A noite mágica em que Neymar, e não Messi, foi Michael Jordan para o Barça
É inegável que a arbitragem prejudicou muito o Paris Saint-Germain. O pênalti sobre Neymar que terminou no terceiro gol era até marcável, já que Meunier cai e obstrui a passagem do brasileiro que, claro, também se aproveita e força o contato.
Mas é um lance até discutível perto do pênalti claro de Mascherano arriscando um carrinho de braços abertos na própria área que Deniz Aytekin ignorou. Pior ainda foi penalizar o contato mais que natural de Marquinhos em Suárez, que desabou, óbvio. Sem contar os acréscimos de cinco minutos, que justificaram até a piada da placa do quarto árbitro com a frase "Até o sexto".
O PSG também colaborou. Falhas grotescas nos três primeiros gols, incluindo a queda de Meunier. Um certo ar blasé depois do gol de Cavani. Chances cristalinas perdidas e a desconcentração que virou desespero quando saiu o quinto gol e ainda faltavam os acréscimos.
E o mais cruel: a estratégia coletiva de Unai Emery estava correta. Já que o Barcelona abria Rafinha e Neymar pelos flancos, mas os pontas de pés invertidos sempre cortavam para dentro e não buscavam a linha de fundo, o foco era aproximar as linhas do 4-1-4-1 e estreitar a marcação na entrada da área. Tudo para negar espaços a Messi.
Exatamente o que queria Luis Enrique quando armou o 3-3-1-3. Abrir o campo para esgarçar o sistema defensivo adversário e deixar frestas para o gênio argentino. Não conseguiu por esse afunilamento das ações de ataque e também por um certo conformismo do camisa dez, que a rigor só fez notar sua presença na cobrança de pênalti seca e minimalista no torceiro gol.
Já Neymar…apareceu quando o time mais precisava para tornar uma eliminação melancólica e precoce para o investimento e a visibilidade do clube em uma virada histórica e apoteótica. Golaço de falta, o quarto. Depois assumiu a cobrança de pênalti no quinto.
No lance derradeiro, levantou a bola na área e, no rebote, cortou para dentro e surpreendeu a todos ao ter a frieza, na última bola, de trocar o chute pelo toque genial de cobertura que achou Sergi Roberto livre para concretizar o milagre.
Neymar foi Michael Jordan, o astro da NBA que nos seis títulos pelo Chicago Bulls foi o melhor jogador das finais. Exatamente por chamar para si a responsabilidade no momento decisivo. No lance derradeiro. Logo na noite inesquecível no Camp Nou.
Sim, com mais um asterisco indelével nesta trajetória vitoriosa no Barça, se juntando ao empate com o Chelsea na semifinal da mesma Liga dos Campeões na temporada 2008/09, a primeira da Era Guardiola. Com a arbitragem marcando e deixando de assinalar os lances simples e nítidos nos quais se equivocou, o PSG estaria nas quartas-de-final.
É até criminoso insinuar favorecimento encomendado. Mas não sejamos ingênuos ou hipócritas: interessa a todos os envolvidos no negócio Champions League que o time mais midiático, líder de audiência no mundo todo, siga no torneio. E isso acaba respingando no árbitro. Camisa pesa e pressão de todos os lados também.
Mas Neymar fez a sua parte e, mesmo que o artilheiro, o astro, o símbolo e o protagonista continue sendo Messi, o brasileiro merece mudar de patamar no clube. Sem ele, sua personalidade, seu pensamento positivo de acreditar e tentar sempre não haveria classificação épica.
Na hora em que tudo pareceu impossível, o craque tático que hoje se sacrifica pelo time foi a estrela máxima. E a Champions ganha um favorito.
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