Alemanha campeã é o resultado dando respaldo ao planejamento
Na final da Copa das Confederações, a Alemanha encarnou a máxima que já passou pela boca de José Mourinho e Rafael Nadal, dois pragmáticos até a medula: "Finais não são para ser jogadas, mas vencidas". Já que "deixou chegar"…
Trabalhou em um 5-4-1 mais "duro" e menos fluido que em outras ocasiões no torneio. Jogou para controlar os espaços e sofreu mais do que deveria contra o Chile. Porque na execução deste sistema, o perigo é não conseguir sair da pressão adversária e nunca sair em bloco, perdendo a bola e vendo o adversário dominar com volume de jogo.
Foi o que aconteceu e só não causou maiores danos porque o Chile, assim como você já leu aqui sobre o Flamengo, é uma equipe "arame liso". Ou seja, cerca mas não fura. Ou melhor, tem dificuldade para transformar em gols as oportunidades criadas dentro de uma proposta ofensiva no 4-3-1-2.
A partir da saída de bola "lavolpiana": dois zagueiros abrem, um volante afunda para qualificar o toque com passe limpo. Mas Marcelo Díaz errou no domínio, e com Medel e Jara distantes, restou ao goleiro Bravo assistir ao toque de Werner para Stindl marcar o gol que seria do título.
O triunfo podia ter sido resolvido ainda na primeira etapa com o claro abatimento dos chilenos após o gol sofrido exatamente no período de maior domínio. Mas Goretzka não completou com precisão passe de Draxler. A Alemanha controlava sem a bola.
Na segunda etapa, atuação pragmática para conter o campeão sul-americano. Joachim Low trocou Werner por Can. Pizzi tirou Aranguiz e colocou Sagal. Substituições sintomáticas dentro das propostas. Sagal perdeu gol feito, Ter Stegen foi o melhor alemão na decisão com grandes defesas, inclusive no ato final em cobrança de falta de Sánchez.
A vitória dentro de um "estilo Mourinho" é curioso paradoxo para quem usou a Copa como laboratório e oportunidade para dar rodagem a quem deve ser titular no Mundial do ano que vem. Kimmich se afirmou como o jogador mais inteligente em termos táticos e de tomada de decisão de sua geração. Goretzka, Stindl e Werner foram aprovados. Ter Stegen é a sucessão de Neuer.
Draxler não foi o protagonista que se esperava, mesmo com a Bola de Ouro do torneio que costuma ser mais midiática do que por mérito.Mas o coletivo se impõe dentro de uma proposta atual, que se adapta às circunstâncias e às ideias do oponente. A decisão pedia cuidado e eficiência diante da melhor e mais vencedora geração chilena, faminta por mais uma conquista. Na provável despedida da Copa das Confederações.
O título, porém, não muda os planos da Alemanha. Mas é óbvio que dá ainda mais respaldo a Low e afirma o favoritismo que já existia da atual campeã mundial. Descansando os veteranos será possível voltar a Rússia acrescentando experiência à qualidade dos jovens que mantiveram a mentalidade vencedora.
E se chegar de novo…
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