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André Rocha

Fluminense mostra com se administra uma vantagem de empate: atacando!

André Rocha

22/04/2017 21h31

Abel Braga avisou na coletiva depois da vitória sobre o Goiás pela Copa do Brasil que o seu time não abriria mão de suas características. Natural para quem marcara 51 vezesem 23 partidas antes da semifinal estadual – o ataque mais efetivo do país em 2017.

Mesmo com vantagem do empate pela melhor campanha no Carioca. Apesar do desgaste no meio da semana, enquanto o rival focaria na única competição em que ainda estava envolvido no primeiro semestre.

O Fluminense partiu para o ataque no Maracanã. No 4-3-3 habitual, com toque fácil no meio-campo que ganhou dinamismo com o jovem Wendel se juntando aos equatorianos Sornoza e Orejuela. Mas desequilibra os rivais acelerando pelos flancos com os laterais Lucas e Léo apoiando os ponteiros. Desta vez com Richarlison pela direita e Wellington Silva à esquerda.

A postura ofensiva complicou o Vasco que novamente se posicionou atrás com duas linhas de quatro para deixar Nenê e Luís Fabiano sem funções de marcação. Só que os ponteiros Yago Pikachu e Guilherme Costa, a novidade na vaga de Andrezinho, precisavam voltar muito na recomposição e ainda tinham que ser as referências de velocidade para os contragolpes.

Não funcionou. Melhorou quando a equipe cruzmaltina passou a fazer um jogo mais direto, investindo em ligações diretas e bolas paradas. Assim criou as três melhores chances da primeira etapa, com Gilberto, Nenê e Luís Fabiano.

Escancarando o efeito colateral da vocação ofensiva do Flu: a exposição da última linha da retaguarda, que sofre no combate direto aos atacantes. Também porque tem volume, mas controla pouco o jogo. Terminou o primeiro tempo com 57% de posse, porém muito mais pela iniciativa e a ideia de propor o jogo. Mas sempre com pé no acelerador.

Intensidade fundamental para resolver o jogo na segunda etapa. Assim como na vitória sobre o Goiás, a jogada aérea foi fundamental. No primeiro gol, de Richarlison, que encaminhou a vitória. Ainda mais seguido da expulsão do mais que promissor Douglas Luiz, 18 anos. Envolvido pelo meio do Flu, perdeu a cabeça com sequência de dribles abusados de Wellington.

O árbitro Rodrigo Nunes de Sá exagerou na expulsão, podia ter mostrado o amarelo. Até porque minutos depois Nenê entrou de forma ainda mais truculenta no ponta do Flu e não levou o vermelho.

Mas o Flu nem precisou da vantagem de mais um homem em campo. A disputa se resolveu com o golaço de letra de Wellington, em rara incursão pela direita, após linda jogada de Lucas.

O gol de cabeça de Léo em novo cruzamento na bola parada foi o golpe final no Vasco que mostrou a fragilidade do seu elenco ao buscar a reação com Manga Escobar, mais um ponta que é veloz, mas tem enormes dificuldades nos fundamentos. Ou seja, produz quase nada de útil.

Pior ainda é testemunhar a forma física de Thalles. Chocante ver um atacante promissor tão acima do peso a ponto de ser percebido no visual, de longe.

Ao Vasco resta o Brasileiro. Hoje é difícil vislumbrar aspiração maior que a manutenção na Série A do Brasileiro. Os jogos contra um Fluminense rápido e envolvente deixaram bem nítidas as limitações para uma disputa em alto nível.

O time de Abel é o favorito, pelo desempenho, ao título carioca. Também pela dedicação de Flamengo e Botafogo à Libertadores. Na semifinal, deu uma aula de como administrar uma vantagem de empate: nem pensando nela. Finalizando 16 vezes contra nove do Vasco.

Atacando e impondo seu estilo, sem apego ao resultado. Que sirva de exemplo.

(Estatísticas: Footstats)

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.