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André Rocha

Rápido e prático, Grêmio passa por cima do Corinthians sem identidade

André Rocha

14/08/2016 16h45

Roger Machado se vira como pode no Grêmio sem Walace e Luan que ofereceram soluções para a seleção olímpica. Já a negociação de Giuliano criou um problema coletivo, pois tirou movimentação e versatilidade do 4-2-3-1 consolidado pelo treinador há mais de um ano.

A resposta nos 3 a 0 em casa sobre o Corinthians foi uma combinação de rapidez e objetividade. Com Maicon qualificando o passe, Douglas articulando para acionar a velocidade do trio Pedro Rocha, Bolaños e Everton. Autores dos gols e deitando e rolando para cima da defesa adiantada do adversário.

Um Corinthians que perdeu identidade. Porque o trabalho de Cristóvão Borges no time paulista é mais um que fica no meio do caminho. É ofensivo, mas não consegue controlar o jogo e manter o adversário longe da própria área com posse de bola. Nem ser letal transformando boa parte das oportunidades em gols.

Defensivamente, perdeu o ótimo posicionamento da última linha, com coberturas precisas porque os jogadores ficavam mais próximos. A pressão obsessiva logo após a perda da bola seria o remédio. Mas o calor e a cultura do jogador brasileiro são impecilhos.

Linhas adiantadas e expostas ao oponente com tempo para o passador definir a melhor jogada é suicídio. E o Corinthians vem morrendo, principalmente fora de casa. Porque falta consistência. Em todos os setores.

Balbuena e Yago não são velozes, nem se garantem no confronto direto com os atacantes. Na frente, a produção do quarteto ofensivo Marquinhos Gabriel-Giovanni Augusto-Romero-André até proporciona chances. Fizeram de Geromel e Marcelo Grohe dois dos melhores em campo. Mas não ferem o rival.

Em Porto Alegre foram 59% de posse e 22 finalizações contra 12. O Grêmio acertou 27 desarmes, dez a mais que o Corinthians. Nove finalizações na direção da meta de Cássio. Três nas redes, volta ao G-4. Com um jogo a menos.

Compensando dois empates com América e Santa Cruz. Porque esse time disponível para Roger, por ser tão prático e vertical, sofre para criar espaços. O Corinthians sem cara de Cristóvão os ofereceu de bandeja.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.