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André Rocha

Sinal de alerta no Barcelona: time histórico do trio MSN está previsível

André Rocha

21/09/2016 19h17

Em oito jogos na temporada, dois pela Supercopa da Espanha diante do Sevilla, cinco pelo Espanhol e a estreia na Liga dos Campeões, o Barcelona marcou 26 gols. Média superior a três por jogo. 14, ou dois terços, do trio MSN. Destes, sete de Messi. A metade. Tudo dentro do previsto.

Mas dissecando esses números há algo mais preocupante que a terceira colocação no Espanhol, com a derrota para o Alavés e o empate contra o Atlético de Madrid, ambos em casa – não tropeçava nas cinco rodadas iniciais desde 2011.

Nos jogos mais tranqüilos, alguns até em ritmo de treino, o tridente mágico marcou seus gols e construiu goleadas implacáveis – como os 7 a 0 sobre o Celtic no torneio continental. Mas quando os adversários impuseram maior resistência os coadjuvantes precisaram aparecer.

Rakitic marcou na vitória por 1 a 0 sobre o Athletic Bilbao e abriu o placar no 1 a 1 contra o time colchonero no Camp Nou. Mathieu fez contra o Alavés. Não é acaso.

Porque o Barcelona ficou previsível. Um efeito colateral da manutenção da base desde a temporada da tríplice coroa (2014/15). Agora, apenas duas modificações na formação titular: Ter Stegen agora titular absoluto com a ida de Bravo para o Manchester City e Sergi Roberto na vaga de Daniel Alves, que foi jogar na Juventus.

Os adversários estudam os movimentos coletivos e vão ganhando oportunidades de testar maneiras de negar espaços. Até pelo jogo de posição do Barca, que troca passes desde a defesa e empurra o oponente para o próprio campo.

O mundo sabe que Messi vai receber pela direita e cortar para dentro para finalizar, tentar tabelar e ou servir Suárez ou Neymar, que sempre vai buscar a diagonal tentar combinar com Iniesta e abrir o corredor para Jordi Alba.

Para complicar, o atual bicampeão espanhol terá que se acostumar a não contar com o improviso e as ultrapassagens de Daniel Alves. Sempre um desafogo, além do maior fornecedor de assistências da carreira de Messi. O argentino ainda se lesionou na segunda etapa contra o Atlético.

Luis Enrique precisa encontrar soluções além das aparições de Rakitic como elemento surpresa, os lampejos de Iniesta e a força de Piqué nas jogadas aéreas. Também inventar rotações no trio de ataque além de Messi trocando com Suárez e Neymar sendo o ponta agudo e finalizador.

As contratações para a temporada tiveram o objetivo de rechear o banco de reservas, criar opções para trocas de peças com mais freqüência. Mas André Gomes, Denis Suárez, Paco Alcácer e até Arda Turan, normalmente o jogador que aparece mais entre o quinteto ofensivo, não vem conseguindo criar um fato novo. Nem o meia turco, ex-Atlético de Madrid, que já foi às redes três vezes.

É óbvio que é possível criar soluções sem mudar o padrão e a ideia de jogo que fazem parte da filosofia do clube. Mas para o altíssimo padrão de excelência dos últimos anos, o Barcelona já mostra problemas no início da temporada. Suficientes para ligar o sinal de alerta.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.