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André Rocha

Time base+reforços pontuais= o Botafogo que tirou a liderança do Palmeiras

André Rocha

31/07/2016 21h27

Ricardo Gomes sucedeu René Simões em 2015 num momento de oscilação, comandou a volta à Série A, reconstruiu o time, fez boa campanha no Estadual, recusou proposta do Cruzeiro e está vivo na Copa do Brasil. Faltava a regularidade na sempre difícil transição para a primeira divisão em meio às dificuldades financeiras do clube.

O Botafogo sofreu com desfalques em um elenco já fragilizado, o que escancarou a necessidade de contratações. O clube foi ao mercado priorizando dois atacantes, um meia criativo e, na emergência, um goleiro para substituir o lesionado Jefferson.

Chegaram Pimpão, Canales, Camilo e Sidão. Com o retorno de titulares, Ricardo Gomes pôde combinar peças mantidas de 2015, reposições na virada do ano e mais três das quatro principais contratações.

O resultado foi a sólida atuação nos 3 a 1 sobre o Palmeiras na Ilha do Governador. Resgatando o 4-3-1-2 eficiente na segunda divisão com Daniel Carvalho na ligação e Navarro no ataque. Agora Camilo e Canales.

Também o retorno de Neilton. O atacante de movimentação e velocidade que volta pelo flanco para fechar a linha de quatro no meio. Trabalho recompensado com dois belos gols. Um em cada ponta. À direita atropelando Zé Roberto na velocidade e pela esquerda limpando Jean e Dracena. Duas diagonais letais.

O Palmeiras sofreu no primeiro tempo sem Prass e Gabriel Jesus, mas principalmente com a compactação do Bota: marcação dobrada e sob pressão no setor em que estava a bola. Mesmo com o retorno de Moisés, perdeu articulação no meio. Cuca, suspenso e com o irmão Cuquinha à beira do campo, deixou Dudu no banco e encaixou Leandro Pereira na referência do ataque.

Reação na segunda etapa com Rafael Marques e Dudu na frente e Thiago Martins no lugar de Dracena, com cartão amarelo e lesionado. Os visitantes aumentaram a posse de bola (terminaram com 55%). Erik foi às redes, em vacilo de Sidão, e o empate pareceu possível.

Mas Ricardo Gomes não mexeu na estrutura e reoxigenou a equipe que jogou em intensidade máxima no primeiro tempo – foram 14 desarmes certos de um total de 22. Dudu Cearense no lugar de Lindoso, um dos destaques com passes para Neilton nos gols. Canales deu lugar a Vinicius Tanque para acelerar os contragolpes.

Conseguiu no pênalti do goleiro Vagner no jovem atacante. Cobrança precisa de Camilo. Quatro finalizações no alvo, três gols. O técnico tirou o camisa dez para descansar e ser ovacionado pela torcida que ganha uma casa improvisada e um time que adiciona qualidade à organização.

A vitória que tirou o Palmeiras do topo da tabela passa pelo ano de trabalho de Ricardo Gomes. Formação base mais reforços pontuais. Inteligência e estrutura coletiva que tiram o Botafogo do Z-4 e fazem acreditar em um fim de temporada melhor que o planejado.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.