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André Rocha

Real Madrid é o melhor time do mundo. Vence Barcelona e "apito caseiro"

André Rocha

13/08/2017 19h24

Zidane não tinha Modric, suspenso. Mesmo assim, deixou Cristiano Ronaldo no banco seguindo à risca a programação pensando em toda a temporada. Era um superclássico pela Supercopa da Espanha no Camp Nou.

Mas a confiança do Real Madrid é tão alta, a sintonia entre atletas e o treinador tão fina que o desempenho não cai. Ainda que Zidane tenha optado por uma solução defensiva pouco convencional: Kovacic seguindo Messi por todo o campo. Ou melhor, na faixa cada vez mais limitada de atuação do argentino: em quase todos os lances, partindo da meia direita para o centro conduzindo a bola ou soltando de primeira. Por isso funcionou na maior parte do tempo, embora tenha extenuado o croata.

Se na terça-feira o time merengue jogou confortavelmente e se impôs com posse de bola e ocupando o campo de ataque, o rendimento atuando fechado e saindo em velocidade não caiu. Porque o Real Madrid é uma equipe completa, versátil, inteligente. O melhor time do mundo.

Rapidamente percebeu que o lado direito com Carvajal era para se defender contra Jordi Alba e Iniesta, nem tanto Deloufeu, o substituto de Neymar. Já o esquerdo foi aproveitado para atacar com Marcelo, Isco e Benzema, especialmente na segunda etapa, pelos espaços deixados por Vidal e a lenta cobertura de Piqué.

Personagem do jogo pelo gol contra completando cruzamento de Marcelo. Depois foi vencido por Cristiano Ronaldo e Asensio nos gols que fecharam os 3 a 1.

Sim, Cristiano Ronaldo entrou aos 13 do segundo tempo na vaga de Benzema e, mais que nunca, foi objetivo e letal. Foi às redes em gol anulado por impedimento duvidoso, já que Vidal parecia dar condições. Questão de centímetros. Depois em contragolpe de manual finalizado de forma primorosa, no ângulo de Ter Stegen.

No final, chutaço de Asensio, que entrou no lugar de Kovacic. Substituição corajosa de Zidane, que manteve a capacidade de fazer as transições ofensivas sem perder a compactação em duas linhas. O Real jogou fácil e podia ter goleado.

Mesmo sofrendo naturalmente diante de uma equipe entrosada, em seu estádio e ainda com ataque poderoso. Mas que, a rigor, mesmo com o incrível gol perdido por Sergio Busquets e outras oportunidades, só foi às redes num pênalti absurdamente mal marcado. Keylor Navas disputa com Suárez num contato natural e o uruguaio se atira ao perceber que não chegará na bola.

Messi cobrou e empatou. Houve uma pressão logo na sequência, mas o Real se organizou, voltou a ficar em vantagem e ampliou mesmo com um homem a menos. Outra decisão bizarra do árbitro Ricardo Bengoetxea ao mostrar o segundo cartão amarelo para Cristiano Ronaldo por uma simulação de pênalti – já havia recebido o primeiro ao tirar a camisa na comemoração. Não houve a falta, nem o atacante se atirou. Lance normal. Só não justifica o empurrão do atacante no apitador, por mais bizarra que tenha sido a atuação deste.

Ainda assim, os 3 a 1 confirmam o momento fantástico da equipe de Zidane e encaminham mais um título, que deve ser celebrado no Santiago Bernabéu. Independentemente da formação, do desenho tático e da proposta de jogo, ninguém está jogando mais que o Real Madrid no planeta.

Fica claro que o Barcelona de Ernesto Valverde vai precisar ir ao mercado e contar com mais desempenho de Messi para voltar a equilibrar as forças. Nem com a ajuda dos erros do "apito caseiro" conseguiu igualar a disputa.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.