Há vida sem Messi (e Iniesta) no Barcelona de Neymar
No dia 26 de setembro, Lionel Messi teve séria lesão no ligamento colateral do joelho esquerdo logo no início da vitória por 2 a 1 sobre Las Palmas. Na partida seguinte, pela Liga dos Campeões, foi a vez de Iniesta sentir a coxa direita e ser a má notícia da primeira vitória na Liga dos Campeões do atual campeão europeu: 2 a 1 sobre o Bayer Leverkusen no Camp Nou.
Sem poder utilizar os contratados Alexis Vidal e Arda Turan por conta da punição ao clube por descumprir a legislação sobre a contratação de menores que só termina na janela de inverno em janeiro, Luis Enrique ficou com elenco ainda mais curto. A incerteza era se haveria vida em time tão desfalcado e os prejuízos neste período poderiam comprometer toda a temporada 2015/16.
A derrota para o Sevilla por 2 a 1 logo em seguida parecia um prenúncio de crise, até pelo contraste com o ótimo início do Real Madrid de Rafa Benítez. Mas a recuperação veio rapidamente: quatro vitórias consecutivas, três na liga, uma na Champions. Mais um empate sem gols com o Villanovense utilizando time alternativo na Copa do Rei. Liderança no Grupo E do torneio continental, disputa ponto a ponto com os merengues pela ponta do Espanhol.
De fato, os adversários não são um parâmetro confiável para avaliar desempenho: Rayo Vallecano, Bate Borisov, Eibar e Getafe. Pelo contexto, porém, os resultados são mais importantes.
Ainda assim, o protagonismo de Neymar merece ser destacado. Cinco assistências, mesmo número de gols que alçaram o brasileiro a artilheiro do campeonato espanhol, com nove. Repertório cada vez mais rico de dribles, mudando de direção e surpreendendo os marcadores. Símbolo de um Barcelona definitivamente mais vertical, em especial no último terço do campo.
Não que já não fosse assim. Na temporada passada, a tríplice coroa já foi conquistada com um estilo diferente. Ainda a posse de bola, o jogo apoiado, o ataque posicional. Mas desta vez acionando mais rapidamente o trio MSN e definindo a jogada com profundidade e vitórias pessoais no um contra um.
Messi à direita, mas partindo para resolver. Abrindo o corredor para Daniel Alves ou Rakitic, trocando com Suárez em progressão num movimento em "x" – o argentino cortando da direita para dentro, uruguaio infiltrando no espaço às costas da retaguarda. Ou invertendo para a entrada em diagonal de Neymar. Sem contar as arrancadas imparáveis com a bola pregada no pé esquerdo. Um "sete" com funções de "dez".
Bem diferente do "falso nove" dos tempos de Guardiola. Naquela era, o centro nervoso ficava no meio-campo, com superioridade numérica e troca paciente de passes entre Xavi, Iniesta e Messi para criar espaços. Quando está em campo, o camisa oito é mais um facilitador, que coloca o corredor esquerdo com Jordi Alba e Neymar para funcionar. Mais apoio que protagonismo.
Na equipe adaptada, o 4-3-3 tradicional conta com menos variações. Pela direita, Munir El Haddadi ou Sandro Ramirez atua como ponta, obviamente sem o repertório de Messi como articulador. Por outro lado, colaboram mais na recomposição e liberam Neymar para participar da criação, com Rakitic e Sergi Roberto e procurando Suárez. Ou mesmo Busquets, avançado como meia quando Mascherano é adiantado para o meio-campo.
Muito apoio dos laterais Daniel Alves e Alba. E movimentação. No segundo gol sobre o Getafe, Sergi Roberto é quem cria pela direita. A consequência natural é um jogo ainda mais direto, mesmo mantendo a média de 60% de controle da bola. Ainda marcando na frente por pressão e propondo, mas num ritmo diferente. O de Neymar.
Assim segue vivo em todas as frentes, à espera do retorno dos talentos fora de combate – Iniesta já ficou no banco na vitória sobre o Getafe. Também dos reforços e de quem mais poderá vir em janeiro – Philippe Coutinho? Completo e maduro na variação de ritmos e estilos, o time do século 21 pode ser ainda mais inteligente e letal em busca de novas conquistas.
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