Seleção: testar novidades ou entrosar e criar variações na base titular?
A partir dos duelos contra Equador e Colômbia pelas Eliminatórias a seleção brasileira viverá um dilema causado pela competência de Tite, comissão técnica e jogadores.
Por conta das oito vitórias seguidas alcançou a vaga para a Copa do Mundo da Rússia. Encontrou uma base titular muito rapidamente e deu liga de maneira veloz quase na mesma proporção. Mas continua sendo um trabalho de pouco mais de um ano e um universo de apenas onze partidas, incluindo amistosos contra Colômbia, Argentina e Austrália.
É pouco, mas conseguiu muito. O objetivo principal. E terminar a disputa sul-americana em primeiro lugar nada significa objetivamente para o Mundial. Por isso fica a impressão de que seria o momento para fazer testes. Para evitar o grupo fechado, a pouca importância dada ao momento dos jogadores e a preferência pela manutenção do que deu certo anteriormente. Ideias que prejudicaram Parreira, Dunga e Felipão nas três últimas Copas do Mundo.
Desta vez não houve Copa das Federações. Ou das ilusões: de time pronto e imbatível, sem considerar todas as variáveis e possibilidades de mudanças em doze meses. O engano da receita de sucesso infalível. O que deve ser evitado.
Mas por conta do espaçamento entre as partidas e das poucas sessões de treinos é natural que Tite fique tentado a ver seus titulares em ação mais vezes. Para consolidar ideias, construir o jogar de memória na execução do 4-1-4-1 já bem ajustado e até criar variações sem mexer nas peças. Ou só deixar Phillippe Coutinho de lado neste momento por não estar em ritmo de competição, sem jogar no Liverpool e esperando o desfecho deste interminável interesse do Barcelona.
Willian deve começar a partida na Arena do Grêmio, o que muda as características porque o ponteiro do Chelsea atua mais aberto e circula menos que Coutinho. Perde o ponta articulador, mas pode abrir o campo e até aproveitar Daniel Alves descendo mais por dentro.
Não seria, porém, o momento de testar mais gente, mesclar a escalação com reservas para observá-los em ação num cenário competitivo, com os adversários ainda buscando a classificação? De repente testar Luan e buscar um jogo entrelinhas mais envolvente tentando reeditar o sucesso da parceria com Neymar. Experimentar e manter todos atentos, motivados, sem risco de acomodação. Mas sem perder a identidade como equipe.
Difícil escolha que só reforça a crítica à CBF por ter perdido dois anos com Dunga quando era claro o momento do melhor treinador brasileiro que se sentia pronto para o cargo. O trabalho estaria mais maduro, haveria duas disputas de Copa América como bagagem e o planejamento teria menos urgências.
Agora cabe a Tite definir o caminho até o ano que vem. Dosando manutenção, aprimoramento e busca constante de meritocracia. Entrosar, variar e testar na justa medida. Um desafio que começa na quinta-feira em Porto Alegre.
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