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André Rocha

Longe do título, confortável no G-4: a perigosa "ilha" do Grêmio

André Rocha

26/10/2015 14h37

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Início sem perspectivas com Luiz Felipe Scolari, reação surpreendente sob o comando de Roger Machado. Futebol atual: coletivo, tático, intenso. O Grêmio e seu treinador novato são as grandes surpresas lutando no topo da tabela do Brasileiro.

Como mandante ou visitante, uma equipe com setores próximos e valorizando a posse de bola, seja na criação de espaços ou no jogo reativo, quando necessário. O primeiro gol nos 2 a 0 sobre o Atlético no Mineirão foi um primor de construção do contragolpe finalizado por Douglas.

O bom trabalho em equipe atraiu holofotes para destaques individuais como Galhardo, Geromel, Walace, Douglas, Giuliano e Luan, além do selecionável Marcelo Grohe. Mas sempre deixando a impressão de que no time ajustado o jogador de nível técnico fraco parecia médio, o médio parecia bom e o bom, craque.

Ótima campanha para a capacidade técnica do elenco e pelas projeções pessimistas no início da competição. Mas para quem chegou a sonhar com o título que não vem desde 1996, a terceira colocação, a 14 pontos do líder Corinthians, pode parecer decepcionante.

Mas não é. Merece ser valorizada e administrada. A desconcentração na inacreditável virada imposta pela Chapecoense na Arena gremista e o empate sem gols no Maracanã contra o lanterna Vasco, cedendo 57% de posse e 20 finalizações ao time carioca, ligam o sinal de alerta.

Porque a impossibilidade, na prática, de levar a taça para Porto Alegre e a vantagem de seis pontos sobre o São Paulo, quinto colocado, associada à eliminação na Copa do Brasil para o Fluminense, criam uma espécie de "ilha" que isola o Grêmio numa zona de conforto. Morna, sem maiores ambições.

Um convite ao deslize nas seis últimas rodadas – Flamengo, Fluminense e Atlético-MG em casa; Sport, o Gre-Nal no Beira-Rio e Joinville longe de seus domínios. Confrontos que merecem mais atenção de um time que, se não está acomodado, parece disperso ou menos atento.

Sem competir, trabalhar taticamente e jogar no limite, o Grêmio produz pouco mais que o comum. Insuficiente para se manter na zona de classificação direta para a fase de grupos da Libertadores, mesmo com a matemática e os concorrentes ajudando.

A quinta colocação soaria como milagre em maio, mas em dezembro pode ser bem frustrante.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.