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André Rocha

Corinthians perde solidez e depende de Cássio, que pode repetir Cavalieri

André Rocha

15/10/2017 22h22

A derrota por 2 a 0 para o redivivo Bahia de Paulo Cesar Carpegiani em Salvador foi construída objetivamente com uma falha de Fagner aproveitada por Vinicius e um contragolpe de fim de jogo finalizado por Régis com o goleiro na área para tentar o empate.

Mas o Corinthians novamente não jogou bem e foi dominado por um oponente em franca evolução. Revés fora de casa que até pode ser tratado como normal dentro do equilíbrio natural do Brasileiro.

O grande fator complicador é que o desempenho começou a cair na fase ofensiva pela dificuldade de criar espaços nas defesas adversárias quando ganhou status de favorito com o turno quase perfeito e passou a ser mais estudado. Também porque despencou o nível do trio Jadson-Rodriguinho-Romero que acabou isolando Jõ e tornando a equipe mais dependente de seu centroavante e nos últimos três jogos de Clayson, autor de quatro gols.

O sistema defensivo, porém, também teve queda nítida de desempenho. Tanto individual quanto coletivo. Antes as alterações na última linha e a ausência de Gabriel ou Maycon na proteção da retaguarda eram menos sentidas. Agora há impacto. Porque perdeu intensidade e concentração. Até de Guilherme Arana e Balbuena, antes os grandes destaques.

Por isso Cássio vem trabalhando tanto. Segundo o Footstats é o goleiro com mais defesa na Série A, empatado com Jean, do Bahia. Média de 2,4 defesas por jogo. Fica atrás na média só de Douglas Friedrich (Avaí) e de Fernando Miguel (Vitória) entre os que mais atuaram.

A questão é que geralmente, e a lógica sugere, o líder não faz seu arqueiro trabalhar tanto. É mais seguro, consistente e protege melhor sua meta. Tanto que entre os cinco primeiros só Cássio não está lutando para fugir do Z-4 ou, no mínimo, ocupando a segunda página da tabela – além dos três já citados está Aranha, da Ponte Preta. O sexto é Vanderlei, do Santos vice-líder, mas que atua no estilo "bate-volta" e sofre muitos ataques.

Se Cássio mantiver essa média e o Corinthians confirmar o título, será o segundo caso na história do Brasileiro por pontos corridos com 20 clubes. O primeiro foi Diego Cavalieri em 2012. Campeão com o Fluminense da defesa menos vazada junto com o Grêmio. Muito graças ao seu goleiro, que vivia fase esplendorosa e salvava um sistema não tão coeso assim. Também "mascarava" os números.

O líder não tem a melhor defesa nem na frieza da matemática. Pelo menos até o Santos enfrentar o Vitória na segunda-feira. Agora tem 17 sofridos em 28 partidas, um a mais que o segundo colocado. A recuperação no campeonato, a partir do duelo contra o Grêmio em Itaquera na quarta, passa pela volta da coordenação e da segurança que marcaram o time de Fabio Carille em seus melhores momentos na temporada.

Algo se perdeu e é melhor resgatar enquanto a vantagem no topo da tabela permite.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.