Está na hora do Flamengo esquecer a grife e efetivar Zé Ricardo
Quando Muricy Ramalho confirmou seu afastamento por problemas de saúde, o Flamengo se via afundado numa crise em campo e institucional.
O presidente Eduardo Bandeira de Mello aceitara ser chefe da delegação da CBF na Copa América Centenário, Guerrero em péssima fase partindo para servir a seleção peruana e Jayme de Almeida sem conseguir reorganizar a equipe.
Por isso este que escreve julgava que Zé Ricardo, interino que ganhou oportunidade pelo belo trabalho nas divisões de base, não tinha estofo para blindar e fazer o grupo pensar apenas no conteúdo tático que o treinador deixou claro que possuía desde o início. Pelo contexto, seria melhor esperar por Abel Braga.
É inegável que os resultados sustentaram Zé Ricardo. Inclusive a vitória por 1 a 0 sobre o Santa Cruz no Arruda. Mas como não apoiar a efetivação do profissional que, mesmo sem experiência no time principal, conseguiu organizar e salvar a terra arrasada de Muricy Ramalho na sua busca pelo estilo do Barcelona sem peças com características para a empreitada?
Se o tarimbado tetracampeão brasileiro não conseguiu dar consistência ao time, quem garante que outro veterano com currículo mais robusto terá sucesso?
Ainda mais no Flamengo, que historicamente foi vencedor com técnicos da casa. Em comum com Carlinhos, Andrade e Jayme de Almeida, a serenidade e a simplicidade. Fundamentais em um clube tenso e complexo.
Zé Ricardo erra. Natural pela pouca experiência e por ter a permanência condicionada à colocação na tabela. O 4-2-3-1 que varia para o 4-1-4-1 é bem coordenado e ganhou segurança atrás com Rever e Rafael Vaz na zaga, mas tem dificuldades na frente.
Falta criatividade além de Alan Patrick, que muitas vezes cadencia demais e torna a transição ofensiva lenta. Felipe Vizeu tem potencial, mas precisa amadurecer para jogar entre os profissionais na Série A. Quando o menino cansa, a opção por Marcelo Cirino no centro do ataque adianta pouco, não retém a bola na frente.
Também falta inteligência nas tomadas de decisão de jogadores como Rodinei, Márcio Araújo, Everton, Fernandinho e, principalmente, Cirino. O mais regular é Willian Arão. Protege a retaguarda, auxilia Alan Patrick na articulação e aparece na frente como surpresa, de trás. Como no chute forte que coloca o Fla ao menos temporariamente no G-4.
Campanha bem melhor que o esperado num cenário de desgaste por viagens constantes, reforços como Cuéllar e Mancuello sem rendimento e no banco, Guerrero ausente e reestruturação no comando do futebol, agora com a chegada de Mozer.
Méritos de Zé Ricardo. Está na hora de esquecer a grife e resolver o impasse. Valorizar o trabalho e afirmar o treinador novato.
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