Nos pênaltis, Tite ganha asterisco e Fernando Diniz vira gênio
Uma enorme incoerência de nós, analistas, é clamarmos por novidades no futebol brasileiro, reclamarmos do imediatismo e do foco apenas no resultado dos nossos treinadores.
Mas quando surge um jovem técnico propondo algo novo, ou alinhado ao futebol atual mesmo numa equipe de menor investimento, exigimos que funcione logo nas primeiras tentativas, somos cruéis com o erro e condenamos na derrota. Respeitamos pouco o tempo.
Fernando Diniz não é Pep Guardiola. Nem tem o catalão como grande referência. É um técnico que quer apenas se sentir realizado com seu trabalho e ver os jogadores competindo, mas também se divertindo em campo. Psicólogo, sabe que errar faz parte do processo.
O modelo de jogo é uma escolha, não receita de bolo. Quem prefere construir desde a defesa corre riscos com a pressão do adversário no próprio campo. Mas se ultrapassar essa marcação, a chance de chegar na frente com igualdade ou superioridade numérica é considerável.
Optar pela ligação direta é arriscar o duelo do atacante de costas contra o defensor de frente. Se não ganhar o rebote, o oponente volta a ficar com a posse. Cansa mais, física e mentalmente. O jogador, em tese, gosta da bola.
O Audax prefere rodar a pelota. Mesmo que o goleiro Sidão se complique na reposição e os zagueiros errem passes eventualmente. Jogar é risco. Viver é arriscar. Mas pode dar prazer.
Dá gosto ver o time de Fernando Diniz. Trocas de posições, funções e desenhos táticos. Algumas ligações diretas para quebrar o estereótipo. Jogo bonito nos golaços de Bruno Paulo e Tchê Tchê na Arena do Corinthians. Com espaço para o pragmatismo e o estudo do adversário: Juninho e Bruno Paulo ajudando Velicka no combate a Fagner, que sentiu a ausência de Giovanni Augusto pela direita.
Ainda assim, disputa equilibrada: 52% de posse para o Corinthians, que também finalizou mais – 17 a 11, sete a seis no alvo. André foi às redes duas vezes. Primeiro completando bote e centro de Bruno Henrique, outro no centro de Romero em contragolpe cedido pelo Audax com 2 a 1 no placar.
A equipe de Tite teve o triplo de desarmes certos (24 a 8). Errou menos passes. Cresceu no segundo tempo com Romero e Rodriguinho, que deve ganhar a vaga de Guilherme, definitivamente sem aptidão para a função que era de Renato Augusto no 4-1-4-1.
O Audax poderia ter sido eliminado nos noventa minutos em Itaquera. Por seus erros e pelos méritos dos donos da casa. Ainda assim a campanha teria sido digna. Mas certamente o rótulo de "Professor Pardal" seria colado mais uma vez na testa de seu treinador.
Só que a classificação inédita e histórica para a decisão do Paulista veio nos pênaltis. Cobranças precisas, Sidão heroi e a trave ajudando nas cobranças de Fagner e Rodriguinho.
E aí Tite, de melhor do Brasil e inquestionável como o nome ideal para a seleção, ganha um asterisco pela falta de vitórias com atuações consistentes em jogos grandes e/ou decisivos de um time ainda em reconstrução.
Já Fernando Diniz vira gênio, técnico pronto para comandar um time de Série A no Brasileiro. Até merece. Mudou? Pouco. Mas ganhou. Por aqui é só o que vale.
(Estatísticas: Footstats)
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