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André Rocha

O "macete" de Cristiano Ronaldo para igualar Messi na premiação da FIFA

André Rocha

23/10/2017 10h23

Foto: Carl Recine Livepic/Reuters

A premiação de hoje em Londres, mesmo com todas as mudanças promovidas pela FIFA, será apenas uma mera formalidade.

Cristiano Ronaldo vencerá pela quinta vez igualando Messi porque foi campeão e artilheiro da Liga dos Campeões. Ainda mais porque desta vez foi desequilibrante como em nenhuma das outras três edições que venceu. Nada menos que dez gols contra Bayern de Munique, Atlético de Madri e Juventus nos confrontos decisivos.

Mérito do português e também de Zinedine Zidane, que conseguiu convencer o astro a se poupar ao longo da temporada para chegar voando na reta final. Ainda que isso prejudicasse nos números e na briga pela artilharia. No caso da Champions nem foi o caso, porque o desempenho brilhante fez com que ultrapassasse Messi no topo dos goleadores – 12 gols, um a mais que o argentino.

Cristiano Ronaldo demorou a entender que não seria no número de gols marcados que ele poderia rivalizar com o gênio do Barcelona. Ainda que em 2012 os 90 de Messi de janeiro a dezembro, recorde absoluto num ano, tenham definido a premiação de melhor do mundo, mesmo com o português conquistando o Espanhol com o Real Madrid.

No fim das contas, o "macete" para faturar o prêmio máximo individual é ganhar o maior torneio de clubes do mundo. Cristiano Ronaldo foi consagrado em 2008, 2014, 2016 e será hoje porque venceu e foi protagonista. A conquista da Eurocopa no ano passado foi apenas um "plus". O mesmo valeu para Messi em 2009, 2011 e 2015.

Cristiano foi eleito em 2013, ano de domínio do Bayern de Munique, por conta dos muitos gols e da atuação antológica pela seleção na repescagem das eliminatórias europeias contra a Suécia num ano de lesões de Messi, apesar da conquista do Espanhol.

Além de 2012, Messi ganhou em 2010 pela falta de um grande destaque individual da Espanha campeã do mundo e por ter vencido o Espanhol, enquanto Ronaldo saiu de mãos abanando em sua primeira temporada no Real Madrid, eliminado nas oitavas da Liga dos Campeões. Talvez Sneijder, campeão continental com a Internazionale e vice do mundo com a Holanda. Talvez tenha faltado a tal "grife" para competir com as grandes estrelas, assim como Iniesta em 2012 campeão da Euro com a Espanha e Ribéry ou Robben na tríplice coroa do Bayern.

Entre os dois ícones desta geração, o torneio continental é a "bola de segurança". Nesta última temporada o Espanhol veio na carona para não deixar nenhuma dúvida. Cristiano Ronaldo entendeu e desde 2014 recuperou terreno. Vai para a terceira conquista enquanto Messi só venceu uma.

Cinco a cinco. Uma década de domínio da dupla, algo sem precedentes no futebol mundial. Ainda mais se considerarmos que em oito destes rivalizam no mesmo país, protagonizando, no mínimo, dois duelos por temporada.

Pena que tantos percam tempo com comparações e na tolice de odiar um para amar o outro e não desfrutem os jogadores espetaculares que vão deixar muitas saudades quando se retirarem dos campos. Cada um com seu estilo e temperamento. Algo que certamente ficará eternizado em livros e filmes.

Quem vencerá a próxima, no "tira-teima"? Os dois já sabem qual é o "atalho", mesmo em ano de Copa do Mundo. Quem sabe numa épica e inédita decisão entre Barcelona e Real Madrid em Kiev para parar o planeta? Não custa sonhar.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.