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André Rocha

Dupla Jesus-Aguero, Danilo e Mendy. Guardiola parece ter achado melhor City

André Rocha

09/09/2017 10h38

A expulsão de Sadio Mané ainda no primeiro tempo após entrada imprudente e violenta sobre o goleiro Ederson praticamente definiu o jogo no Etihad Stadium. Mas o Manchester City já era superior ao Liverpool, inclusive no placar – 1 a 0, gol de Kun Aguero completando passe preciso em profundidade de Kevin De Bruyne.

O belga foi um dos destaques da formação que Pep Guardiola mandou a campo. Com Danilo como lateral-zagueiro pela direita, como Azpilicueta no Chelsea de Antonio Conte. Liberando Walker como ala, acelerando as coberturas e qualificando a saída de bola. Fora a versatilidade para mudar o desenho sem mexer nas peças.

No segundo tempo o brasileiro inverteu o lado e foi praticamente outro meio-campista no auxílio a Fernandinho. Dando suporte a Mendy que voava à esquerda para cima de Trent Alexander-Arnold, fragilizado na lateral direita da equipe de Jurgen Klopp, que de início tentou adiantar linhas e duelar pela posse de bola na execução de seu 4-3-3 sem Philippe Coutinho até no banco.

Perdeu capacidade de criação e flexibilidade. Eram três meio-campistas sem tanta qualidade no passe, dois ponteiros velozes e Firmino girando e tentando abrir espaços. Por isso teve a grande oportunidade na partida com Salah em contragolpe cedido pelo City mesmo com 1 a 0 no placar.

Efeito colateral da confiança em uma maneira de jogar que parece ter encontrado a melhor formação. O 5-3-2 que se transforma em 3-1-4-2 na retomada. Trabalhando a posse, pressionando no campo de ataque. Movimentando a dupla de ataque e abrindo o campo com os alas.

Passeio na segunda etapa com o segundo de Jesus cedido por Aguero depois de passe em profundidade letal de Fernandinho. O primeiro do atacante brasileiro saiu de cabeça, logo após a expulsão, em nova assistência do meia De Bruyne. Cruzamento cirúrgico da esquerda. O belga foi outro destaque individual em uma bela atuação coletiva.

Fica a dúvida em relação ao comportamento desta equipe diante de adversários bem fechados e com linhas compactas, de "handebol". Porque induz o jogo posicional a abrir a jogada e fazer o cruzamento buscando a dupla de atacantes. Com espaços fica mais fácil alternar por dentro e pelo flanco.

Por isso Sané, que entrou na vaga de Jesus, também deu espetáculo com dois gols. O último golaço nos acréscimos para fechar em 5 a 0. Antes completou mais um centro de Mendy no passeio pelo setor esquerdo. Num universo de 66% de posse de bola e 12 finalizações, nove no alvo. A mira também estava afiada.

Placar histórico, que só não é a maior dos citizens no confronto porque em 1936 houve um 6 a 0.  Mais importante que o número de gols, porém, foi o desempenho. Guardiola parece ter encontrado o melhor caminho para enfim se impor na Premier League.

(Estatísticas: BBC)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.