Tite, Neymar e o gosto pelo desempenho
Sempre que pode em todas as entrevistas desde que assumiu a seleção brasileira, Tite ressalta a importância de jogar bem e construir o resultado naturalmente pelo desempenho. Logo após a goleada sobre o Uruguai, o treinador falou que sua equipe estava "pegando gosto pelo desempenho".
Para o jogo na Arena Corinthians havia clima de festa, retorno de Tite ao estádio que conhece tão bem, expectativa pela combinação de resultados que garantiria matematicamente o Brasil na Copa da Rússia.
Com bola rolando, um Paraguai fechado e batendo e provocando Neymar. Tentando jogar no erro ou na dispersão brasileira. Só ameaçou no erro na saída de bola que Derlis quase aproveitou no primeiro tempo.
A seleção jogou. Não foi brilhante, mas já transmite algo fundamental: segurança. É um time confiável. Que vai ser sério e competitivo, mas querendo fazer bem feito. Nos movimentos coletivos e nas jogadas individuais.
Trabalhou a bola até Philippe Coutinho arrancar pela direita, buscar a diagonal, receber o belo toque de calcanhar de Paulinho e, aproveitando a falha do zagueiro Paulo da Silva na leitura da jogada e chegar atrasado, colocar no canto e transformar a confiança em tranquilidade.
Serenidade de Neymar. Uma impressionante espiral de maturidade nos últimos tempos. Talvez Tite e Luis Enrique, seu treinador no Barcelona, tenham contribuído. Mas parece algo mais do craque que agora entende seu tamanho.
Apanhou, não reclamou. Sofreu e perdeu pênalti, mas em nenhum momento perdeu o foco. Seguiu atento à sua função no jogo, atacando e defendendo pela esquerda, buscando a diagonal. Coroado com um golaço, o segundo.
A senha para virar passeio em Itaquera. Com o time tranquilo, Tite gritando à beira do campo seguidas vezes: "Vamos jogar!" A torcida no estádio pedindo olé e a seleção vertical, objetiva. Mesmo depois do gol da redenção de Marcelo. Respeitando o adversário, o público.
Acima de tudo, o cuidado com o desempenho. Para o resultado ser mera consequência. Algo que devia ser um parâmetro para todos os setores da sociedade. Planeja, executa, faz o melhor sem tentar controlar os resultados. Sem jeitinho, sem subterfúgios. Se o oponente for melhor ou mais feliz, é da vida. Vale a consciência tranquila.
O Brasil de Tite e Neymar gosta do desempenho. Quem gosta de futebol e de ver a coisa bem feita, que transcende as oito (ou nove, se contar o amistoso contra a Colômbia) vitórias seguidas, tem que exaltar essa seleção.
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