vanderleiluxemburgo – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Permanência de Jorge Jesus no Flamengo renova também o incômodo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/08/permanencia-de-jorge-jesus-no-flamengo-renova-tambem-o-incomodo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/08/permanencia-de-jorge-jesus-no-flamengo-renova-tambem-o-incomodo/#respond Mon, 08 Jun 2020 11:18:58 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8620

Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Bastou que a pauta da renovação do contrato de Jorge Jesus com o Flamengo surgisse com mais força nos veículos de comunicação e nas redes sociais para que alguns comentários “curiosos” começassem a brotar aqui e ali. Sempre com um viés que não se costuma ver sobre outros treinadores no Brasil.

Começou com Vanderlei Luxemburgo, em entrevista à Rádio Bandeirantes, afirmando que Abel Braga conseguiria o mesmo sucesso que o português se contasse com as contratações rubro-negras no segundo semestre – Rafinha, Pablo Marí, Filipe Luís e Gérson.

Algo muito questionável, considerando que Abel resistia em encaixar De Arrascaeta no time por não querer montar um “time de índio” e, mesmo em um torneio de nível técnico muito inferior como o Carioca, a equipe não chegou nem perto do nível de desempenho do segundo semestre.

Depois o ex-jogador e hoje comentarista Denilson questionou os valores da renovação do técnico campeão brasileiro, da Libertadores, da Supercopa do Brasil e da Recopa Sul-Americana. Ainda que, de fato, a cotação alta do euro possa tornar os 3,5 milhões pagos a Jesus e sua comissão técnica um montante considerável, o esforço de um clube ainda saudável financeiramente e com possibilidades de aumento de receitas em breve é mais que justificável. Afinal, trata-se de um profissional que mudou o patamar da equipe.

Sim, a diretoria do clube segue empilhando equívocos no trato de outras questões, como a empatia com as famílias dos jovens mortos no Ninho do Urubu, as demissões durante a pandemia após garantir três meses de resistência à crise e a pressa na volta do futebol sem perspectivas de achatamento da curva de contágio da Covid-19. Mas acertou nesta empreitada, inclusive na paciência para esperar o momento correto de fechar a negociação. Poderia ter saído ainda mais caro se o acordo fosse sacramentado no início de 2020, antes da parada forçada.

Por fim, o ex-treinador Emerson Leão, em progama no Esporte Interativo, definiu Jesus como “treinador de time rico”: “Joga com craques, que decidem partidas individuais”. Seja lá o que ele quis dizer, a afirmação é estranha, para dizer o mínimo, já que o maior mérito do português foi justamente fazer as estrelas trabalharem coletivamente.

É claro que todos esses depoimentos foram dados em meio a muitos elogios ao trabalho realizado no Flamengo. E obviamente os três personagens têm todo o direito de externar seus pontos de vista. Muito menos a intenção é transformar Jorge Jesus em uma figura intocável.

Mas desde a chegada do técnico ao Brasil, sempre que ele se torna um tema com maior destaque alguém aparece para tentar colocar algum asterisco. Por que o incômodo?

O fato de envolver o time de maior torcida do país sempre pesa. A repercussão é grande, a torcida está  atenta e repercute, gera engajamento. No caso de algumas figuras às vezes pode retomar uma visibilidade perdida. E clubes populares também atraem aquele desejo de que as coisas não funcionem tão bem.

Ainda mais o Flamengo, que tem a frase de Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético Mineiro e hoje prefeito de Belo Horizonte, afirmando que se o clube carioca se organizasse acabaria com a competição no futebol brasileiro, sempre vagando no imaginário popular.

Jorge Jesus é a personificação do sucesso do Fla na sua reestruturação financeira. Foi quem comandou em campo a transformação dos investimentos em títulos. Da provocação do “cheirinho” dos rivais nos gritos de campeão. Foram quatro em menos de um ano, sem contar a Taça Guanabara 2020.

E logo um estrangeiro, no país cinco vezes campeão do mundo que acha que não precisa aprender nada com ninguém. E de Portugal que, segundo o próprio Luxemburgo, “não ganhou nada” – talvez tenha esquecido das conquistas continentais de Benfica e Porto ou dos recentes títulos de Eurocopa e Liga das Nações comandados por Cristiano Ronaldo.

Para piorar, quebrando paradigmas como a impossibilidade, segundo palavras e atos dos profissionais daqui, de vencer Brasileiro e Libertadores no mesmo ano. Porque se chegasse longe na competição sul-americana era obrigatório deixar o campeonato nacional por pontos corridos de lado, utilizando time reserva apenas para garantir uma campanha digna, no máximo aspirando a uma vaga na Libertadores do ano seguinte.

E Jorge Jesus ainda adiciona um tom arrogante em suas entrevistas, para aumentar a raiva dos que torcem o nariz. Sem ataques pessoais, mas afirmando suas qualidades – às vezes carregando um pouco nas tintas, convenhamos. Algo que pode até ser justificado por conta das muitas ressalvas que colocaram sobre seu nome desde a chegada ao Brasil.

O português também desnudou limitações dos treinadores brasileiros. Ele e Jorge Sampaoli subiram o sarrafo e deixaram claro que o nosso teto de exigência estava baixo. No caminho para os títulos, algumas vitórias provocaram demissões de profissionais que eram tratados como referências: Luiz Felipe Scolari, campeão brasileiro de 2018; Mano Menezes, bicampeão da Copa do Brasil em 2017/18 com o Cruzeiro; Fabio Carille, campeão brasileiro em 2017 no Corinthians. Renato Gaúcho não caiu no Grêmio por tudo que representa, mas os 6 a 1 no agregado da semifinal continental abalaram as estruturas do clube gaúcho e mudaram parâmetros e planejamentos.

E tudo isso com enorme visibilidade. Não só aqui, mas também em Portugal. Com os jogos de Brasileiro e Libertadores sendo analisados lá. Escancarando os problemas táticos e estratégicos dos adversários do Flamengo. Falhas primárias dos sistemas defensivos, erros de posicionamento nas jogadas de bola parada, espaços generosos entre os setores. Problemas detectados às vezes com certo sarcasmo pelos comentaristas lusos.

De fato, é um “combo” para lá de incômodo. Toda a cadeia produtiva do futebol foi desafiada pelos feitos de Jorge Jesus no Flamengo. Inclusive nós, jornalistas, que somos obrigados a fazer um esforço na qualificação da análise. Não dá para reduzir tudo ao talento dos jogadores. O campo não mostra isso. As digitais do comando técnico são muito claras.

Jesus renovou contrato até junho de 2021. Mais um ano no Brasil. Com chances, sim, de cair o desempenho pelo contexto da volta do futebol pós-pandemia. Mas uma possibilidade considerável, até pela provável manutenção do elenco, de seguir vencendo e entregando rendimento.

Para alegria de milhões de rubro-negros e daqueles que apreciam um futebol bem jogado independentemente de preferências clubisticas, mas também angustiante para muita gente. Um processo inevitável.

