Vasco é mais um que sofre para propor jogo. O espaço vale ouro!
Mesmo em Volta Redonda, a torcida do Vasco compareceu empolgada com a recuperação da equipe utilizando os jovens das divisões de base. E Milton Mendes não decepcionou, escalando o quarteto ofensivo do 4-2-3-1 com Guilherme Costa, Mateus Vital e a badalada dupla de 17 anos: Paulinho e Paulo Vítor.
Só que a condição de favorito e a obrigação de atacar pelo mando de campo e a posição do Atlético Paranaense, lutando para sair da parte de baixo da tabela, criaram um cenário desfavorável, já uma marca deste Brasileiro: quem tem a bola e precisa propor o jogo, por necessidade ou pela cultura de fazer valer o mando de campo, se complica.
Fabiano Soares é um treinador reconhecido por sua capacidade de montar equipes que apostam em compactação defensiva. Mesmo sem encher o time de volantes. O 4-2-3-1 atleticano tinha o estreante Esteban Pavez à frente da retaguarda com Matheus Rosseto no centro, Pablo e Nikão nas pontas, Lucho González mais adiantado se aproximando de Ribamar. Nada defensivo pelas características dos atletas.
Formavam, porém, duas linhas de quatro bem próximas e mostrando coordenação nos setores. Ou seja, uma barreira. E aí pesou a falta de experiência e de um meia que pense mais para criar os espaços, ainda que Mateus Vital não seja tão vertical e rápido.
Na base brasileira ainda se valoriza muito o jogador que vai para cima, tem "alegria nas pernas", os "ligeirinhos". Mas estimula-se pouco o raciocínio e o senso coletivo para trabalhar e criar espaços. Não é problema apenas do Vasco, foi uma cultura criada para exportação que vai tentando ser transformada, mas ainda há muito a evoluir.
Na prática, o Vasco tentou criar espaços com toques curtos, aproximação e movimentação para acelerar no último terço. Mas, além da precipitação dos jovens na frente, a equipe de Milton Mendes se ressentia da ausência de um toque mais qualificado de trás. Desde a zaga com Rafael Marques e Jomar, passando pelos volantes Jean e Bruno Paulista.
O Atlético fazia o mesmo quando descia em bloco, com muita mobilidade. Mas foi mais perigoso e marcou o gol único da partida quando teve algo cada vez mais valioso futebol atual: espaço! Saída rápida de Pablo para Rossetto – meio-campista promissor, que defende e ataca com qualidade – e deste para Ribamar aproveitando falha de Henrique, que substituiu o lesionado Ramon ainda no primeiro tempo.
Com Thalles no lugar de Guilherme Costa, a referência para sair de cinco cruzamentos no primeiro tempo para 36 no segundo. Milton Mendes trocou Paulinho por Manga Escobar. Adiantou pouco, pois continuou só tendo velocidade batendo na parede. Baixou a posse de 63% para 58%, subiu o número de finalizações para 16. E tome bola na área!
Chance cristalina, porém, só no lance final, já nos acréscimos. Cruzamento de Manga que passou por Weverton e bateu na trave esquerda e, no rebote, Paulo Vitor disparou no travessão. Mais no desespero, no abafa final. Sem jogada trabalhada. Sem pensar, só correndo e lutando.
Assim só com espaços. Por isso ele vale ouro no Brasileirão. Estagnou o Vasco e aliviou o Atlético na tabela.
(Estatísticas: Footstats)
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