universidadcatolica – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 São Paulo 5×1 U. Católica (1993) – A obra-prima da carreira de Telê Santana http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/24/sao-paulo-5x1-u-catolica-1993-a-obra-prima-da-carreira-de-tele-santana/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/24/sao-paulo-5x1-u-catolica-1993-a-obra-prima-da-carreira-de-tele-santana/#respond Fri, 24 Apr 2020 11:20:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8355

É natural que Telê Santana seja lembrado pelos torcedores em geral por sua passagem pela seleção brasileira, marcante em duas Copas do Mundo, mesmo sem título. Mas o treinador contribuiu para o futebol nacional até quando não venceu, armando grandes equipes.

Não só no Atlético Mineiro no único título brasileiro, em 1971, ou no Grêmio que encerrou em 1977 a hegemonia de oito títulos estaduais do rival Internacional, então dominante no cenário nacional. Telê foi o mentor do Palmeiras que enfiou 4 a 1 no Flamengo de Zico no Maracanã em 1979, do Galo de melhor campanha na fase de grupos da Copa União de 1987 e do Fla que perdeu o título estadual para o Botafogo em 1989, porém brindou a torcida com futebol ofensivo, utilizando Zico como um armador mais recuado.

No Fluminense, time de coração, estreou como técnico sendo campeão carioca em 1969 e armando a base que seria campeã brasileira em 1970, com Paulo Amaral. Sempre apostando em futebol limpo, sem antijogo e voltado para o ataque.

Embora tenha demonstrado a partir de 1986 que aprendera com alguns equívocos da Copa do Mundo na Espanha, tornando suas equipes mais competitivas e com maiores cuidados defensivos, foi no processo de amadurecimento no São Paulo que, com mais de 60 anos e vinte como treinador, Telê chegou ao auge da carreira.

Dois paulistas, um brasileiro, duas Libertadores e dois Mundiais de Clubes. Mais uma Supercopa, duas Recopas Sul-Americanas e ainda a última final de Libertadores em 1994, perdida na decisão por pênaltis para o Vélez Sarsfield de Carlos Bianchi. Em cinco anos até a isquemia cerebral em janeiro de 1996 que o impossibilitou de trabalhar, a trajetória mais vitoriosa no Brasil depois do Santos de Pelé.

O triunfo mais emblemática talvez tenha sido a do primeiro título mundial, em 1992 sobre o Barcelona comandado por Johan Cruyff. De virada, em Tóquio, com dois gols históricos de Raí. Um triunfo para se colocar no topo do planeta, sem dúvidas.

Mas a grande obra-prima desse time e da trajetória de Telê, a consolidação da maneira de jogar se impondo com autoridade em um jogo grande, se deu no Morumbi em 1993. Partida de ida da final da Libertadores contra a Universidad Católica.

Não foi exatamente uma atuação perfeita, já que a equipe cedeu muitas chances ao time chileno e fez do goleiro Zetti um dos destaques da partida. Mas transição defensiva nunca foi o forte das equipes de Telê, até pela liberdade que dava aos jogadores de defesa para atacar. A solução encontrada para compensar ao longo do tempo, utilizando volantes mais marcadores, como Dinho e Pintado, nem sempre cobria os buracos da retaguarda.

Mas na fase ofensiva era bonito de ver como o quarteto formado por Cafu, Palhinha, Raí e Muller se entendia no olhar, sabendo o tempo certo de se apresentar para a tabela ou se lançar às costas da defesa adversária. Um sincronismo perfeito. Ainda que o primeiro gol tenha saído só aos 30 minutos e sido contra, de López, a equipe tricolor já havia criado e cedido oportunidades.

O segundo, ainda no primeiro tempo, na típica infiltração em velocidade do lateral direito Vitor, com chute também desviado. Um placar para tranquilizar e preparar o recital que viria na segunda etapa. Com golaço do zagueiro Gilmar em bela jogada individual pela esquerda. Contando com a cobertura do lateral Ronaldo Luiz e de Dinho.

