Tite pode resgatar técnica e tática no novo Corinthians, mas não a “casca”
Sempre que se refere ao Corinthians que ganhou a América e o mundo de forma invicta em 2012, Tite exalta a maturidade. De um grupo com jogadores que viveram o inferno da Série B, duros reveses contra Sport na Copa do Brasil 2008 e o histórico Tolima no ano do título brasileiro sofrido no jogo final contra o Palmeiras – dia da morte de Sócrates.
Vencedor e seguro para encarar decisão na Bombonera e o Chelsea campeão da Liga dos Campeões. Alma, mas também calma. Fibra e sabedoria.
Em 2016, a esperança era aproveitar a vivência do ano anterior, com dificuldades financeiras, decepção na Libertadores, saídas de Emerson e Guerrero e redenção no sexto título brasileiro da história do clube.
Mas veio a China e levou Gil, Ralf, Renato Augusto e Jadson. Love foi para a França. Todos com histórias de superação para contar. Lideranças naturais que jogavam e impunham respeito.
Com o desmanche, a reconstrução. Tite trabalha, testa peças no mesmo 4-1-4-1. Nas últimas partidas, ainda sem Elias. A última referência.
O treinador reorganizou o Corinthians, incutiu os conceitos do modelo de jogo com relativa rapidez. Os setores ganham coordenação, equilíbrio. Com Yago, Bruno Henrique, Rodriguinho, Giovanni Augusto, Guilherme e André.
A "casca", porém, é intransferível. Só vivenciando. Este time está se conhecendo e ajustando. Em técnica e tática, mas também na inteligência emocional. Sujeito a todas as oscilações possíveis.
Primeiro tempo seguro no Defensores Del Chaco, mesmo com os passes errados compreensíveis pela sintonia que não é, nem pode ser tão fina. Gol de André, bola na trave, outras oportunidades.
Veio a pane mental. Logo dos comandados de um profissional que exige tanto a concentração. Empate, expulsões tolas de André e Rodriguinho, virada do time de Beltrán e Sergio Diaz. 3 a 2 com o gol de Giovanni Augusto cobrando pênalti. Derrota doída, mas não tão grave. Seis pontos e a volta contra os paraguaios em Itaquera para recuperar a liderança.
O problema é confiar. Porque Tite pode tudo no Corinthians, menos jogar e viver pelo novo time que vai moldando.
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