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André Rocha

A terra arrasada em jogo coletivo do Palmeiras que vai dar trabalho a Cuca

André Rocha

18/03/2016 00h23

Os primeiros 45 minutos do Palmeiras na estreia da Cuca diante do Nacional em Montevidéu foram de tentativas válidas: ficar com a bola e aproximar mais os setores em duas linhas de quatro, com Zé Roberto aberto pela esquerda no meio e Dudu avançado e mais próximo de Alecsandro.

Mas dois problemas crônicos dos tempos de Marcelo Oliveira são difíceis de resolver, exigem tempo e trabalho. A primeira é qualificar a saída de bola e evitar o chutão. Primeiro foi Gabriel a recuar para ajudar os zagueiros Edu Dracena e Vitor Hugo. Depois Arouca.

Não basta, porém, recuar um volante para fazer a saída de três, ou "lavolpeana". O objetivo é espetar os laterais, congestionar o meio e criar superioridade numérica ora pelo flanco, ora no centro.

Para isso, movimentação e trabalho coletivo são fundamentais. Criar linhas de passe, tocar e já se desmarcar. Não deixar o companheiro sozinho. Outro erro grave do time com Marcelo Oliveira. Diante da pressão do Nacional complicou ainda mais.

Lucas e Egídio foram mal na primeira etapa. Responsabilidade deles, mas também da falta de opções quando pressionados. Um jogo mais apoiado minimizaria os erros.

O Palmeiras teve 47% de posse, mas nenhuma finalização. De positivo, as 18 roubadas de bola. Inegavelmente o time já ficou mais bem posicionado, mesmo cedendo espaços ao rival. Sem perseguições individuais. Ponto para Cuca.

Palmeiras de Cuca no primeiro tempo com duas linhas de quatro, Dudu mais próximo de Alecsandro. Linhas mais próximas, mas problemas coletivos dos tempos de Marcelo Oliveira que fizeram a equipe sofrer diante do organizado e intenso Nacional (Tactical Pad).

Palmeiras de Cuca no primeiro tempo com duas linhas de quatro, Dudu mais próximo de Alecsandro. Linhas mais próximas, mas problemas coletivos dos tempos de Marcelo Oliveira que fizeram a equipe sofrer diante do organizado e intenso Nacional (Tactical Pad).

Na segunda etapa, as entradas de Robinho e Gabriel Jesus eram até óbvias. A saída de Egídio também, com Zé Roberto voltando. Mas ao tirar Allione repaginou a equipe num 4-3-3 pouco produtivo, apesar da maior disposição para atacar. Arouca mais plantado que Gabriel, Dudu à esquerda e Jesus pela direita.

Falha coletiva, gol do artilheiro López. Sem transição ofensiva, Cuca apelou para um 4-2-4 ao trocar Gabriel por Lucas Barrios. Até criou para Alecsandro finalizar e fazer o goleiro Conde trabalhar. Mas a equipe alviverde ficou espaçada, com ligações diretas.

O 4-2-4 alviverde na segunda etapa com dupla de centroavantes que teve presença ofensiva, porém pouca criatividade e compactação (Tactical Pad).

O 4-2-4 alviverde na segunda etapa com dupla de centroavantes que teve presença ofensiva, porém pouca criatividade e compactação (Tactical Pad).

Derrota doída, que complica a vida no Grupo 2, atrás de Nacional e Rosário Central, o próximo adversário. Fora de casa. Não haverá tempo de correção. Porque Cuca recebe terra arrasada em termos táticos. O trabalho será duro.

[Em tempo: mais um caso de injúria racista em estádio. Crime. Tem que prender, punir exemplarmente. Não basta denunciar e fazer campanha. Sem medidas duras esse desrespeito enraizado em tantos não se corrige.]

(Estatísticas: Conmebol)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.