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André Rocha

A noite inusitada de Cavani em Paris

André Rocha

13/09/2016 18h38

Paris Saint-Germain's Uruguayan forward Edinson Cavani celebrates after scoring during the UEFA Champions League Group A football match between Paris-Saint-Germain vs Arsenal FC, on September 13, 2016 at the Parc des Princes stadium in Paris. AFP PHOTO / FRANCK FIFE / AFP / FRANCK FIFE (Photo credit should read FRANCK FIFE/AFP/Getty Images)

Foto: AFP/Getty Images

A transição do Paris Saint-Germain nesta temporada não é tão simples. Perdeu Ibrahimovic, sua referência, imagem e seu maior talento. A contratação do técnico Unai Emery, tricampeão da Liga Europa com o Sevilla, muda a filosofia, agora mais pragmática e competitiva. Mais Simeone que Guardiola.

Mas a estreia na Liga dos Campeões podia ter sido bem diferente do empate em 1 a 1 com o Arsenal no Parc des Princes se não fosse a noite inusitada de Cavani. Agora titular absoluto no centro do ataque com a saída da estrela máxima. Sem a desculpa de queda de desempenho pelo posicionamento mais aberto, longe da meta adversária.

O início foi promissor, com gol aos 44 segundos, o mais rápido do clube no torneio continental, escorando cruzamento de Aurier pela direita. A movimentação e a entrega na execução do 4-1-4-1 de Emery também merecem o reconhecimento. Como quase sempre.

Mas o uruguaio não podia ter desperdiçado quatro oportunidades cristalinas à frente do goleiro Ospina. Principalmente porque deu tempo de Arsene Wenger corrigir seu erro na formação inicial: Alexis Sánchez desconfortável e encaixotado entre Marquinhos e Thiago Silva no centro do ataque do 4-2-3-1 dos Gunners.

Trocou no segundo tempo ao tirar Chamberlain e colocar Giroud na referência. A pressão do Arsenal em busca do empate ganhou uma presença física mais pesada, preocupando a retaguarda do adversário e liberando Alexis para se movimentar e ir às redes, na primeira finalização dos visitantes na direção da meta de Aréola.

O PSG teve 55% de posse, finalizou 14 vezes contra 11 do time inglês – cinco a três no alvo. 84% de efetividade nos passes e 50 bolas recuperadas. É time competitivo, com Krychowiak à frente da defesa com ótimo posicionamento e bom passe auxiliando Verratti na criação de trás.

Di Maria e Matuidi bem pelos flancos. Só Rabiot destoou, abrindo a possibilidade de Emery efetivar Pastore ou deslocar Matuidi para o meio, inverter o lado de Di Maria e posicionar Lucas Moura pela direita. Algo para amadurecer.

Na prática, faltou precisão nas conclusões do centroavante para uma estreia sólida em desempenho e resultado e o PSG já se posicionar como um candidato a desafiar os favoritos: Real Madrid e os "filhos" de Guardiola – Barcelona, Bayern de Munique e agora o Manchester City.

O caminho da afirmação é longo. No campeonato francês e, principalmente na Liga dos Campeões. Mas há lastro de evolução para crescer na reta final do campeonato. Quando mais importa. Na estreia, a estranha noite de Cavani atrapalhou.

(Estatísticas: UEFA)

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.