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André Rocha

Vitórias com a garotada dão respaldo ao trabalho correto do Flamengo

André Rocha

25/01/2018 01h32

Foto: Antônio Scorza/Agência O Globo

Não há como garantir uma temporada bem sucedida do Flamengo em 2018. É até provável que com Paulo César Carpegiani no comando o time titular siga com as mesmas dificuldades do ano passado. Principalmente por ter um grupo de jogadores para privilegiar o jogo mais direto, de contragolpes, e não dentro da proposta do clube de propor o jogo no campo de ataque com posse de bola.

Mas uma coisa é inegável: o início de temporada é correto no planejamento e tem conseguido um saldo positivo na execução. O elenco voltou às atividades no dia 13 de janeiro com estreia no Carioca marcada para o dia 17.

A solução foi utilizar a garotada sub-20 e aos poucos inserir os profissionais já dando minutos em ritmo de competição. Uma escolha arriscada pelo resultadismo característico do nosso futebol, ainda mais com a urgência da maior torcida do país e a repercussão de tudo que acontece na Gávea e no Ninho do Urubu. O São Paulo estreou com derrota poupando os titulares e a pressão começou cedo.

Mas os meninos responderam bem, em desempenho e resultado. Na Copa São Paulo, chegando à final contra o São paulo, e nos primeiros jogos do estadual. Três vitórias, quatro gols marcados e nenhum sofrido. Ainda que Volta Redonda, Cabofriense e Bangu não sejam parâmetro de avaliação, ser testado com visibilidade dá "casca" aos garotos.

Também aumentaram a confiança de Vinicius Júnior. Já com cinco gols no profissional ao ir às redes diante da Cabofriense, novamente na Arena da Ilha. A joia do Real Madrid ainda a serviço do Fla também serviu Lincoln no gol da vitória sobre o Bangu após bela jogada individual. Na partida que marcou o retorno do jovem de maior destaque em 2017: Lucas Paquetá.

Léo Duarte voltou muito bem na zaga, Jean Lucas vai ganhando cancha, Ronaldo retornou com o espaço que tanto pediu antes de partir para o Atlético-GO. E ainda Lucas Silva, Vítor Gabriel, Klébinho, Thuler, o goleiro Gabriel Batista…Todos aproveitando o estadual para consolidar um dos momentos decisivos na carreira de qualquer jogador: a transição da base para o profissional.

A grande questão a resolver é que os garotos, por características, também precisam de espaço para acelerar, não trabalham com toques rápidos e deslocamentos para abrir defesas mais fechadas. Algo a ser trabalhado por titulares e reservas, já que o time, em qualquer competição, entrará com a responsabilidade de atacar na maioria das partidas.

A boa notícia para Carpegiani é que o treinador ganha opções. Se o titular não corresponder já terá um jovem menos verde para lançar num jogo maior, em um momento mais importante da temporada. O torcedor conhece, sabe o que esperar. A "grife" sem desempenho ganha uma sombra real que pode minimizar a ida do clube mais tímida ao mercado até aqui.

Como deve ser. Como é tradição nos momentos mais vencedores do Flamengo. As vitórias dão respaldo ao técnico, aos meninos e tranquilidade aos titulares na volta, já pensando em Libertadores. Não assegura o sucesso, mas já é um bom início.

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.