Primeira Liga fracassa porque só se discute futebol quando seleção vai mal
O nascimento da polêmica Copa União de 1987 passou também pela crise na CBF depois da eliminação da seleção na Copa América daquele ano, disputada na Argentina, com uma histórica goleada sofrida para o Chile por 4 a 0.
O revés na Copa do Mundo na Itália em 1990 para a Argentina nas oitavas-de-final fez com que Falcão fizesse sua estreia como treinador sucedendo o defenstrado Sebastião Lazaroni e recebendo do então presidente Ricardo Teixeira uma ordem simples e direta: não convocar as estrelas "mercenárias" que criaram polêmica na preparação por discutir premiações. Mas bastou uma campanha ruim na Copa América do ano seguinte para resgatarem Zagallo e Parreira e autorizarem a volta dos outrora renegados.
Toda essa história terminou com o tetra nos Estados Unidos e céu de brigadeiro para Ricardo Teixeira, que só largou o osso em 2012 para ser substituído por José Maria Marín e, na sequência, Marco Polo Del Nero.
Dirigente pressionado pelos 7 a 1 e a escolha de Dunga para suceder Luiz Felipe Scolari. A má fase da seleção fragilizou a CBF a ponto de se criar o cenário para a criação da Primeira Liga formada por clubes, ao menos inicialmente, incomodados com a estrutura federativa do futebol brasileiro, com os estaduais inchados e sufocando o calendário.
Mas além da histórica desunião dos clubes na hora em que tentam recuperar um poder que sempre foi deles e a resistência dos "beneficiados" pelo status quo, um fato novo salvou a gestão de Del Nero. Ainda que ele continue impossibilitado de deixar o Brasil por conta do risco de ser preso pelo escândalo de corrupção na FIFA investigado pelo FBI.
Tite, enfim, assumiu a seleção brasileira e, como sempre acontece, os bons resultados abafam qualquer tentativa de se estabelecer uma nova ordem. Fortalecido, Del Nero segue dando as cartas garantindo a força das federações. Com isso, a Primeira Liga segue como um torneio amistoso, agora sem Coritiba e Atlético Paranaense, que saíram por divergências sobre as cotas de TV. Um fracasso.
Difícil imaginar os clubes tomando as rédeas de seu destino num curto ou médio prazo depois de desperdiçar a grande oportunidade de 2015. Porque no Brasil só se discute os rumos do nosso futebol quando a seleção brasileira vai mal. Como se ela não fosse uma entidade à parte, alimentada pelas estrelas dos grandes clubes europeus que não conseguimos seduzir exatamente pelo caos em nossos campos que tantos adoram conservar por pura conveniência.
Triste. Como serão as disputas das quartas-de-final do torneio tratado como engodo ou espaço para fazer experiências, com equipes recheadas de reservas. A Primeira Liga virou última opção na temporada.
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