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André Rocha

Palmeiras segue intenso no ritmo de Dudu, mas também pode controlar o jogo

André Rocha

01/02/2016 07h13

O sucesso do Barcelona fez o jogo de posse de bola ser valorizado em todo o mundo. Inclusive no Brasil, ainda que um pouco mais tarde.

Se o time tem a bola corre menos perigo atrás e está mais perto do gol que o adversário. Raciocínio óbvio. Mas a execução não é tão simples. Requer técnica, coordenação. Precisão para não ser surpreendido em um contragolpe. Principalmente inteligência para saber a hora de acelerar na zona de decisão: o último terço de campo no ataque.

Mas o futebol é generoso e democrático. É possível vencer de várias formas, inclusive colocando velocidade o tempo todo, definindo rapidamente a jogada. Vertical, direto. Às vezes apressado.

Como o Palmeiras de Marcelo Oliveira, campeão da Copa do Brasil e mostrando já na estreia do Paulista contra o Botafogo em Ribeirão Preto que deve seguir com intensidade, no ritmo do elétrico Dudu.

O posicionamento inicial mais centralizado no 4-2-3-1 dá ao camisa sete, principal contratação de 2015, a liberdade para circular por todo o ataque. Pela esquerda, o lindo drible no bom zagueiro Caio Ruan. Dudu cria e finaliza, como no segundo gol em contragolpe letal.

Lindo lançamento de Robinho, que trabalha mais próximo aos volantes Arouca e Thiago Santos e também tem autonomia para aparecer pelo meio, mas partindo do lado direito. Sem muitos passes de controle para ficar com a bola e dar pausas ao jogo.

O Palmeiras teve 53% de posse muito mais pelo volume de jogo. Arrisca a ligação direta para ganhar a segunda bola e seguir atacando. 83% de efetividade nos passes contra 86% do adversário. Tentou 53 lançamentos e acertou 19. Mas só 52 perdas de bola, enquanto o Bota perdeu 56.

Apesar do jogo direto, Alecsandro, substituto de Barrios, reclamou no primeiro tempo por ser pouco acionado e ter que recuar para trabalhar a bola. Até Lucas centrar na cabeça do centroavante para abrir o placar. Um dos três cruzamentos corretos em 16 tentativas.

Com o retorno de Gabriel e o aproveitamento de Jean, o meio-campo pode reter um pouco mais a bola e evitar esse bate-volta. Importante para não desgastar tanto e dar um respiro para a defesa que ainda não foi vazada na temporada. Muito por conta de Fernando Prass e da última linha mais bem posicionada, no segundo tempo com três zagueiros após a entrada de Roger Carvalho. Mas ainda sofre.

O ideal no futebol atual, ou desde sempre, é ter um time inteligente e adaptável. Até o Barca teve que rever conceitos dentro do próprio estilo e acrescentou Suárez e Neymar para ser rápido e contundente quando necessário.

Na realidade brasileira, o time de Marcelo Oliveira pode ser ainda mais consistente se aprimorar a leitura de jogo e aprender a ficar com a bola em alguns momentos apenas para variar o ritmo. Ainda que com passes curtos e sem objetivo imediato.

Para Robinho acionar Dudu na hora certa. Para o Palmeiras do elenco robusto ser forte e competitivo na Libertadores, meta maior do clube em 2016.

Palmeiras de Marcelo Oliveira é vertical e tem Dudu livre circulando por todo o ataque e Robinho partindo da direita para armar o time que começa 2016 com a última linha defensiva melhor posicionada (Tactical Pad).

Palmeiras de Marcelo Oliveira é vertical e tem Dudu livre circulando por todo o ataque e Robinho partindo da direita para armar o time que começa 2016 com a última linha defensiva melhor posicionada (Tactical Pad).

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.