem profundidade e criação. Diego novamente foi importante pela experiência, liderança, personalidade. Mas é difícil criar espaços com um meia que não tenta um passe vertical furando linhas de marcação.

Restavam os cruzamentos. Assim saiu a virada, com Arão e Everton. A defesa do Flu ainda não havia sido vazada no Estadual, mas em outras partidas, principalmente na semifinal contra o Madureira, mostrara muitos problemas com o jogo aéreo.

Mas curiosamente foi num cruzamento despretensioso que o Flu achou um pênalti no toque de Guerrero, quando a atmosfera no Engenhão era favorável ao rival. Henrique converteu e inverteu as forças. Em nova recomposição lenta e desorganizada, a defesa rubro-negra viu Lucas aparecer à frente de Muralha. Passe vertical de Wellington que Diego e Mancuello não encaixaram, sequer tentaram ao longo da partida. Virada.

O segundo tempo foi de controle tricolor, fechado num 4-1-4-1 com entrega e concentração sem a bola e saídas rápidas pelos flancos, no ritmo da dupla equatoriana Sornoza e Orejuela, atuando mais adiantado com a entrada de Pierre na vaga de Douglas.

As trocas de Zé Ricardo demonstravam mais desespero que um plano de jogo. Berrío e Gabriel nas pontas, depois Vizeu na área do Flu com Paolo Guerrero e Everton deslocado para a lateral esquerda. Rondou a área, mas com um paradoxo: jogadores velozes, mas pouco (ou nada) criativos, para abrir a defesa. E Diego mais recuado na articulação. Com espaços, apareceu em chutes de longe e alguns bons passes. Mas nenhum que quebrasse o bloqueio.

Abel tentou minimizar a pressão e acelerar os contragolpes reoxigenando o meio e o ataque com Calazans, Marquinho e Marcos Junior. O desgaste da viagem a Sinop, da volta de ônibus e da necessidade de buscar a virada por 3 a 1 na Copa do Brasil era nítido.

A bola parada salvou o Fla. O goleiro Julio César, seus companheiros, o Engenhão e quem estava assistindo na TV esperava a cobrança de Rafael Vaz. Guerrero surpreendeu com um toque magistral, digno dos melhores no ofício.

Empate que não refletiu o que foi o jogo. Ainda que o Fla tenha controlado a posse (53%) finalizado 16 vezes contra 12 – sete a seis no alvo. O Fluminense teve fluência, jogadas mais agudas, trabalho coletivo. Chances mais cristalinas. Ideias.

Uma aula de futebol moderno que só se concretizou nos pênaltis. Quatro cobranças precisas do lado tricolor. Do rubro-negro, algo atípico: este blogueiro não se recorda de uma equipe escalando os dois zagueiros para bater penalidades na primeira série. Coincidência ou não, Rever atrasou para Julio César e Rafael Vaz bateu para fora.

Fluminense campeão do primeiro turno. A má notícia é que desta vez se vencer o returno, mesmo assim haverá fase final. Obra do regulamento esdrúxulo. O Flamengo agora deve focar na Libertadores. E há muito a melhorar para a estreia contra o San Lorenzo na reabertura do Maracanã na quarta-feira.

(Estatísticas: Footstats)

 

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A insanidade que é um Fla-Flu com torcida única para o carioca http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/03/03/a-insanidade-que-e-um-fla-flu-com-torcida-unica-para-o-carioca/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/03/03/a-insanidade-que-e-um-fla-flu-com-torcida-unica-para-o-carioca/#respond Fri, 03 Mar 2017 13:37:33 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2342 Este que escreve mora na cidade do Rio de Janeiro desde que nasceu, com um breve hiato de seis meses em outro município do estado. Conhece o subúrbio, as zonas sul e oeste e alguma coisa da baixada fluminense.

Fã de futebol acima de qualquer clube, já foi a jogos no Maracanã, nas Laranjeiras, na Gávea, em São Januário…até em Marechal Hermes, quando o Botafogo jogou por lá. Conhece a cultura, a contracultura e a anarquia carioca. Já andou, por coincidência, em ônibus e trens com torcidas organizadas de todos os clubes grandes. Conhece pessoalmente ou “de vista” alguns membros.

Por isso tudo pode afirmar com segurança: Fla-Flu decidindo a Taça Guanabara com torcida única em Engenho de Dentro é uma insanidade! A cidade inteira está em risco, principalmente num cenário de crise geral, inclusive na segurança pública. Mesmo com o interesse cada vez menor do carioca pelo futebol e pelo cada vez mais esquálido Campeonato Estadual.

Ainda pior sem o Maracanã, símbolo maior e casa dos grandes duelos. Sempre com o estádio disponível para as torcidas. Com lados das arquibancadas definidos, inclusive. É da cultura carioca.