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Futebol no Brasil continua mal jogado. Flamengo só é a melhor exceção http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/04/futebol-no-brasil-continua-mal-jogado-flamengo-so-e-a-melhor-excecao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/04/futebol-no-brasil-continua-mal-jogado-flamengo-so-e-a-melhor-excecao/#respond Thu, 04 Jun 2020 12:20:29 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8595

Foto: Gazeta Press

O companheiro Mauro Cezar Pereira foi parar no topo dos assuntos mais comentados no Twitter ontem à tarde por conta de sua análise sobre o futebol jogado no Brasil. No podcast “Posse de Bola”, aqui no UOL Esporte, ele afirmou que até 2019, com algumas exceções, os times escolheram a tese do “jogar feio e vencer”. Os Jorges, Jesus e Sampaoli, teriam mudado esse cenário no ano passado com seus trabalhos no Flamengo e no Santos, respectivamente.

Como temos uma amizade de alguns anos, inclusive trabalhando juntos na ESPN Brasil, chamei o Mauro em particular para entender melhor o que ele queria dizer. Pouco antes ele havia publicado um vídeo no seu canal no Youtube explicando de forma mais clara o ponto de vista.

Entendi, mas continuo discordando respeitosamente do Mauro. A meu ver, o futebol no Brasil continua mal jogado. O Flamengo só é a melhor exceção.

Até porque há uma espécie de cultura subterrânea no país que valoriza o jogar mal. Não feio. Aliás, muitas vezes se cria um falso dilema em torno do tema. Para evitar confrontos com profissionais do futebol pelos mais variados interesses, de preservar a fonte jornalística até a tentativa de cavar uma vaga em comissões técnicas de clubes, se apela para a “não-crítica”.

“Há várias maneiras de jogar e vencer”, “não existe certo e errado’ e por aí vai. São as senhas para elogiar qualquer coisa que alcance resultados por um período ou um campeonato. Um esforço para encontrar virtudes onde muitas vezes só há ideias ruins, mal planejadas e executadas, porém salvas por individualidades ou um contexto favorável.

No Brasil se criou uma espécie de conformismo, baseada em nosso jeito de ver futebol. Se os melhores jogadores vão para a Europa, cada vez mais cedo, que aqui vença o mais “macho”. O jogo vira um culto à virilidade. O torcedor, em geral, prefere a vitória sofrida, arrancada à forceps. A imposição do melhor futebol é algo chato, que torna tudo mais previsível. A velha ditadura da emoção, que vale mais que um trabalho bem feito.

A prova veio no ano passado mesmo. Quem não lembra da esperança de muitos que o Palmeiras com Mano Menezes pudesse alcançar um Flamengo que deixou alguns pontos pelo caminho na sequência dura de dois jogos por semana na reta final da temporada, jogando Brasileiro e Libertadores? Mesmo jogando mal quase sempre, o Alviverde pontuava e esperava enfrentar em casa o líder ainda com condições matemáticas na antepenúltima rodada. O desfecho acabou sendo decepcionante.

Ou ainda o delírio coletivo em torno de Vanderlei Luxemburgo, então treinador do Vasco, depois do empate por 4 a 4 no clássico carioca antecipado da 34ª rodada para que o Flamengo pudesse ir a Lima decidir a Libertadores contra o River Plate. Uma boa atuação cruzmaltina, dentro da proposta possível de um time inferior técnica e taticamente, em um clássico que costuma equilibrar forças. Contra uma equipe com boa vantagem na ponta da tabela da competição por pontos corridos e já mais focada na final continental.

Foi o suficiente para uma exaltação da estratégia de Luxemburgo. Como um último suspiro do status quo. O time inferior, mas “raçudo” e lutando até o final – o mínimo que se espera em um grande clássico nacional – arrancando o empate no fim, porém sofrendo quatro gols – foi alçado à condição de “heroi”. E o treinador tratado como um fantástico estrategista, como se tivesse encontrado a fórmula para parar aquela equipe que desafiava o padrão nacional de jogar futebol. Algo totalmente esporádico.

Isso vai além da natural torcida contra times muitos populares. Ou da resistência brasileira de admitir que países menos tradicionais em conquistas de Copas do Mundo, como Portugal, possam acrescentar algo ao futebol cinco vezes campeão do mundo. “Ganharam o quê?”

Jorge Jesus e o Flamengo ganharam. Brasileiro e Libertadores no mesmo ano, feito inédito desde o Santos de Pelé. Mas este conquistando a Taça Brasil disputando quatro ou seis jogos, não 38.  Quebrando paradigmas, como a utilização de reservas no campeonato por pontos corridos quando o clube chegava às fases decisivas das competições por mata-mata. Jesus poupou titulares poucas vezes.

A melhor exceção dos últimos anos. Como o Mauro Cezar inseriu este comentário em uma abordagem sobre a reprise dos 7 a 1 no fim de semana pelo Sportv, o período mais exato da análise seria desde 2014. Então teríamos o Corinthians de 2015 comandado por Tite e o Grêmio de Renato Gaúcho que venceu a Libertadores de 2017 como os únicos exemplos de equipes que venceram buscando um futebol diferente. Sem “fechar a casinha”, apelar para ligações diretas, usar com frequência a cobrança de lateral na área adversária e entregar a bola para o mais talentoso compensar a falta de ideias.

O Fla de Jesus mandou Felipão e Mano Menezes para casa. Também Fabio Carille, representante da identidade do Corinthians nos últimos anos que inclui Tite e o próprio Mano. E Renato Gaúcho só não caiu depois dos 5 a 0 na semifinal da Libertadores pelo tamanho que tem no Grêmio.

É inegável que o time rubro-negro abalou as estruturas. O Santos de Sampaoli também, mais pelo desempenho que por resultados. Justo também incluir o Athletico de Tiago Nunes campeão da Copa do Brasil. Mas a média continua baixa. Há iniciativas que valem a observação, como Eduardo Coudet no Internacional e a sequência de Fernando Diniz no São Paulo, mas a pandemia atrapalhou. Pode prejudicar o próprio Flamengo na volta.

Se acontecer, será a alegria e o alívio de muitos. E aí é impossível discordar do Mauro: de fato, a visão medíocre de futebol ainda impera. Vejamos até quando.

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Palmeiras-1996 e Santos-2010, os “meteoros” de 100 gols e futebol mágico http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/03/palmeiras-1996-e-santos-2010-os-meteoros-de-100-gols-e-futebol-magico/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/03/palmeiras-1996-e-santos-2010-os-meteoros-de-100-gols-e-futebol-magico/#respond Wed, 03 Jun 2020 14:39:20 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8584

Foto: Ricardo Saibun / Santos

Em 2014, Djalminha foi o convidado do “Bola da Vez” na ESPN Brasil e respondeu a este blogueiro sobre a montagem do Palmeiras de 1996. Segundo o próprio meia, o melhor time pelo qual atuou se encaixou muito rápido: “Foi mágica. No primeiro treino a gente já se olhava rindo, sem acreditar. Começamos goleando times amadores em jogos-treinos, mas quando começou o Paulista continuamos passando por cima de todo mundo”.

O entrevistado esqueceu de mencionar os 6 a 1 em Fortaleza sobre o Borussia Dortmund, campeão alemão de 1994/95 e que venceria a Liga dos Campeões de 1996/1997. Era janeiro e o Palmeiras já conquistava a Copa Euro-América.

Um “click”. Por mais que se cobre, com toda razão, que clubes e seleções respeitem processos e valorizem trabalhos a longo prazo, às vezes acontece de um time se encaixar muito rapidamente e jogar futebol encantador. A história mostra que o “efeito colateral” é durar pouco também.