Depois Palhinha acionou Cafu, que cruzou para Raí escorar de peito. E Muller marcou o quinto encobrindo o goleiro. Zetti faria uma sequência de quatro defesas à la Rodolfo Rodríguez, goleiro uruguaio que jogou no Santos e ficou famoso por um milagre parecido na Vila Belmiro contra o América de Rio Preto. E quase pegou o pênalti inventado pela arbitragem no final convertido por Almada que decretou o placar final em 5 a 1. Numa decisão continental!

No Chile, derrota por 2 a 0 e o título com sabor amargo de despedida para Raí, que partiria para o Paris Saint-Germain. Mas deixou nas retinas dos são-paulinos e fãs do futebol bem jogado uma exibição de gala, o auge de uma equipe histórica.

O ataque sem centroavante, nem definição clara das funções, que normalmente tinha Cafu pela direita, Raí mais centralizado, ora fazendo o papel de centroavante pela boa estatura e capacidade de proteger a bola, ora aparecendo na área como um dez para finalizar. Sintonia perfeita com Palhinha, que circulava por todo campo e era o articulador da equipe.

Muller era quem ficava mais avançado, normalmente pela esquerda. Já com a inteligência desenvolvida na passagem pelo futebol italiano, aprendendo a jogar em espaços mais reduzidos com deslocamentos e passes curtos que aceleravam os ataques. Era engraçado à época, na divulgação da escalação do time, tentarem encaixar os quatro no 4-2-2-2 típico da época, colocando Raí e Cafu como meias e Muller e Palhinha como atacantes. Na prática era algo mais próximo de um 4-2-3-1.

O São Paulo dinâmico de Telê Santana, maduro em 1993 para ser bicampeão da Libertadores e pronto para movimentar seu quarteto ofensivo, com Muller mais avançado pela esquerda, e alternar zagueiros, laterais e volantes no apoio (Tactical Pad).

No apoio ao quarteto, um grande revezamento que englobava todos os jogadores de linha. Os zagueiros Válber e Gilmar desciam alternadamente, o mesmo com os laterais Vitor e Ronaldo Luiz e os volantes Dinho e Pintado. Três iam, três ficavam. Às vezes eram surpreendidos, mas normalmente criavam um volume de jogo que sufocava os rivais, especialmente no Morumbi.

Para consagrar Telê, um treinador perfeccionista, às vezes um tanto invasivo na vida dos atletas. Talvez não seja tão grande para o futebol brasileiro quanto nomes como Zagallo e Luiz Felipe Scolari, nem se adaptasse aos tempos atuais se estivesse vivo e na ativa. Mas na sua época foi gigante e influente. Deixando um legado de integridade e amor pelo esporte. Não só por 1982.

Conquistando no São Paulo os títulos que seu trabalho sempre mereceu. Justiça tardia, mas inesquecível.

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Dupla Grenal aquece ainda mais o clássico histórico, cada um ao seu estilo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/03/dupla-grenal-aquece-ainda-mais-o-classico-historico-cada-um-ao-seu-estilo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/03/dupla-grenal-aquece-ainda-mais-o-classico-historico-cada-um-ao-seu-estilo/#respond Wed, 04 Mar 2020 02:34:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8089 O Internacional de Eduardo Coudet, ainda no segundo mês de trabalho, aproveitou a experiência “forçada” das duas etapas classificatórias antes da fase de grupos da Libertadores. Em casa, contra a Universidad Católica bicampeã chilena, e sem D’Alessandro, suspenso, apostou tudo na intensidade.

Principalmente na pressão no campo de ataque. Com mais agilidade e vigor, optando por Thiago Galhardo na vaga do camisa dez veterano ao lado de Paolo Guerrero na frente. Deixando Rodrigo Lindoso no banco para Edenilson centralizar à frente de Musto, porém com muita liberdade para chegar à frente. Pelos lados, Marcos Guilherme ganhou oportunidade pela direita e Boschilia mantido à esquerda.

Testes realizados contra Universidad de Chile e Tolima, com pressão de jogo decisivo. Importantes para se impor na primeira rodada do duro Grupo E. Sufocando o adversário, roubando bolas no campo de ataque e finalizando 28 vezes, nove no alvo. E não permitindo uma conclusão na direção da meta de Marcelo Lomba. Um massacre.

