"Badernaço" não é coisa de Flamengo. A história é outra
A torcida do Flamengo não são os pouco mais de 30 torcedores que foram ao aeroporto "recepcionar" os jogadores do Independiente e se frustraram com a saída alternativa da delegação. Nem os cerca de 300 que provocaram um "badernaço" na área do hotel em que o time argentino estava hospedado na Barra da Tijuca, com fogos de artifício, e os 40 que depois perturbaram a madrugada de sono do time adversário no hotel para o qual se transferiram em Copacabana. Muito menos os que agrediram torcedores do visitante.
Estes são os baderneiros de quase sempre, a maioria de envolvidos em brigas de torcidas organizadas. Gente que gosta e precisa de violência. O clube é apenas um pretexto. Caso de polícia que devia ser tratado como tal, sem politicagem e média.
As redes sociais são um termômetro. E muitos apoiaram as ações, até torcedores de outros clubes. Mas também não representam a maior torcida do Brasil.
O verdadeiro flamenguista é o que irá ao Maracanã hoje apoiar o time para vencer na bola. Também, e especialmente, o que não é sócio e verá pela TV aberta. A mesma que paga milhões ao clube. O descartado pela política elitista de preços de ingressos, mas não menos apaixonado e importante pelos índices de audiência. Aquele que saiu hoje esperançoso para trabalhar com a camisa rubro-negra. Em paz.
Este sabe que esses recursos menos nobres adiantam bem pouco. Ainda que torcedores do oponente tenham respondido às provocações com racismo e o tratamento em Avellaneda não tenha sido dos mais dignos, como é de costume, a resposta mais contundente é sempre na bola. A história mostra.
Em 1981 houve o soco de Anselmo em Mario Soto do Cobreloa. Mas o que está na história é a grande atuação em Montevidéu com os dois gols de Zico na conquista da única Libertadores. Na bola. Assim como em 1999 o Flamengo apanhou covardemente e perdeu por 3 a 2 para o Peñarol no Uruguai pela semifinal da Copa Mercosul. Classificou-se pelos 3 a 0 no Maracanã. Jogando futebol.
O time de 2017 não inspira tanta confiança, oscilou na temporada, falhou em alguns momentos decisivos. Mas tem condições de vencer o Independiente por mais de um gol no tempo normal e sair com o título. Não precisa mais do que futebol. Sem pilha errada e clima de guerra. Sem "badernaço".
Não é ser politicamente correto, apenas ter bom senso e conhecer a história do Flamengo. Do futebol brasileiro. Não precisamos repetir o pior do outro lado, porque aí sim seremos os "macaquitos" (de imitação) dos quais eles tanto debocham. A melhor resposta sempre vem do campo.
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