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André Rocha

Neymar nas Olimpíadas respeita contexto e bom senso

André Rocha

21/04/2016 11h21

Neymar selecao

Neymar vive uma temporada 2015/16 difícil. No Barcelona, marcação mais dura e maiores responsabilidades depois da Tríplice Coroa e a terceira colocação na Bola de Ouro FIFA. Queda técnica depois de ser o protagonista na ausência de Messi, eliminação na Liga dos Campeões, título ameaçado no Espanhol.

Na vida pessoal, tensão pelos processos envolvendo o craque e seu pai, além da tradicional patrulha de sua vida social. Neste ponto o blogueiro se dá o direito de se restringir aos fatos, sem juízo de valor. Até porque renderia outro post.

Na seleção brasileira, rumores de atritos com Dunga, dificuldade de adaptação à função de atacante mais centralizado para aproveitar a fase exuberante de Douglas Costa no Bayern de Munique e a ausência de um centroavante indiscutível. Cobranças pelos maus resultados e por não ser tão decisivo quanto no clube.

Por mais que família e staff tentem blindar, o desgaste é inevitável. Sem vitimizações. Também deixando de lado o clichê surrado "quem sofre é o trabalhador que acorda cedo e ganha mal".

Considerando que as últimas férias foram prejudicadas pela Copa América, todo esse cenário sugere um descanso físico e mental para Neymar no final da temporada no Velho Continente. Questão de bom senso. Descansa, depois joga. Não ao contrário.

Para o contexto brasileiro, a Copa América Centenário vale pouco. Talvez apenas para Dunga se afirmar no cargo de técnico depois da sondagem indireta da CBF a Tite. Ou buscar entrosamento da equipe na execução do 4-1-4-1 das últimas partidas para a sequência das Eliminatórias.

Pouco diante da oportunidade única de disputar o inédito ouro olímpico em casa. A Argentina, bicampeã, já dispensou Messi. O Brasil não pode abrir mão de sua estrela máxima e solitária.

Essa obsessão pela conquista nos Jogos Olímpicos pode parecer tola. O torneio tem essa aura de clandestinidade por não fazer parte do calendário FIFA. Mas perdê-la novamente, desta vez como país sede depois dos 7 a 1 seria mais uma dura pancada na autoestima.

Sim, a vitória da seleção é o triunfo de Marco Polo Del Nero, de Gilmar Rinaldi e de outras figuras controversas dentro de uma confederação para lá de suspeita. Sim, o evento já deu errado, com crise política, economia estagnada, superfaturamento, legado quase zero, chacota do mundo inteiro, ameaça de terrorismo, zika, chikungunya…

Mas é a camisa cinco vezes campeã mundial. Que atrai atenção até de quem deseja apenas criticar. A maioria das críticas muito justa.

De qualquer forma é a chance de não repetir a prata de 1984, 1988 e 2012, o bronze de 1996 e 2008. Nos ouvidos deste que escreve ainda ecoa a voz de Galvão Bueno: "Kanu, ele é perigoso. Entrou, bateu, acabou!" Traumático.

O Barcelona liberou, mesmo sem obrigação. Que Neymar descanse e esteja pronto para o que pode não ser importante para o planeta bola. Para a seleção brasileira, porém, é a glória que falta.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.