Mas com um pouco de sorte, sempre bem-vinda. Na cobrança de falta de Guerrero que desviou na barreira e saiu do alcance de Matias Dituro, abrindo o placar e acabando com a angústia no Beira Rio por um domínio absoluto sem bola na rede. Tranquilidade para aproveitar erro na reposição do goleiro adversário para Galhardo servir Guerrero e o centroavante, aí sim em bela jogada trabalhada, servir Marcos Guilherme para fechar os 3 a 0 com autoridade.

E Edenilson resgatando o melhor de sua imposição física em momento importante. A tendência é o camisa oito, grande destaque ao lado de Guerrero, crescer ainda mais dentro da proposta de jogo de Coudet. A começar pelo clássico histórico na próxima rodada.

Na Arena do Grêmio, que estreou de fato no torneio em jogo complicado fora de casa. Diante do América de Cali, campeão do Clausura na Colômbia,  que arriscava em um 4-3-3 que na maior parte do tempo se defendeu com sete homens, deixando o trio Pisano-Rangel-Vergara mais adiantado.

Um convite para a circulação de bola do time de Renato Gaúcho. Ainda mais com Lucas Silva se juntando a Matheus Henrique e Maicon num meio-campo móvel, variando o desenho de um volante mais plantado (Lucas), ou dois fixos e Maicon adiantado como meia. Assim alternando o desenho de 4-2-3-1 para 4-3-3.

Na frente, Diego Souza se movimentava fazendo pivô e buscando espaços às costas do volante Rodrigo Ureña para acionar os ponteiros. Especialmente Everton, que perdeu duas chances cristalinas, porém foi novamente a grande válvula de escape e preocupação da defesa adversária com as infiltrações em diagonal.

Os gols, porém, saíram dos construtores de trás. Victor Ferraz, impedido, aproveitando cobrança de falta de Lucas Silva que bateu em Diego Souza. Para acalmar o jogo, mas também atrair o América, que poderia ter empatado com Pisano, que bateu no travessão, e, na sequência, com Sierra em cabeçada que Vanderlei salvou.

E Matheus Henrique, para premiar um Grêmio que retomou o controle do jogo na segunda etapa. Com Thaciano na vaga de Maicon, mas foi o meio-campista jogando de área a área que marcou um golaço e murchou os colombianos, inclusive a torcida.

O Grêmio terminou com menos posse (45%) e finalizações- dez contra 15, três a cinco no alvo. Mas venceu à sua maneira, com a vivência de campeão de 2017 e vagas nas semifinais nas duas últimas edições. Experiência para “congelar” a bola.

Agora recebe o maior rival em um duelo que, se já era esperado, Porto Alegre agora vai respirar ainda mais o Grenal até a bola rolar na próxima quinta, dia 12. Que venha logo!

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Um ponto e pouca bola. A matemática do drama gremista na Libertadores http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/04/um-ponto-e-pouca-bola-a-matematica-do-drama-gremista-na-libertadores/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/04/um-ponto-e-pouca-bola-a-matematica-do-drama-gremista-na-libertadores/#respond Fri, 05 Apr 2019 02:17:20 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6288 Um ponto em três rodadas. 11% de aproveitamento e só não é o lanterna do Grupo H da Libertadores depois da derrota por 1 a 0 para a Universidad Católica no San Carlos de Apoquindo porque o Rosario Central levou 2 a 0 do Libertad e, com três gols negativos de saldo, ficou abaixo dos -2 do time gaúcho.

O último brasileiro campeão da Libertadores até aqui entregou muito pouco em desempenho e, por isto, os resultados são decepcionantes. Em especial a derrota para o Libertad em Porto Alegre na única partida em casa no “turno” do grupo.

No Chile, a primeira vez da dupla Luan-Tardelli na frente foi infeliz pela atuação muito abaixo do camisa sete, destaque da conquista de 2017. Também a defesa com problemas no lado esquerdo que viu a jogada bem trabalhada do oponente que terminou no cruzamento da direita de Magnasco e o gol de Saéz. Reação na segunda etapa com André na vaga de Luan, mas de novo faltou contundência na frente.

