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André Rocha

City 2x1 Napoli - O "segredo" de Guardiola faz a diferença num grande jogo

André Rocha

17/10/2017 19h47

Nos primeiros 20 minutos do jogo no Etihad Stadium, o Manchester City conseguiu reproduzir a grande virtude do Barcelona e do Bayern de Munique comandados por Pep Guardiola: a dinâmica do "homem livre".

Ou seja, a capacidade de ter superioridade numérica em todas as fases do jogo. Seja no início da construção das jogadas desde o goleiro Ederson, passando pelos laterais Walker e Delph ora descendo por dentro e deixando os pontas Sterling e Sané abrindo o campo, ora o inverso. Com Fernandinho recuando para auxiliar os zagueiros Stones e Otamendi.

A saída correta com passes limpos faz a equipe entrar na intermediária do oponente com mais jogadores no setor em que está a bola. Seja pelos flancos, com Walker, De Bruyne e Sterling à direita e Delph, David Silva e Sané do lado oposto, ou pelo centro com Fernandinho, De Bruyne, Silva, um dos laterais atacando por dentro e ainda o trabalho de pivô cada vez mais apurado de Gabriel Jesus. Sempre tem alguém livre dando opção para fazer o jogo fluir.

O resultado prático disso tudo contra o ótimo Napoli de Maurizio Sarri, líder da Série A italiana com 100% de aproveitamento em oito rodadas, foi um volume de jogo absurdo que criou pela esquerda com David Silva para encontrar Walker na área como atacante e Sterling abrindo o placar. Depois a jogada pela direita para mais uma assistência do meia De Bruyne como ponta para o toque simples e preciso de Jesus. 2 a 0 em 13 minutos.

Podia ter virado goleada num universo de onze finalizações e 63% de posse de bola. Mas os citizens não estavam jogando contra qualquer um e o Napoli, depois de compreender o que estava acontecendo, passou a se proteger melhor, vigiar os flancos, acertar a marcação por pressão no campo de ataque e, enfim, sair para jogar.

Teve a chance de equilibrar no placar com o pênalti de Walker sobre Albiol, mas Mertens bateu mal e Ederson pegou. Na segunda etapa de Napoli com seu 4-1-4-1 mais ajustado com Hamsik encontrando no brasileiro Allan, que entrou na vaga de Insigne, um companheiro mais qualificado para a articulação no meio. Até o pênalti tolo de Fernandinho sobre o lateral esquerdo Ghoulam que Diawara não desperdiçou.

Guardiola teve a humildade de reconhecer a qualidade do adversário e recuar linhas, compactar num 4-1-4-1 para buscar as transições em velocidade. Em seguida tentou recuperar posse e o controle de jogo com Gundogan e Bernardo Silva nas vagas de David Silva e Sterling. Depois tirou Jesus e colocou Danilo para administrar o resultado. Um pragmatismo mais que compreensível pelo contexto.

Reação do Napoli que se refletiu nos números. Chegou a oito finalizações. Metade das do City, mas muito melhor que na primeira etapa, assim como os 45% de posse. O início avassalador da equipe inglesa foi a diferença em um grande jogo, graças ao "segredo" de Guardiola que parece cada vez mais assimilado pelo time que no momento apresenta o melhor futebol da Europa.

(Estatísticas: UEFA)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.