Chega e vai logo embora. Um “meteoro”. Assim foi o Palmeiras comandado por Vanderlei Luxemburgo. O time de Cafu e Júnior voando pelas laterais, Djalminha organizando, Rivaldo infiltrando no espaço deixado pelo “pivô” Muller e Luizão na área para finalizar. Volúpia ofensiva compensada por Amaral e Flávio Conceição, os protetores dos zagueiros Sandro e Cléber. Velloso na meta.

Palmeiras de Luxemburgo no 4-2-2-2 típico dos anos 1990, mas com volúpia ofensiva incomum (Tactical Pad).

Combinação perfeita de características que fez tudo fluir no Paulista e até a decisão da Copa do Brasil. Foram 102 gols em 30 partidas no Paulista, mais 24 na Copa do Brasil. 27 vitórias, dois empates e apenas uma derrota no estadual. 83 pontos em 90 possíveis, 28 a mais que o vice São Paulo. Goleadas marcantes como os 7 a 1 sobre o Novorizontino, 8 a 0 no Botafogo, 6 a 0 no Santos. Apenas 19 gols sofridos. Estética e eficiência. Um time que fez o blogueiro faltar algumas aulas e também deixar de ver o time de coração.

No mata-mata nacional, 8 a 0 no Sergipe, 8 a 1 no agregado sobre o Atlético Mineiro nas oitavas, 5 a 1 no Paraná nas quartas. 100% de aproveitamento até cruzar com o Grêmio de Luiz Felipe Scolari, campeão da Libertadores no ano anterior e que venceria o Brasileiro naquele mesmo 1996. Vitória por 3 a 1 em São Paulo e revés por 2 a 1 em Porto Alegre. Na decisão contra o Cruzeiro, empate em Minas por 1 a 1 que fez do Palmeiras o favorito absoluto para a volta no Parque Antárctica.

A ausência de Muller, porém, diminuiu consideravelmente a fluência ofensiva. O “garçom” do ataque preferiu voltar ao São Paulo e foi desfalque sentido. Mesmo assim, o ataque palmeirense fez de Dida o melhor da final vencida pelo time mineiro comandado por Levir Culpi. De virada por 2 a 1. Foi o que faltou ao Palmeiras para tornar mais marcante aquele primeiro semestre espetacular.

O Santos teve melhor sorte, 14 anos depois. Mais um “raio” que caiu na Vila Belmiro. Novamente o clube sem capacidade para investir em grandes contratações resolveu investir nos jovens formados no clube. Paulo Henrique Ganso, com 20 anos, mas desde os 18 atuando no profissional, e Neymar, com dezoito completos em fevereiro, eram as esperanças da equipe comandada por Dorival Júnior, contratado no final de 2009.

De novo o “click”, o engate quase imediato. Em entrevista ao Uol Esporte, o treinador revelou uma conversa com o elenco antes do primeiro treinamento: “Reuni os jogadores embaixo de uma mangueira que temos lá no centro de treinamento do Santos e falei: ‘Quero falar uma coisa para vocês aqui, hoje, no nosso primeiro dia de trabalho. Esse time pode marcar a história do Santos Futebol Clube’.”

Com Robinho, emprestado pelo Manchester City, fazendo um papel parecido com o de Muller no Palmeiras em 1996. Um facilitador para os companheiros. Alternando com Neymar pelas pontas, se aproximando de Ganso para tabelas e contribuindo para um volume de jogo sufocante. André se mexia também, embora ficasse mais na área adversária para finalizar.

Pará e Alex Sandro nas laterais, Arouca um pouco mais fixo na proteção a Edu Dracena e Durval e Wesley se juntando ao quarteto ofensivo. Mas até o camisa cinco aparecia na frente. Dorival tentava fazer o time reagir rápido sem bola pressionando para recuperar logo a posse e voltar a atacar. Quando encaixava era arrebatador. E bonito de ver.

O Santos voltado para o ataque comandado por Dorival Júnior. No 4-2-3-1 que tinha Ganso na articulação e Robinho como um facilitador, alternando nos flancos com Neymar (Tactical Pad).

No Paulista, 15 vitórias, dois empates e duas derrotas na primeira fase. 61 gols marcados, média superior a três por jogo. Dez pontos na frente do Santo André, que seria o vice-campeão em uma final mais equilibrada que o previsto, até pelo “sapeca” santista sobre o São Paulo na semifinal: 6 a 2 no agregado. Na decisão, uma vitória por 3 a 2 para cada lado, título santista pela melhor campanha geral. No total, foram 72 gols marcados e 31 sofridos.

Na Copa do Brasil, os 10 a 0 sobre o Naviraiense foram o destaque logo na primeira fase, mas o time passou por Remo (4 a 0 sem necessidade de volta), Guarani – com destaque para os 8 a 1 na ida – e Atlético Mineiro antes da final contra o Vitória. Assim como na semifinal contra o Grêmio, derrota como visitante e vitória em casa, se impondo no saldo de gols. Um time instável, mas bem sucedido naquele período.

Também superando os 100 gols. Foram 105 nas duas competições. E, mais importante, levando as taças para a Baixada Santista. Ciclo encerrado com a demissão de Dorival depois de briga pública com Neymar. Mas consolidado como time histórico com Muricy Ramalho, ganhando pragmatismo e solidez defensiva que equilibrou o talento na frente. Já sem Robinho, mas com um Neymar mais maduro para decidir a Libertadores de 2011. O Palmeiras seguiu caminho parecido a partir de 1997 com Luiz Felipe Scolari, mas só alcançou a consagração no continente em 1999.

O encantamento, porém, ficou com os “meteoros”. Times que atraíam os olhares até de torcedores de outros clubes. Pelo arrojo, por atacar como se não houvesse amanhã. Sem administrar resultado, com ímpeto incomum. Por isso tão difícil de esquecer.

 

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Palmeiras é exceção no futebol brasileiro, mas não deixa de ser exemplo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/27/palmeiras-e-excecao-no-futebol-brasileiro-mas-nao-deixa-de-ser-exemplo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/27/palmeiras-e-excecao-no-futebol-brasileiro-mas-nao-deixa-de-ser-exemplo/#respond Wed, 27 May 2020 13:02:49 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8560

Foto: Cesar Greco / SEP

O Palmeiras empatou sem gols com a Internacional de Limeira no dia 14 de março. Jogo com público, nenhuma preocupação com distanciamento e os treinadores Vanderlei Luxemburgo e Elano se abraçando antes da partida.

Uma irresponsabilidade, mesmo considerando que ainda não havia uma morte oficial no país pela Covid-19. Afinal, praticamente o mundo todo já havia parado com o futebol e as últimas partidas foram jogadas com portões fechados.

Mas a partir da paralisação geral, o Palmeiras tem adotado uma postura correta nas decisões internas e externas.

A começar pelo compromisso de não demitir funcionários e fazer a redução de salários de cima para baixo. Cortou 25% dos vencimentos dos jogadores, do treinador Vanderlei Luxemburgo, do diretor Anderson Barros e do gerente Cícero Souza. Também dividiu o pagamento dos direitos de imagem, pagando a partir de agosto os valores de abril e maio.

Suspendeu contratos de trabalho por 30 dias, prorrogáveis pelo mesmo período, sem perda de remuneração – leia mais AQUI. O clube parou suas atividades e o jogadores treinam em casa, com acompanhamento online. Todo cuidado com as pessoas, evitando a possibilidade de contágio com o devido distanciamento social. Externamente, seguidas manifestações de que só retomará as atividades quando for liberado pelas autoridades e junto com os demais clubes paulistas.