Agora a matemática torna tudo mais dramático e a sequência de jogos não ajuda. Na próxima rodada enfrenta o Rosario Central na Arena. Tudo para chegar aos quatro pontos, apesar da pressão. Mas se a Católica em casa vencer o líder Libertad, ambos ficarão com nove pontos. Cinco de vantagem sobre o Grêmio para administrar em duas rodadas. Sendo que chilenos e paraguaios ainda enfrentam os argentinos já eliminados. O pior cenário.

O melhor, em tese, seria o Libertad vencer no Chile, disparar na liderança, garantir a vaga nas oitavas e chegar menos intenso no Defensores del Chaco para o duelo da quinta e penúltima rodada. Se não vencer como visitante só caberá ao time brasileiro a despedida melancólica em casa contra a Universidad Católica e a vaga na Sul-Americana.

Improvável para o campeão há dois anos e semifinalista em 2018. Mas não é fatalidade pelo que o Grêmio não jogou até aqui nesta edição do torneio continental.

 

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A incrível capacidade do Flamengo de passar vergonha na Libertadores http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/05/18/a-incrivel-capacidade-do-flamengo-de-passar-vergonha-na-libertadores/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/05/18/a-incrivel-capacidade-do-flamengo-de-passar-vergonha-na-libertadores/#respond Thu, 18 May 2017 03:26:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2697 Aconteceu de novo. Em 2007 e 2008, eliminações vexatórias nas oitavas-de-final. Contra o Defensor pela fragilidade do time uruguaio, apesar da terrível arbitragem de Hector Baldassi no Maracanã. No ano seguinte, o provincianismo patético de usar um jogo eliminatório de Libertadores para comemorar título estadual e se despedir de Joel Santana. Cabañas não perdoou.

Em 2012 e 2014, nem isso. Despedidas ainda na fase de grupos, com adversários acessíveis. Sempre fraquejando em jogos decisivos. Exceto em 2012, o Fla foi campeão estadual. Como nesta temporada.

Entre as nove combinações de resultados, apenas uma eliminava o então líder do Grupo 4. Exatamente a vitória do Atlético Paranaense no Chile sobre a Universidad Católica e a derrota em Buenos Aires para o redivivo San Lorenzo.

Aconteceu pela fé inabalável do time argentino, que teve 58% de posse, efetuou 50 cruzamentos e finalizou 13 vezes. Empatou com gol do zagueiro Angeleri, virou no ataque derradeiro com Belluschi. No “abafa” que só conseguira impor no início do jogo. Depois o Fla controlou sem posse de bola, fechando os espaços.

Abriu o placar com Rodinei. Com o gol de Santiago Silva em Santiago, tudo parecia sereno. Até entrar em campo o maior pecado rubro-negro na temporada, ou desde o ano passado: a fragilidade ofensiva.

A maior contratação para o ataque, Orlando Berrío, foi um enorme erro de avaliação de diretoria e comissão técnica. Porque não é driblador, nem finalizador como desejava o clube. Pior: tropeça na bola, comete erros técnicos grosseiros e não consegue levar vantagem no um contra um. Desperdiçou contragolpes simples. Assim como Everton, Gabriel. Antes Cirino…

Por último, Matheus Sávio, que entrou na vaga de Gabriel e foi frágil nas divididas nos lances dos dois gols. O jogo ficou grande demais para o jovem da base. Uma prova de que o elenco tem carências e desta vez a organização e a concentração defensiva não compensaram.

Zé Ricardo foi corajoso na formação inicial, mas a entrada de Romulo também foi profundamente infeliz. A troca de Everton por Juan um recado a Diego Aguirre que o Flamengo temia o que só não aconteceu um minuto antes por causa de uma grande defesa de Muralha em cabeçada de Caruzzo.

Mas no lance final foi inevitável. Com a virada atleticana por 3 a 2 com o gol do heroi improvável Carlos Alberto veio a punição ao clube que novamente superdimensionou um título estadual, desgastou o elenco na competição que não era prioritária.

