Simples e inteligente: o trabalho bem feito de Ricardo Gomes no Botafogo
Quando assumiu o Botafogo em julho do ano passado, Ricardo Gomes era uma grande incógnita. Tanto pela própria condição física para voltar a atuar como treinador depois de traumático acidente vascular em 2011, como pela demissão de René Simões com o time na liderança da Série B, prioridade na temporada.
Ricardo fez o simples: montou um 4-3-1-2 que dava liberdade a Daniel Carvalho para acionar a velocidade de Neilton e a presença de área do surpreendente Navarro. O elenco montado para voltar à Primeira Divisão teve o título como cereja do bolo.
2016 chegou e a notícia não era boa para o técnico: o grupo de jogadores que já suscitava dúvidas se conseguiria competir na Série A ficaria ainda mais enfraquecido pelas muitas dificuldades financeiras de um clube sem o Engenhão para gerar novas receitas. Desmanche inevitável.
Restava ao treinador aproveitar os oriundos da base, como Fernandes e Luis Henrique, e contratações dentro do orçamento, como os sul-americanos Joel Carli, Gervásio, Lizio e Salgueiro. Jefferson continuaria sendo o grande pilar. Símbolo e liderança.
Sem muita margem de manobra para qualificar o elenco, Ricardo Gomes trabalhou na reconstrução. Armou duas linhas de quatro bem próximas e, sem meias talentosos para a criação desde a intermediária, apostou em marcação adiantada e transição rápida pelos flancos.
Sem abrir mão de jogar. Desde o jovem zagueiro Emerson, passando pela redenção de Aírton, volante marcador e violento. "Cão de guarda" que entendeu a necessidade de participar da construção. A ponto de aparecer à direita e cruzar para Gegê finalizar e Ribamar, outro vindo da base, desviar para abrir o placar contra o Fluminense no Raulino de Oliveira.
Abertura da Taça Guanabara. Depois da melhor campanha da primeira fase: sete vitórias e um empate, contra o favorito Vasco em São Januário. Golaço de falta de Emerson. Antes, 2 a 0 sobre o Fluminense.
Só não repetiu o triunfo sobre o tricolor em Volta Redonda pelo gol de Gum no último lance. Decepção porque os resultados transmitem confiança ao time recém formado e paz para o treinador.
Vale, porém, mais uma atuação consistente diante de um time de Série A. Jogando futebol atual, conseguindo imposição tática pela coordenação dos setores. Mesmo com nítida inferioridade técnica e a imaturidade mais que compreensível dos garotos. Descontando toda a relatividade de um estadual.
Mérito de Ricardo Gomes, comandante simples e inteligente como o ótimo zagueiro que foi, enquanto os joelhos permitiram. Sereno, querido por todos. Um facilitador para o ambiente de trabalho positivo.
Difícil vislumbrar as possibilidades do Botafogo no Brasileiro. Cabe lembrar, porém, a impressionante campanha de Roger Machado no Grêmio. De time que lutaria para não cair com Felipão à classificação para a Libertadores.
É muito provável que não chegue a tanto. Mas o trabalho bem feito costuma proporcionar belas surpresas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.