Deveria ser o básico, não digno de elogios. Mas diante de algumas atitudes de seus pares, especialmente o Flamengo pela capacidade de investimento semelhante, o Palmeiras se tornou exemplo de conduta na pandemia.

É claro que o Alviverde é exceção no futebol brasileiro. Conta com a Crefisa, patrocinadora que funciona como “mecenas”, não só pagando um alto valor fixo, mas também auxiliando em momentos de dificuldades como empréstimo. Leila Pereira, a presidente da operadora de crédito, tem claras pretensões políticas no clube e sabe da importância de não falhar em um momento de dificuldade.

O Palmeiras também não tem custos com a manutenção do Allianz Parque, já que o estádio é administrado pela WTorre. Perde a receita de bilheteria dos jogos, porém sem o impacto nas contas de pagar por uma Arena sem uso.

Mas mesmo com essas vantagens, o clube paulista poderia ter outro comportamento. Inclusive político. Até pelo alinhamento que demonstrava antes com o governo federal, inclusive com o presidente da república no gramado com os jogadores levantando a taça de campeão brasileiro em 2018. Bolsonaro já demonstrou seguidas vezes que quer a volta do futebol, mesmo com curva ascendente de contágio no país, mas o Palmeiras segue firme no propósito de agir com responsabilidade.

O contexto é diferente dos demais clubes, mas a postura poderia ser parecida com os menos sensíveis à realidade de uma pandemia. Poderia ser elitista e excludente, sem considerar a necessidade dos mais humildes. Cortando onde a mão de obra é de mais fácil reposição. Mas o Palmeiras não entrou na vala comum e merece reconhecimento. Uma questão de princípios.

 

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Por que Edmundo não deu certo no Flamengo em 1995? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/19/por-que-edmundo-nao-deu-certo-no-flamengo-em-1995/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/19/por-que-edmundo-nao-deu-certo-no-flamengo-em-1995/#respond Tue, 19 May 2020 14:25:09 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8517

Foto: Acervo / Flamengo

Há 25 anos, Edmundo chegava ao Flamengo como a principal contratação do início da gestão Kléber Leite, depois da vinda de Romário. Recebido com festa e desfile em carro do Corpo de Bombeiros. Como não podia mais ser inscrito no Carioca e na Copa do Brasil, o atacante só poderia jogar o Brasileiro e a Supercopa Libertadores.

Nenhum problema para o presidente, nem para o treinador Vanderlei Luxemburgo. Embora a ambição no centenário do clube fosse conquistar todos os títulos, a conquista do Brasileiro era o principal objetivo, até para voltar a disputar a Libertadores. Por isso a contratação do técnico e do grande destaque individual do Palmeiras, bicampeão em 1993/94.

Só que a perda do estadual para o Fluminense, no lendário gol de barriga de Renato Gaúcho, fez explodir a crise de relacionamento entre Luxemburgo e Romário. E Kléber Leite deixou a corda estourar do lado do treinador, que não suportou a pressão de resultados ruins e a clara cisão no grupo. O melhor jogador do planeta em 1994, com a moral de campeão do mundo pela seleção, foi colocado naquele momento acima do clube e venceu a queda de braço.

Luxemburgo pediu demissão e o time foi ladeira abaixo. Não só porque Edinho não era o treinador para o momento que vivia o clube e o radialista Washington Rodrigues foi uma solução populista para acalmar a torcida, mas porque a autoridade de Romário transformou a gestão do futebol em uma bagunça generalizada.

Além disso, a sanha por contratações de Kléber Leite gerou uma reformulação no elenco que praticamente descartou a base que fizera a melhor campanha geral no Carioca – o Fluminense venceu o octagonal decisivo, mas o time rubro-negro conquistou a Taça Guanabara  – e foi semifinalista da Copa do Brasil, caindo para o forte Grêmio de Felipão que seria campeão da Libertadores.

O zagueiro Jorge Luiz, por exemplo, que havia feito um bom Carioca com gols e atuações destacadas foi um dos responsabilizados pelo fracasso no estadual  e partiu para o Atlético Mineiro. Para retornar no ano seguinte e ser um dos pilares do time campeão invicto do Rio de Janeiro.

Tudo ruiu sem Luxemburgo. Inclusive o encaixe de Edmundo no time. O treinador planejou e testou a equipe com três atacantes, colocando Mazinho, ex-Bragantino, como uma espécie de “dublê” da nova estrela. No jogo final contra o Fluminense errou ao trazer William de volta ao meio-campo. No segundo tempo, com Mazinho em campo, o Fla reagiu.

No plano de Luxa, Sávio seria adaptado como uma espécie de “enganche” em um 4-3-1-2 que teria Djair como a peça que faltou ao Fla no primeiro semestre e foi uma das chaves da reação do Fluminense de Joel Santana e Renato Gaúcho: o meio-campista organizador que faz o time jogar. O técnico rubro-negro tentou encaixar Válber e até Branco na função, porém sem sucesso.

Edmundo jogaria solto, se movimentando em torno de Romário, que ficaria mais fixo como centroavante. Não deu tempo e Luxemburgo e Edmundo sequer fizeram um jogo oficial juntos pelo Flamengo. “Interrompeu um projeto que poderia ter sido bem sucedido, todos saíram perdendo”, lembrou Luxemburgo em entrevista anos depois.

Já Edmundo, que se transformaria em desafeto do treinador, culpa a desorganização do clube: “o marketing ficou maior que o futebol e nossas viagens eram uma farra, não era sério”, afirmou em entrevista a Teo José para o Fox Sports, canal que tem o ex-jogador como comentarista.

Edinho montou um time engessado com Edmundo e Sávio nas pontas e Romário no centro e Washington Rodrigues “ganhou” uma suspensão de dois jogos do “Animal” pela famosa confusão com Zandoná em um jogo contra o Vélez Sarsfield, e ainda uma lesão: fratura do osso do pé esquerdo do camisa sete em disputa com o zagueiro Gamarra em Porto Alegre contra o Internacional, ficando de fora do resto da temporada.

Assim o “Apolinho”, amparado pelo auxiliar e treinador Arthur Bernardes, pôde montar um time mais equilibrado e competitivo, com meio-campo preenchido, e ao menos chegar à decisão da Supercopa contra o Independiente. O título esperado, porém, não veio e a campanha no Brasileiro foi pífia.

A saída de Luxemburgo foi decisiva para o fracasso do Flamengo no ano do centenário.  O projeto de “melhor ataque do mundo” virou piada e Edmundo, que ainda se envolveu em um acidente grave que matou três pessoas e feriu outras três, partiria para o Corinthians. Mesmo com Joel Santana, então o treinador em 1996, pedindo sua permanência. Simplesmente não havia mais clima. O “casamento” tinha terminado.

Edmundo faria sua história no Vasco como grande algoz do Flamengo. Foi o que ficou para a eternidade e ganhou força ao longo dos anos com o agora comentarista sempre demonstrando seu amor pela Cruz de Malta. Mas não foi o coração cruzmaltino que atrapalhou o atacante no rival. Ele apenas foi o craque certo na hora errada. Por culpa da bagunça rubro-negra em ano histórico. Um desperdício.