San Lorenzo e Atlético conseguiram vencer fora de seus domínios. O Flamengo somou os nove pontos disputados no Maracanã. Não foi suficiente. Em 2017, porém, não foi o pecado capital. Sem qualidade para transformar oportunidades em gols, o Flamengo que podia ter chegado a Buenos Aires classificado ficou sujeito às aleatoriedades no futebol.

E, claro, à sua incrível capacidade de passar vergonha na Libertadores.

(Estatísticas: Footstats)

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Flamengo passa com louvor por seu “batismo de fogo” na Libertadores http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/05/04/flamengo-passa-com-louvor-por-seu-batismo-de-fogo-na-libertadores/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/05/04/flamengo-passa-com-louvor-por-seu-batismo-de-fogo-na-libertadores/#respond Thu, 04 May 2017 03:38:43 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2633 O futebol é dinâmico. O Botafogo, que conseguiu sua classificação para a fase de grupos da Libertadores em duas etapas, foi considerado um time com vantagem por ter passado por disputas eliminatórias bem duras.

Mas no momento de confirmar a classificação no Grupo 1, hesitou no Engenhão contra o Barcelona de Guayaquil. A derrota por 2 a 0 não é nenhuma tragédia, mas abalou a imagem de time sólido mentalmente e fortíssimo em casa.

Já o Flamengo vem sendo consistente em desempenho dentro de casa e fora. Mas só pontua no Maracanã. A terceira partida com estádio lotado, porém, era decisiva. Com os surpreendentes 3 a 0 do San Lorenzo sobre o Atlético Paranaense na Arena da Baixada, não conseguir os três pontos significaria levar a decisão para a última rodada exatamente contra os argentinos. Fora de casa.

Foi o “batismo de fogo” do Flamengo, que nas últimas edições do torneio continental costumava se complicar em jogos com estas características. Também se dispersava quando as partidas se alternavam com decisões estaduais, priorizando a disputa regional.

Não desta vez. Torcida e time sintonizados no clima de final. Cientes da dificuldade diante da Universidad Católica que era organizada no 4-2-3-1 e com bons valores individuais, como Fuenzalida, Buonanotte, Kalinski. Mais Santiago “El Taque” Silva na frente.

Cabia ao Flamengo atacar com paciência e sem perder a concentração defensiva, grande virtude na vitória sobre o Fluminense na primeira final estadual. No primeiro tempo, alguma afobação e um dilema na execução do 4-1-4-1 proposto por Zé Ricardo: Guerrero era o único jogador capaz de um passe diferente quando recuava para articular. Mas também é o finalizador mais eficiente do quinteto ofensivo.

Sacrificado, o peruano não se escondeu. Pelo contrário. Das 23 finalizações, tentou nada menos que 13. Na primeira etapa, porém, a única oportunidade cristalina foi completando passe de Willian Arão e chutou em cima do goleiro Toselli. A mais clara, no entanto, foi de Fuenzalida infiltrando livre entre Rafael Vaz e Trauco.

No segundo tempo, a surpresa com Rodinei na vaga do apagado Mancuello, que desta vez não tem desculpa pelo mau rendimento. Foi escalado na função para a qual foi contratado no início de 2016 e não deu sequência às jogadas.

Com cinco minutos, golaço de canhota do lateral reserva transformado em ponteiro. Rodinei seguiu voando pela direita, fazendo dupla com Pará. Gabriel, centralizado, mesmo com todas as suas limitações, confundiu a marcação adversária circulando às costas dos volantes. Mas novamente faltou contundência para matar o jogo.

Pagou com a única finalização de Santiago Silva no jogo. Cabeceando entre Rever e Vaz. Em três conclusões do centroavante nas duas partidas entre as equipes, dois gols. Silêncio no Maracanã, massa preocupada, time tenso.

Entrou em cena Guerrero, para marcar exatamente na finalização mais complicada: com o marcador em cima, o chute cruzado entre as pernas do defensor e no canto de Toselli. Depois de onze tentativas. Haveria mais uma, no final, bloqueada.

Mas a vitória a esta altura já estava definida pelo gol de Trauco. Lateral que virou meia de novo, com a entrada de Renê no lugar de Gabriel. Mas centralizado, porque aparentava cansaço e Everton seguiu recompondo no setor esquerdo que a Católica atacava seguidamente.

