Guardiola + orçamento bilionário = sucesso no Manchester City. Será?
Pep Guardiola seguiu o caminho mais lógico em sua primeira e tão sonhada aventura na Premier League. Vai para o Manchester City trabalhar novamente com os gestores Ferran Soriano e Txiki Begirinstain. Trio que ajudou a reconstruir e consolidar o Barcelona no topo do planeta bola.
Além do belíssimo salário, um orçamento bilionário, quase ilimitado proporcionado pelo sheik dono do clube e liberdade total para comandar o futebol. Sem a filosofia bem definida do Barcelona nem as diferentes ideias e tradições no Bayern de Munique.
Guardiola parece ser o único capaz de convencer Messi a deixar Barcelona, já que o dinheiro por lá também é farto para o argentino que é tratado como rei e tem um porto seguro para seu estilo mais discreto.
Tudo conspira a favor do projeto do City: Guardiola, o técnico que revolucionou o esporte nesta década, comandando craques com respaldo de ótimos gestores e estrutura top. A fórmula perfeita? Talvez não.
A começar pela personalidade do gênio catalão. Perfeccionista, que assume a pressão e todas as responsabilidades. Dá tudo de si e cobra o máximo de todos. Discute desde o nutricionista até onde o seu jogador esteve na noite passada. Em um elenco de estrelas, mesmo escolhidas a dedo, pode gerar um enorme desgaste.
Inclusive pelos jogadores que hoje estão no lado azul de Manchester. Certamente muitos ficarão – até pelos longos contratos e o fairplay financeiro, mesmo com os dribles habituais dos clubes milionários – e já devem estar sofrendo a influência de Yaya Touré. Descartado por Guardiola no Barcelona em 2010 e que não esconde a mágoa por ter ficado de fora de um dos melhores times da história do esporte. Ainda que Busquets seja mais jogador que o marfinense.
Entrar neste vestiário não será tarefa simples. Até pelo carinho de todos com Manuel Pellegrini, que assim como Jupp Heynckes no Bayern pode, sim, deixar o clube com títulos relevantes. Inclusive a tão sonhada Liga dos Campeões, um legado que encostaria Guardiola na parede antes mesmo de assumir.
Outro ponto que merece atenção: o treinador catalão venceu a briga com o departamento médico do Bayern e quase todos os profissionais foram trocados. O elenco, porém, segue acumulando baixas por lesões, muitas musculares. Não estaria exigindo demais e estourando os atletas nesta busca insana pela perfeição em um modelo de jogo tão complexo? Será assim também no City?
Incógnita. Até pela competitividade crescente na Inglaterra. Onde não há o abismo de forças na Espanha e na Alemanha. Que já conta com o algoz Jurgen Klopp no Liverpool e pode ter o retorno de José Mourinho, quem sabe no rival da cidade, o United?
O projeto do City tem como meta óbvia a conquista da Liga dos Campeões até o fim do contrato do treinador/manager. Duelando com Barcelona, Real Madrid e o próprio Bayern, agora com Carlo Ancelotti, tricampeão europeu. A última conquista com o Real que pulverizou o próprio time alemão na semifinal com o "antídoto" até hoje considerado o mais perfeito ao jogo de posição.
Haverá pernas, união e força mental para sustentar o talento? O orçamento pode não ter limites, mas não compra a garantia de sucesso. Nem de Guardiola.
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