 

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A história que une Roberto Dinamite a Evair: criador e criatura http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/13/a-historia-que-une-roberto-dinamite-a-evair-criador-e-criatura/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/13/a-historia-que-une-roberto-dinamite-a-evair-criador-e-criatura/#respond Wed, 13 May 2020 14:03:26 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8479

Foto: NetVasco

“Foi difícil pensar só no jogo me vendo no Maracanã enfrentando o Vasco com ele em campo”. Palavras do jovem Evair à Rádio Globo do Rio de Janeiro, depois do Guarani fazer 3 a 0 sobre o time cruzmaltino no Maracanã, pelo jogo de ida das oitavas de final do Brasileiro de 1986.

O campeonato que revelaria o jovem artilheiro, então com 20 anos, que marcaria 24 gols e ficaria a um de Careca na artilharia. Vice também na competição com o time de Campinas, sendo derrotado nos pênaltis pelo São Paulo em eletrizante decisão no Brinco de Ouro.

Evair se referia a Roberto Dinamite, o grande ídolo da história do Vasco e maior artilheiro dos campeonatos brasileiros –  192 gols, entre outros feitos na carreira brilhante. Referência para tantos centroavantes que surgiram no Brasil naquele período. O camisa nove mineiro, nascido em Ouro Fino e que tinha o Santos como time na infância, marcaria dois gols naquele confronto que foi selado com outra vitória do Guarani, por 2 a 0 em Campinas.

Ambos tinham a mesma altura: 1,86 m. E Evair, de fato, em 1987 lembrava o Dinamite no início da carreira: porte físico, presença de área, precisão nas finalizações e alguma desenvoltura ao sair da referência no ataque para tabelar com seus companheiros.

Roberto já servia colegas de ataque no Vasco como Ramon, Amauri, Arthurzinho e Cláudio Adão. Mas foi com o jovem Romário, promovido aos 19 anos por Antonio Lopes em 1985, que Dinamite, aos 31 anos, construiu uma parceria que mudaria de vez as suas características em campo.

Em um 4-3-3, o então centroavante recuava para trabalhar como uma espécie de “enganche”, acionando o atacante que partia da esquerda infiltrando em diagonal para finalizar. Mas sem deixar de aparecer na área para concluir. Tanto que foi o artilheiro do Carioca de 1985, com um gol a mais que Romário, mesmo com o Vasco sequer chegando ao triangular decisivo daquela edição.

No ano seguinte, o inverso com Romário marcando 20 e Roberto, 19. O mesmo em 1987, com o Baixinho indo às redes 16 vezes e o Dinamite, 15. Parceria que se encerraria em 1988, com uma lesão de Roberto e depois Romário partindo para a Holanda jogar no PSV Eindhoven.

Até encerrar a carreira em 1993, Roberto atuou como esse centroavante que ficava mais adiantado quando o time não tinha a bola e recuava para articular, abrindo espaços para os companheiros no momento em que sua equipe atacava. Na prática, a movimentação de  um “falso nove”. Mais um no futebol brasileiro, assim como Neto no Corinthians campeão brasileiro de 1990.

“Nunca tinha pensado nisso, mas, de fato, ele cumpria essa função”, reconheceu Lopes em entrevista a este que escreve em 2012. Para aproveitar uma joia da base que viria a ser o melhor do mundo em 1994, o treinador descobriu um novo posicionamento para o centroavante vascaíno na reta final de sua carreira.

O Vasco de Antonio Lopes em 1986 que fez Roberto Dinamite recuar para que Romário infiltrasse em diagonal a partir da esquerda, formando uma das grandes duplas da história do futebol carioca (Tactical Pad).

Evair seguiu a vida no Guarani, sendo artilheiro do Paulista de 1988 e partindo para sua primeira experiência no futebol internacional, jogando pela Atalanta. Voltaria ao futebol brasileiro em 1991, para atuar no Palmeiras. Início difícil em um clube que sofria com 16 anos sem títulos. Chegou a ser afastado por “deficiência técnica” por Nelsinho Baptista.

Tudo mudou com a chegada de Vanderlei Luxemburgo em 1993. Treinador que havia sido estagiário de Antonio Lopes no início dos anos 1980, no próprio Vasco e também no América e no Olaria. Mas em 1986/87, trabalhando como técnico do sub-20 do Fluminense, testemunhou no Rio de Janeiro a grande fase da dupla Roberto-Romário, comandado pelo “mentor” Lopes.

Ao encontrar Evair no Palmeiras, junto com Edmundo e Edilson, se recordou da dinâmica do ataque cruzmaltino, que tinha Mauricinho pela direita completando o trio na frente. Em depoimento ao programa “Supertécnico” em 1999, Luxemburgo admitiu que se inspirou naquele Vasco para armar a dinâmica ofensiva de sua nova equipe.

Evair, mais experiente e com nítida evolução na leitura de espaços depois de passar pelo futebol italiano, recuava para trabalhar com os meio-campistas e permitia as entradas em diagonal de Edmundo e Edilson, depois Rivaldo no time que seria campeão paulista e brasileiro também em 1994. Mas sem deixar de se apresentar para as conclusões. Evair seria artilheiro do estadual daquele ano, com 23 gols. Virou ídolo eterno no Alviverde.

O Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo em 1993 tinha Evair fazendo o papel de “falso nove” para Edmundo e Edilson entrarem na área adversária (Tactical Pad).

Fechando uma espécie de “ciclo mágico”, Evair, aos 32 anos, encontraria Lopes no Vasco em 1997 para executar função semelhante, mais recuado para acionar o imparável Edmundo, craque e artilheiro recordista com 29 gols na campanha do terceiro título brasileiro do clube. Já aposentado, Roberto Dinamite viu o seu fã também virar ídolo no time da Cruz de Malta, ainda que em uma passagem efêmera de menos de seis meses.

De centroavante goleador a “falso nove” não menos letal na área adversária. Eis a pouco conhecida relação entre Roberto e Evair, na conexão entre Lopes e Luxemburgo. Criador e criatura.

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Futebol em Quarentena – Os dez melhores times que vi em quatro décadas http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/17/futebol-em-quarentena-os-dez-melhores-times-que-vi-em-quatro-decadas/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/17/futebol-em-quarentena-os-dez-melhores-times-que-vi-em-quatro-decadas/#respond Tue, 17 Mar 2020 19:31:32 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8174

Foto: Javier Soriano / AFP

O futebol parou nos principais centros, inclusive no Brasil. Felizmente, a sensatez prevaleceu e quem puder ficar em casa para não arriscar um colapso nos atendimentos hospitalares por conta da pandemia do coronavirus, melhor para todos.

Mas o blog não pára e aproveita para olhar para trás e abrir espaços para postagens que em tempos velozes, de imediatismo e exigência do “quente”, do “gancho”, não costumam ter muito espaço.

Por isso a série “Futebol em Quarentena” trará rankings, análises de times históricos, jogos lendários, confrontos “dos sonhos” entre grandes equipes de épocas diferentes e o que mais pintar até a bola voltar a rolar no mundo – em breve, esperamos todos.

Para começar, a vontade da maioria do público que votou na enquete no Twitter:

Imagem: Reprodução / Twitter

Então seguem os melhores times (clubes) que vi em quase 40 anos acompanhando apaixonadamente o futebol. Com as devidas particularidades, incluindo memória afetiva. Lista é pessoal, sempre. E daqui a um ano pode mudar também… Vamos lá!