Infelizmente, a tendência é que os bandidos – e não há outro termo a ser usado – de sempre vão usar a proibição, ou a exclusividade, ou o acesso à torcida rival circulando pelas ruas como pretexto para os confrontos em vários pontos da cidade. Avenida Brasil, Vila Isabel, Baixada, estações de trem, entorno do Estádio Nilton Santos…Inclusive com emboscadas e encontros marcados pela internet.

Esta medida só faz sentido para a PM, que se isenta da responsabilidade no local do jogo e para a emissora de TV que detém os direitos da partida e quer imagens do estádio cheio mas sem chances de tumulto. Uma paz fictícia.

Também para a direção do Botafogo, que administra o estádio e transformou o rival Flamengo em inimigo para fazer média com os fãs mais radicais e “vingar” a perda na Justiça do volante Willian Arão. Lamenta o torcedor do clube assassinado, mas alimenta o clima hostil e perde oportunidades de arrecadação numa gestão que se propõe a ser profissional – e de fato é em outros aspectos.

Mais um elemento para o contexto que pode ser explosivo e atingir o cidadão que nada tem a ver com a final do primeiro turno do Carioca. À dupla Fla-Flu cabe definir em conjunto o que fazer, mas, acima de tudo, organizar uma campanha de paz na cidade e não só no estádio. Mostrar que estão juntos e a rivalidade ficará apenas no campo. Quebrar a corrente de ódio e incompetência.

Porque o Rio de Janeiro está a perigo. E este que escreve só espera estar errado.

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Flamengo na final da Taça GB com controle de jogo, mas podia ter goleado http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/02/25/flamengo-na-final-da-taca-gb-com-controle-de-jogo-mas-podia-ter-goleado/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/02/25/flamengo-na-final-da-taca-gb-com-controle-de-jogo-mas-podia-ter-goleado/#respond Sat, 25 Feb 2017 22:36:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2332 Os menos de dez mil pagantes nas semifinais da Taça Guanabara em Volta Redonda e Xerém, com toda a relativização da ausência do Maracanã e inviabilidade do Engenhão, é o símbolo da falência do campeonato carioca e da crise em que se enfiou a sede das Olimpíadas há menos de seis meses.

No Raulino de Oliveira, o início teve o roteiro de praticamente todos os grandes clássicos brasileiros nos últimos tempos: jogadores mais preocupados em mostrar truculência, pressionar arbitragem para mostrar ao torcedor e ao adversário que está “pilhado”. Só esquecem de jogar futebol.

O Flamengo, com trabalho consolidado e vantagem do empate, entrou primeiro na disputa tática e técnica. Com calma, trocou passes desde a defesa para sair da marcação adiantada do Vasco de Cristóvão Borges que só tinha uma jogada: Kelvin para cima de Trauco, cortando para dentro e batendo de canhota.

Ainda na primeira etapa, Zé Ricardo voltou ao 4-2-3-1 com pontas velocistas depois da saída de Mancuello, com desconforto muscular, e a entrada de Gabriel. A equipe ainda se sente mais confortável desta forma e cresceu no jogo até o pênalti sobre Everton. Falha da dupla de zaga cruzmaltina: Rodrigo deu condições errando a tática de impedimento, Luan chegou depois do atacante rubro-negro e o toque desequilibrou. Cobrança corajosa e precisa de Diego.

O segundo tempo teve Cristóvão demorando a mexer e fazendo errado. Douglas Luiz era um dos melhores do Vasco em campo e saiu para a entrada de Guilherme, recuando Wagner. O meio-campo fez água e passou a sobrar espaços para o adversário, também pela nítida queda física do time.

Com Berrío na vaga de Everton e depois Filipe Vizeu no lugar de Guerrero, o Flamengo empilhou chances aproveitando os espaços generosos. A mais bela jogada com Diego, Guerrero e conclusão de Willian Arão por cima. Foram nove finalizações, pelo menos três oportunidades claras, mais o chute na trave de Diego. Não conseguiu ampliar, porém.

Em um cenário de nove jogos sem vencer o arquirrival, o risco de sofrer o empate e recolocar o adversário no jogo foi desnecessário. Cristóvão ainda tentou com Muriqui e Escudero. Mas Nenê se arrastava em campo e Rever e Rafael Vaz cortaram todas as tentativas. O Vasco precisa de tempo para igualar todos fisicamente e adquirir um mínimo de entrosamento – e ainda falta entrar Luis Fabiano e Bruno Paulista.

O Fla de Zé Ricardo quebra a sequência de insucessos no clássico e se apresenta como uma equipe consciente e fria. Mas podia ter goleado. Em confrontos mais parelhos, como na final do primeiro turno contra o Fluminense, a falta de contundência pode pesar.

Ainda assim, o trabalho sério no futebol é um ponto de contraste com o combalido futebol carioca. Por isso leva o favoritismo para o Fla-Flu.

(Estatísticas: Footstats)

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