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André Rocha

O “jogo de Libertadores” não é bom para ninguém. Pior para o Galo

André Rocha

12/05/2016 00h48

O São Paulo terá que jogar no Independência. Porque perdeu muito tempo no Morumbi com o "jogo de Libertadores". Faltas, provocações e pouco futebol para aproveitar um Atlético pilhado e preocupado apenas em sair vivo da capital paulista.

Diego Aguirre reeditou o 4-4-1-1 dos tempos de Peñarol vice-campeão em 2011. Duas linhas de quatro duras, compactas, negando espaços a Ganso. Patric pela direita, Junior Urso ajudando Douglas Santos do lado oposto. Mas perdeu a transição ofensiva com qualidade depois da saída de Robinho, lesionado, ainda no primeiro tempo.

Primeira etapa esquecível, com duas finalizações e onze faltas para cada time. Disparidade apenas nos cartões: cinco para o Galo – incluindo Junior Urso e Rafael Carioca, suspensos para a volta – e dois para o São Paulo. Sem fluência, o jogo teve uma bela jogada, mas Pratto estava impedido. De resto, apenas oportunidades em bolas paradas.

Tônica também na segunda etapa. Edgardo Bauza colocou Wilder Gisao e Michel Bastos pelos flancos, puxou Wesley para o meio e Lugano entrou na vaga do lesionado Maicon. Seguiu com Calleri isolado e Ganso pouco efetivo.

Aguirre fechou ainda mais sua equipe com Hyuri voltando pela direita, Patric à esquerda e trinca de volantes. Cautela compreensível, já que o empate seria mais que interessante.

Pagou no gol do redivivo Michel Bastos, que era dúvida para a partida por problemas físicos. Explosão interrompida pela queda de torcedores, vítimas de uma estrutura mambembe de proteção. Alma e identidade do estádio não podem ser sinônimos de insegurança.

Saldo final: cinco finalizações são-paulinas, nove atleticanas. Mas dois a um no alvo. Mais desarmes certos e faltas do Galo. Jogo feio, vantagem magra. A boa notícia para o tricolor é não ter sofrido gols em seus domínios.

O Atlético terá o Independência. Mas sem Rafael Carioca, melhor passador da Libertadores, vai sofrer para ter volume de jogo e se instalar no campo de ataque. A recuperação do Robinho é outra incógnita.

A disputa tensa e violenta não foi boa para ninguém. Confronto em aberto, porém a impressão é de que o prejuízo atleticano foi maior. Que tenhamos futebol em Belo Horizonte.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.