1º – Barcelona de Guardiola – 2010/11

Não foi a equipe mais vencedora comandada por Pep Guardiola na Catalunha, já que na primeira temporada do treinador novato (2008/09) veio a tríplice coroa. Mas mesmo perdendo a Copa do Rei para o Real Madrid de José Mourinho e Cristiano Ronaldo, o Barcelona da temporada 2010/11 foi um primor coletivo que iluminou ainda mais o talento de Xavi, Iniesta, Messi e Daniel Alves.

O gênio argentino, definitivamente como “falso nove”, destruiu as defesas adversárias e foi o elemento de desequilíbrio em um modelo de jogo que tangenciou a perfeição. Pressão pós-perda, posse de bola, construção do jogo desde o goleiro e criação de superioridade numérica no setor da bola, sempre buscando o homem livre. Cansava e atordoava os adversários e conseguia impor a maneira de jogar, mesmo nas raras derrotas. Combinação quase perfeita do melhor das escolas espanhola, holandesa e argentina.

2º – Milan de Arrigo Sacchi – 1988/1989

Os 5 a 0 sobre o Real Madrid pela semifinal da Liga dos Campeões no Giuseppe Meazza representam o melhor do fantástico time dos holandeses Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco Van Basten. Comandados por Sacchi, que revolucionou o futebol italiano atualizando ideias de Rinus Michels.

Defesa em linha, comandada por Franco Baresi, marcando por zona, adiantando e aproximando setores, muitas vezes jogando em trinta metros e trabalhando a bola voltado para o ataque. Combinando a cultural solidez defensiva do “Calcio” com um estímulo ao talento que só rivalizava com a genialidade de Maradona no Napoli. Em 1990, faturou o bicampeonato europeu, último a conseguir o feito antes do Real Madrid de Zinedine Zidane. Um alento e um deleite em tempos de futebol defensivo, simbolizado pela Copa do Mundo disputada na própria Itália.

3º – São Paulo de Telê Santana – 1992/1993

Ganhar duas vezes seguidas a Libertadores é raro. Numa época ainda de muita violência no futebol sul-americano, além das já habituais arbitragens “polêmicas” e pouco controle de doping era ainda mais complicado. E priorizando o futebol bem jogado, mais raro ainda.

O que não era difícil era rivalizar com os gigantes europeus num período anterior à Lei Bosman, que transformou os grandes clubes do Velho Continente em verdadeiras seleções transnacionais. O São Paulo de Telê Santana conseguiu ser competitivo e ter momentos de futebol arte. O melhor exemplo na final do Mundial de 1992, contra o Barcelona. Com Cafu e Muller abertos, Rai e Palhinha por dentro e o suporte de Toninho Cerezo. Tocando, girando, envolvendo e virando para cima do “Dream Team” de Johan Cruyff. Um tempo de supremacia tricolor no planeta.

4º – Arsenal “Invincibles” – 2003/04

Campeão invicto da Premier League, já muito competitiva à época. O que o Liverpool de Klopp e o Manchester City de Guardiola sonharam, mas não conseguiram, os Gunners de Arsene Wenger fizeram história. Não é um título de Champions, mas não deixa de ser um feito extraordinário.

Méritos do time de contra-ataques de almanaque, mas que nunca abdicava de atacar. Uma equipe completa e que vivia um momento coletivo extraordinário, que potencializava as individualidades de Patrick Vieira, Thierry Henry e Dennis Bergkamp. Com auxílio luxuoso de Robert Pirés, Gilberto Silva, Ashley Cole e Fredrik Ljungberg. Transpiração e inspiração para primeiro garantir a taça, depois a trajetória imaculada e histórica. Que dificilmente será repetida.

5º – Bayern de Munique de Jupp Heynckes – 2012/13

Um rolo compressor improvável, depois do revés nos pênaltis em casa para o Chelsea na final europeia em Munique e de perder a hegemonia na própria Alemanha para o Borussia Dortmund de Jurgen Klopp. Na temporada que Jupp Heynckes anunciou que se despediria dos gramados e o gigante bávaro foi atrás de Guardiola em seu “ano sabático”.

Parecia fim de festa. Mas com Robben e Ribéry desequilibrando pelas pontas, o Bayern atropelou o Barcelona com 7 a 0 no agregado e média de 40% de posse de bola. Mesmo sendo o segundo melhor no quesito na Europa, atrás justamente do time blaugrana. Provando ser uma equipe “camaleã”, que se adaptava às demandas das partidas, algo que seria tendência nos anos seguintes. Faturou a tríplice coroa, sendo o último título de outro clube que não Barcelona e Real Madrid na década até o Liverpool quebrar a sequência na temporada passada. Timaço!

6º – Flamengo de Zico – 1981/1982

O time que “unificou” os títulos depois do Santos de Pelé nos anos 1960. Em maio de 1982, era o último campeão da cidade (Taça Guanabara), estado (Rio de Janeiro), país (Brasil), continente e mundo. Com inovações táticas que virariam tendências.

Congestionando o meio-campo com um volante (Andrade) e quatro meias (Tita, Adílio, Zico e Lico), mais Nunes, o centroavante que caía pelas pontas abrindo espaços para os mais talentosos – incluindo os laterais Leandro e Júnior. Mas um camisa nove que aparecia para decidir as partidas mais importantes. Tocando, girando as peças e colocando os adversários na roda. Faltou um período maior de hegemonia no continente, mas o legado da maneira de jogar é imenso, influenciando a inesquecível seleção brasileira da Copa da Espanha.

7º – Liverpool de Jurgen Klopp – 2019/20

Uma construção paciente, qualificando o elenco, tornando a maneira de jogar mais versátil, adicionando pausas no estilo “rock’n’roll” do treinador alemão. Sofrendo com goleiros e zagueiros fracos inicialmente, para depois ir ao mercado e contratar Alisson e Virgil Van Dijk.

Para dar segurança a um ataque avassalador. Com Mohamed Salah, Roberto Firmino e Sadio Mané próximos uns dos outros e da meta adversária e os laterais Alexander-Arnold e Robertson abrindo o campo e sendo os principais municiadores de um time como volume de jogo sufocante e força mental para sair de várias situações difíceis. Venceu a Champions em 2019 e alcançou a melhor campanha do clube na história da Premier League, mas sem faturar o sonhado título nacional que deve vir agora, se a temporada na Inglaterra não for cancelada.

8º – Real Madrid de Zinedine Zidane – 2016/2017

Por motivo de: TRICAMPEÃO da Champions. Não é todo dia que acontece, mesmo descontando algumas atuações pouco inspiradas, pitadas de sorte e arbitragens polêmicas. Chama ainda mais atenção a manutenção da base nas três conquistas e o fato de ser a estreia de Zinedine Zidane no comando técnico de uma equipe de primeira divisão.

O auge na temporada 2016/17, com a conquista também do título espanhol. E o encaixe de Isco, armando um 4-3-1-2 muito móvel e mutante. E essencialmente técnico, com Carvajal e Marcelo abrindo o campo, Cristiano Ronaldo se juntando a Benzema na frente e muito controle no meio-campo, sustentado por Toni Kroos e Luka Modric. Todos suportados por Casemiro na proteção a Varane e Sergio Ramos. Se tudo desse errado, lá estava Keylor Navas para garantir. A camisa entortou varal algumas vezes, mas era um time com muito poder de decisão.

