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André Rocha

Quem vai se sacrificar por Robinho: Dátolo ou Lucas Lima?

André Rocha

10/02/2016 08h38

Robinho decide na sexta-feira se volta para casa em Santos – com todo carinho, crédito de ídolo e competições menos duras até maio – ou aceita o desafio no Atlético Mineiro: Libertadores e um novo ambiente, com mais cobranças e um contrato com premiações por metas cumpridas.

Em qualquer clube, Robinho terá que se recuperar fisicamente. Também resgatar a capacidade de competir em nível mais alto, já que na China a exigência foi bem menor. No final, inclusive, seu rendimento foi abaixo mesmo lá. Sua atuação no primeiro tempo contra o América do México no Mundial foi pluripatética. Irritou Felipão e nem voltou do intervalo.

Mesmo na condição ideal, Robinho criaria um problema tático em Santos ou Belo Horizonte. Porque gosta de atuar pela esquerda, porém não tem característica, idade, fôlego e disciplina para fazer o trabalho que se exige sem a bola: pressionar a saída do oponente pelo setor ou recompor rapidamente para que o lateral da sua equipe não fique sozinho no combate.

Por isso, alguém do meio-campo vai acabar sacrificado. No 4-2-3-1 utilizado tanto por Dorival Júnior quanto Diego Aguirre, a tendência é o meia central pagar o pato: Dátolo ou Lucas Lima.

Santos ou Atlético-MG? Em qualquer um, Robinho deve jogar solto pelo lado direito, cortando para dentro e procurando o centroavante. Mas também sacrificando Lucas Lima ou Dátolo na recomposição pela esquerda (Tactical Pad).

Santos ou Atlético-MG? Em qualquer um, Robinho deve jogar solto pelo lado direito, cortando para dentro e procurando o centroavante. Mas também sacrificando Lucas Lima ou Dátolo na recomposição pela esquerda (Tactical Pad).

Canhotos, procuram o lado esquerdo naturalmente. No Santos de 2015, campeão paulista, Lucas Lima já voltava para cobrir Robinho e compor uma segunda linha de quatro. Porque Ricardo Oliveira fica no centro do ataque. O mesmo seria com Lucas Pratto, que por enquanto segue no Galo. Dátolo também já executou a função, nas vezes em que atuou com Luan e Giovanni Augusto na linha de meias. Nenhum segredo.

Mas prejudica a articulação, pelo maior desgaste físico de quem tem que pensar o jogo. No Guangzhou Evergrande, Ricardo Goulart e Elkeson se revezavam na volta para cobrir o lado de Robinho, que é criativo, mas não construtor de jogo.

No Guangzhou Evergrande de Felipão, Robinho não voltava na recomposição pela esquerda e sacrificava Elkeson e Ricardo Goulart (reprodução Fox Sports).

No Guangzhou Evergrande de Felipão, Robinho não voltava na recomposição pela esquerda e sacrificava Elkeson e Ricardo Goulart (reprodução Fox Sports).

A questão é: vale o sacrifício? Robinho ainda pode entregar em gols, assistências, liderança e presença midiática a compensação por menos suor no combate aos rivais?

Na sexta-feira, o "rei das pedaladas" ou "presidente da resenha" define em qual clube brasileiro atuará em 2016. Seu novo técnico espera ganhar uma solução. Porque o meia criativo, ou "camisa dez", do time terá um problema a mais para resolver.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.