Gol de perseverança, na sequência de chutes que podia ter virado um passe para Arão livre. Mas a conclusão de direita entrou e resolveu a questão da penúltima rodada. Não garante a classificação e envolve até um certo risco, já que a derrota na Argentina combinada com a vitória atleticana no Chile elimina o time carioca.

A rigor, um time que finalizou 40 vezes no campeonato, média de oito por jogo, já deveria estar com a vaga garantida, 100% de aproveitamento. Ainda falta contundência, que pode fazer falta mais à frente na temporada.

Mas valeu pela liderança do Grupo 4 e, principalmente, por seu simbolismo. Por não se entregar nem se desesperar depois do empate. Por manter o foco na competição que é prioridade em 2017.

Pelas mudanças do treinador que, mesmo questionáveis para quem não entende a diferença entre posição e função, deram certo na prática. Sem Diego, Donatti, Romulo e Berrío. Fora Conca. Com bela atuação de Marcio Araújo na proteção da retaguarda.

Na prova mais difícil até aqui, o Flamengo passou com louvor.

(Estatísticas: Footstats)

 

 

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Alguém ainda acredita em moleza ou “grupo da morte” em Libertadores? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/12/22/alguem-ainda-acredita-em-moleza-ou-grupo-da-morte-em-libertadores/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/12/22/alguem-ainda-acredita-em-moleza-ou-grupo-da-morte-em-libertadores/#respond Thu, 22 Dec 2016 09:15:28 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2079 Libertadores sorteio 2017

Flamengo e Grêmio foram os brasileiros que mais chamaram atenção no sorteio da nova Libertadores. O primeiro por enfrentar no Grupo 4 o San Lorenzo, campeão de 2014, o Universidad Católica e, possivelmente o Atlético Paranaense. O segundo caiu na chave de Guarani do Paraguai, Zamora e Iquique.

Pronto. “Grupo da morte” para os rubro-negros, moleza para o tricolor gaúcho. De novo o pecado de analisar apenas os nomes dos clubes e seu histórico. Como se o Independiente del Valle não fosse o atual vice-campeão da Libertadores e o Nacional do Paraguai não tivesse alcançado o mesmo feito há dois anos.

No mesmo 2014, o Grêmio encarou Atlético Nacional, Newell’s Old Boys e o Nacional uruguaio. Tanto alarde para o grupo dificílimo na teoria e o time gaúcho sobrou fazendo a segunda melhor campanha geral. Para ser eliminado nas oitavas pelo San Lorenzo, segundo pior desempenho entre os classificados que arrancou para o título inédito.

Já o Flamengo entrou numa chave com León, Bolívar e Emelec. Considerada mais que acessível, apesar do trauma da eliminação para os equatorianos em 2012. Pois os dois favoritos terminaram nas últimas posições, fora do mata-mata e o time boliviano na liderança.

Alguém ainda acredita em “carne assada”? Há como prever o momento dos times mais tradicionais ou a fase dos menos famosos quando começar a fase de grupos daqui a quase quatro meses? Como garantir sucesso dos brasileiros que não chegam à decisão desde 2013?

Sem contar o “fator estadual”, que na reta final costuma desviar o foco por conta das rivalidades regionais e desta vez ficará mais sedutor pois não baterá mais com as oitavas do torneio continental. Um convite para o deslize.

É claro que o analista é chamado agora para opinar sobre algo que começa em março, depois de duas fases preliminares. Mas convém um pouco de cautela. Ou muita. O equilíbrio vem sendo a tônica das últimas edições. Nada é impossível ou muito fácil antes da bola rolar. Ao contrário da Liga dos Campeões, com os gigantes de quase sempre e pouquíssimas surpresas.

Colocar brasileiros como favoritos e incluir os argentinos e o Atlético Nacional por ser o atual campeão é um clichê perigoso e desconectado da realidade da competição. Na prática, o River Plate, campeão do ano passado, merece o mesmo respeito que o Carabobo, possível adversário do Palmeiras no Grupo 5.

Sem chute ou pretensão de bola de cristal. A Libertadores está cada vez mais imprevisível e isso é ótimo.

 

 

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