9º – Boca Juniors de Carlos Bianchi – 2000/2003

Um time “embaçado” para enfrentar, especialmente em mata-mata. Mas também capaz de ganhar o Apertura invicto, no início desta caminhada em 1998. Equipe que sabia amassar os adversários na Bombonera e cinicamente cozinhá-los como visitante. E, se tudo desse errado, ainda havia o “rei dos pênaltis” Oscar Córdoba na meta.

No ritmo de Juan Roman Riquelme. Craque um tanto tímido, de hábitos estranhos. Mas um “enganche” de enorme talento e leitura de jogo, inclusive da temperatura. O típico dez que dita o ritmo, acelerando ou escondendo a bola. Faturando a Libertadores em 2000, 2001 e 2003, superando o milionário Palmeiras e o Santos de Diego e Robinho. No último sem Riquelme e Palermo, mas com o jovem Carlos Tévez e Guillermo Schelotto. Uma máquina de faturar taças comandada por Bianchi, um estrategista copeiro que estava na hora certa e no clube certo para fazer história.

10º – Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo – 1996

Sim, o time alviverde mais vencedor comandado por Luxemburgo foi o de 1993/94. Este foi um “meteoro” que não durou seis meses. Mas, ora bolas! Futebol também é lúdico, capaz de fazer sonhar e encantar. E este que escreve chegou a faltar aulas e deixar de ver o time de coração para acompanhar esse futebol encantador.

Foram 102 gols e 13 goleadas de um time fulminante. Cafu e Júnior voando nas laterais, Djalminha e Rivaldo entregando talento no meio, Muller fazendo o pivô e Luizão perdendo e também fazendo muitos gols, tamanha era a superioridade coletiva e individual. Que encaixou no primeiro treinamento, segundo relato do próprio Djalminha a este que escreve em um “Bola da Vez” na ESPN Brasil em 2014. Só um título paulista, um revés doído para o Cruzeiro na final da Copa do Brasil, mas e daí? Nunca será esquecido e está na lista porque sim!

É isso!

Certamente muitos flamenguistas que acham que o futebol começou em 2019 vão cobrar: “Ain, e o time atual do Jorge Jesus?” Calma! Vamos esperar construir a história da equipe, ainda que ganhar Brasileiro com recorde nos pontos corridos e Libertadores no mesmo ano seja um feito espetacular. Mas vamos aguardar!

Para os mais inconformados, fica a promessa de uma análise mais detalhada do atual campeão nacional e continental em breve.

 

 

 

 

 

 

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Palmeiras e Flamengo sofrem com anticlímax e irresponsabilidade http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/14/palmeiras-e-flamengo-sofrem-com-anticlimax-e-irresponsabilidade/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/14/palmeiras-e-flamengo-sofrem-com-anticlimax-e-irresponsabilidade/#respond Sat, 14 Mar 2020 23:36:01 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8162 A pandemia de coronavirus parou o futebol nos principais centros do mundo e deveria ter interrompido a temporada também por aqui, diante dos riscos de contágio no Brasil que ainda não sofre com milhares de casos como a Itália, por exemplo.

Mas o calendário nacional segue, só parando as competições da Conmebol. Justamente a prioridade dos que disputam a Libertadores, como Flamengo e Palmeiras. De repente, só restou o estadual para jogar no curto prazo. Ou nem isso, se as federações tomarem providências baseadas no bom senso e parar tudo.

Natural desconcentrar, até desanimar, apesar do profissionalismo. Como será daqui por diante? Quanto tempo até solucionar o problema e não colocar vidas em risco? Haverá sequência do torneio continental?

O Palmeiras foi a Limeira, certamente com todas essas questões em mente. Estádio com público e jogadores e os treinadores Vanderlei Luxemburgo e Elano se cumprimentando antes da bola rolar. Uma irresponsabilidade.

Não faltou transpiração ao time alviverde. Novamente no 4-2-3-1 com Dudu livre para circular e se juntar a Willian, Luiz Adriano e Rony. Mais uma vez com dificuldades para circular a bola, tanto que Luxemburgo trocou Ramires e Bruno Henrique por Patrick de Paula e Zé Rafael. Ainda Luiz Adriano por Lucas Lima. Ou seja, refez o meio-campo para tentar criar.

Sofreu ainda mais depois que Airton foi expulso aos oito do segundo tempo e a equipe de Limeira se trancou de vez. Precisou das defesas de Rafael Pin, mas se virou bem. Faltou efetividade ao Palmeiras no “abafa”. 70% de posse, 15 finalizações a seis – seis a dois no alvo. Chute na trave de Dudu, de novo o destaque palmeirense, no primeiro tempo. Mas não foi às redes.

Sina que parecia a do Flamengo no Maracanã. Em um clima ainda mais fúnebre pelo estádio vazio e por estar em disputa apenas a Taça Rio. Segundo turno do Carioca que era objetivo para abreviar o torneio e se preparar para os grandes objetivos da temporada. Agora a pressa perdeu o sentido. Para piorar, o risco por conta do teste positivo do vice Mauricio Gomes de Mattos, que esteve com jogadores e comissão, que também se submeteram à verificação, mas o resultado só sairia depois da partida! Uma insanidade.

Tudo isso entrou em campo contra a Portuguesa fechada com linha de cinco atrás e time compacto em trinta metros guardando a meta de Milton Raphael. Sem Diego Alves, Gustavo Henrique, Filipe Luís, Gerson, Thiago Maia e Gabriel Barbosa, o time de Jorge Jesus foi preguiçoso na maior parte do tempo.

Nem com o gol do lateral esquerdo Maicon Douglas, em chute que desviou em Rafinha e saiu do alcance de César, a equipe saiu da letargia na construção das jogadas. Pouca mobilidade e intensidade apenas na pressão logo após a perda da bola, mas sem a “fome” de outros momentos. Deve mesmo ser difícil se acostumar com o ambiente do Maracanã cheio todo jogo e se deparar com arquibancadas vazias.

A virada veio no final, no cansaço do adversário de menor investimento. Desorganizado, com Michael e Vitinho abertos, Bruno Henrique e Lincoln por dentro e apenas Everton Ribeiro e De Arrascaeta no meio.  O time correu ao menos, pela invencibilidade de Jorge Jesus no estádio que parecia escorrer em um revés improvável.

O esforço foi suficiente para empatar com Vitinho, em chute que desviou no zagueiro Marcão. A virada veio em jogada exigida por Jesus e que pouco aconteceu no jogo: o passe entrelinhas. Antes a Portuguesa negava espaços e não havia esforço. Com o time da Ilha do Governador exausto, apareceu a brecha para Renê achar Arrascaeta e o chute no canto fechar os 2 a 1 já nos acréscimos.

Difícil vislumbrar algo mais à frente com o futuro tão incerto. Palmeiras e Flamengo, concentrados na Libertadores e candidatos a campanhas 100% na fase de grupos, viveram um sábado de anticlímax no futebol brasileiro. Melhor seguir o que foi feito em quase todo mundo e preservar a saúde de todos.

