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André Rocha

Há tempo para o Real Madrid sair da terra arrasada - o problema é a ilusão

André Rocha

05/12/2015 17h07

Rafa Benítez foi irresponsável na formação que foi surrada pelo Barcelona no Santiago Bernabéu e o clube, no mínimo, amador ao escalar Cheryshev, suspenso, diante do Cádiz e, mesmo com vitória por 3 a 1, ser eliminado na Copa do Rei.

Terra arrasada, sim. Mas a vida segue na liga espanhola e na Champions. Material humano não falta. A questão é ajustar as peças à forma como Benítez pensa futebol. Ou os talentos se acertarem no campo.

Para isso serve o Getafe. Nas últimas duas temporadas, quatro vitórias merengues, 17 gols marcados e quatro sofridos, incluindo um massacre histórico por 7 a 3. Cristiano Ronaldo marcara 18 vezes em dez partidas.

Desta vez fez apenas um, infiltrando pela direita. Absorvido por problemas extra-campo, Benzema precisava mais e deixou dois nos 4 a 1 no Bernabéu. Bale marcou o outro, reeditando o trio "BBC".

Além de Pepe e Nacho na zaga, Lucas Vázquez na lateral direita e Danilo improvisado à esquerda pelas ausências de Marcelo, Varane e Sergio Ramos, a principal mudança no time merengue foi silenciosa.

Benítez definiu Cristiano Ronaldo no centro do ataque, mas com mobilidade e aparecendo pela esquerda. Sem a bola, porém, o português participa apenas da pressão no campo adversário.

Bale, Benzema e James Rodríguez alternam nas outras três funções do quarteto ofensivo. Mas com a lógica de Carlo Ancelotti: James trabalha com Modric e Kroos e aparece mais pela esquerda; Bale, embora centralizando em vários momentos e abrindo o corredor para os laterais, é atacante. Benítez vai enxergando o óbvio.

Só não consegue, por enquanto, compactar os setores e transferir uma solidez defensiva que não dependa de Keylor Navas ou das limitações dos rivais quando ultrapassam a marcação adiantada. O Real relaxou no segundo tempo e o Getafe diminuiu o placar e criou algum perigo. Problemas coletivos que a simples entrada de Casemiro não vai resolver.

Tempo para encontrar soluções não vai faltar. Na Liga dos Campeões, confirmar a liderança do Grupo A diante do Malmo e rezar por um sorteio generoso. No campeonato nacional, seguir competitivo para não permitir que o Barcelona dispare e o Atlético de Madrid se consolide na vice-liderança.

Mas é preciso evoluir, não só em resultados. O perigo pode ser a ilusão de recuperação em jogos mais fáceis e nos confrontos mais complicados ficar escancarado o que o planeta bola percebe e grita: a precipitação na demissão de Ancelotti e o equívoco na escolha do substituto.

Só Florentino Pérez não enxerga. Ou finge que não vê.

Com desfalques na defesa, o Real Madrid reagrupado com mais movimentação na frente e o corredor livre para Lucas Vázquez descer pela direita e se juntar ao quarteto ofensivo com Cristiano Ronaldo mais à frente e liberdade para Bale, James e Benzema (Tactical Pad).

Com desfalques na defesa, o Real Madrid reagrupado com mais movimentação na frente e o corredor livre para Lucas Vázquez descer pela direita e se juntar ao quarteto ofensivo com Cristiano Ronaldo mais à frente e liberdade para Bale, James e Benzema (Tactical Pad).

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.