(Estatísticas: SofaScore)

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Palmeiras de Luxa não “foge” de Felipão/Mano. Ainda lembra Marcelo Oliveira http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/02/palmeiras-de-luxa-nao-foge-de-felipao-mano-ainda-lembra-marcelo-oliveira/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/02/palmeiras-de-luxa-nao-foge-de-felipao-mano-ainda-lembra-marcelo-oliveira/#respond Mon, 02 Mar 2020 09:02:54 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8072

Foto: Cesar Greco / Foto Arena / Estadão Conteúdo

Vanderlei Luxemburgo voltou ao Palmeiras depois de 10 anos prometendo resgatar o futebol ofensivo de seus tempos áureos nos anos 1990. Mais posse de bola, pressão no campo de ataque e presença no campo adversário.

Não foi a tônica dos últimos trabalhos do treinador veterano, mas o elenco mais forte e o propósito do clube depois do ano passado com Luiz Felipe Scolari e Mano Menezes pareciam forçar o treinador a uma mudança na prática.

Ao menos até aqui, nos confrontos contra as equipes de Série A – São Paulo, Red Bull Bragantino e Santos -, Luxemburgo e Palmeiras seguem com melhor desempenho quando encontram espaços para as transições ofensivas em velocidade.

Sim, o time é mais voltado para o ataque, não se entrincheira na defesa. Mas não “foge” muito de 2019 quando encontra dificuldades na circulação da bola com o adversário em fase defensiva, a saída de bola muitas vezes é confusa, embora com menos ligações diretas que a de Felipão, e as ações de ataque ainda ficam muito por conta das individualidades. Especialmente com Dudu.

O craque palmeirense começou o clássico com o Santos no Pacaembu alternando pelos flancos com Willian e Luiz Adriano no centro do ataque. Mas o problema era o espaço entre os setores bem aproveitado pelo Santos, mesmo mais lento e menos intenso com Jesualdo Ferreira.

Os últimos minutos do clássico foram malucos, com um buraco entre as intermediárias, erros técnicos que geravam contragolpes seguidos das equipes. Divertido, mas uma “pelada” considerando que estavam em campo o segundo e o terceiro colocados do último Brasileiro.

Em um cenário caótico, a consequência natural de trocar Raphael Veiga e Luiz Adriano por Gabriel Veron e o estreante Rony foi puxar Dudu para dentro, com liberdade e participando mais do jogo. O camisa sete encontrou alguns bons passes e preencheu o vácuo entre volantes e quarteto ofensivo.

O Palmeiras da parte final do clássico contra o Santos: um 4-2-4 com Dudu centralizado, participando mais do jogo e tentando preencher o buraco no meio-campo. Lembrou o time de 2015 com Marcelo Oliveira (Tactical Pad).

Lembrando o Palmeiras campeão da Copa do Brasil de 2015, comandado por Marcelo Oliveira. Mas aquele ainda tinha Robinho como uma espécie de ponta armador pela direita como contraponto, se juntando aos meio-campistas. Do lado oposto, o menino Gabriel Jesus partia da esquerda em diagonal.

Desta vez foram dois ponteiros agudos e um atacante móvel partindo do centro. No modo “briga de rua”, de um jogo mais direto e vertical, pode funcionar. Mas dentro de um modelo mais propositivo, de controle do jogo pela posse, parece um contrasenso. Ou coerente com o Luxemburgo atual.

Na coletiva depois do clássico, o técnico disse que a atuação foi normal e o trabalho está no caminho certo. Ainda é início de temporada, mas os primeiros testes em jogos grandes não foram muito promissores. Vejamos na estreia da Libertadores.

Com Dudu aberto ou por dentro? Veremos na Argentina, contra o Tigre na quarta-feira.

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Sem gols, Palmeiras e São Paulo pagam por clássico “prematuro” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/26/sem-gols-palmeiras-e-sao-paulo-pagam-por-classico-prematuro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/26/sem-gols-palmeiras-e-sao-paulo-pagam-por-classico-prematuro/#respond Sun, 26 Jan 2020 21:25:25 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7866 O São Paulo controlou o “Choque-Rei” no início do primeiro tempo pela posse de bola. Em um 4-1-4-1 compacto, trazia o canhoto Helinho pela direita e o destro Vitor Bueno à esquerda cortando para dentro e procurando os meias Daniel Alves e Hernanes, criando superioridade numérica no meio. Com Tche Tche auxiliando Arboleda e Bruno Alves na saída de bola.

O Palmeiras sofria com setores espaçados e pouca mobilidade em um 4-2-3-1 que deixava Lucas Lima mais próximo de Luiz Adriano e fazia Dudu se sacrificar voltando pela esquerda, a mesma função de Gabriel Veron do lado oposto. Mudou depois da parada técnica, com mais dinâmica: Dudu e Lucas Lima alternando por dentro e aberto, revezando o posicionamento com Veron. Mais participação ofensiva dos meio-campistas por dentro também – Gabriel Menino e Ramires.

A equipe de Vanderlei Luxemburgo criou as melhores oportunidades, com Dudu recebendo de Lucas Lima e batendo em cima de Tiago Volpi e Ramires aparecendo para bater na trave. Nítida superioridade nos vinte minutos finais. Apesar dos 54% de posse do time de Fernando Diniz, além das dez finalizações a seis – três a um no alvo.

Vanderlei Luxemburgo desfez o 4-3-3 palmeirense da estreia, mas no 4-2-3-1 a equipe alviverde só cresceu quando fez Dudu, Lucas Lima e Veron circularem. São Paulo começou bem criando superioridade numérica no meio, dentro da execução do 4-1-4-1, mas faltou intensidade e profundidade (Tactical Pad).

Insatisfeito, Diniz trocou Helinho, que nada produziu pela direita nem auxiliou Juanfran na recomposição, por Liziero na volta do intervalo. Daniel Alves foi para a direita, mas com liberdade para circular. A ponto de aparecer na frente de Weverton numa reposição perfeita de Volpi e perder a melhor chance tricolor no jogo.

Vanderlei respondeu trocando Veron por Willian e depois os volantes: Ramires por Zé Rafael e Patrick de Paula. O calor na Arena Luminosa, em Araraquara, pesou no desgaste das equipes em um início de temporada. Mas novamente foi do Palmeiras a chance mais cristalina, na cabeçada de Luiz Adriano no travessão, completando cruzamento preciso de Marcos Rocha.

Diniz tentou aumentar a profundidade e o poder de fogo com Everton e Alexandre Pato nas vagas de Hernanes e Pablo, com Dani Alves voltando ao meio-campo e Vitor Bueno circulando mais por dentro. Mas de novo ficou a impressão de um time com intensidade baixa para um clássico. Morno, sem “punch”.

Mesmo com as substituições, times não mudaram suas estruturas táticas e foram cansando ao longo do tempo. São Paulo seguiu sem “punch”. Palmeiras teve a melhor chance com Luiz Adriano, mas segue dependendo demais de Dudu. Destaque para a boa movimentação de Lucas Lima (Tactical Pad).

Números equilibrados: São Paulo com 51% de posse, 17 finalizações para cada lado, 5 a 4 no alvo a favor do Tricolor. Mais uma chance desperdiçada de vencer o rival – são 11 anos de jejum no Paulistão. Para o Palmeiras, o incômodo de não ter conseguido se impor, mesmo com mando de campo e sendo ligeiramente superior. Precisa depender menos de Dudu, mas o desempenho de Lucas Lima novamente foi animador.

Problemas naturais em um início de temporada. Pagaram com apenas um ponto para cada lado. Janeiro não deveria ser mês de clássico. Faltou o gol no duelo “prematuro”.

(Estatísticas: SofaScore.com)

 

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