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André Rocha

O que é Lionel Messi?

André Rocha

14/03/2018 18h36

O Chelsea de Antonio Conte fez o que pôde. Lutou, executou bem a transição do 5-4-1 sem a bola para o 3-4-3 para o ataque, muitas vezes empurrou as linhas do Barcelona para trás no Camp Nou. Criou chances, pode reclamar de um pênalti de Piqué sobre Marcos Alonso no primeiro tempo e lamentar a falta de concentração no início do jogo.

Mas o que fazer quando Messi entra em campo descansado, depois de 10 dias sem jogar, motivado pelo nascimento do terceiro filho e, por isto, inspirado como poucas vezes se viu?

Ernesto Valverde ajudou escalando Dembelé de início e voltando à sua ideia do início da temporada: 4-4-2 com o atacante abrindo o campo pela direita e Jordi Alba fazendo o mesmo à esquerda contando com a cobertura de Umtiti. Sergi Roberto mais contido na lateral direita e Busquets mais fixo na proteção. Peças mais bem distribuídas em campo, características combinadas de um modo mais justo.

E mais espaço para Messi circular. Pela direita para marcar o primeiro depois de passe de Suárez e do lado oposto para a fantástica arrancada ganhando de Fábregas, driblando Christensen e Azpilicueta para servir Dembelé no segundo. Também o terceiro em transição rápida e novo passe de Suárez. Dois chutes entre as pernas de Courtois.

Um gol logo aos três minutos para descomplicar, outros dois em saídas rápidas. Típico do Barcelona mais pragmático que controlou o jogo com a bola – terminou com 53% de posse e 86% de efetividade nos passes –  e concentrado defensivamente para não facilitar a vida dos Blues nem cair na armadilha de outras eliminações: ter a posse e ser surpreendido nos espaços às costas da defesa.

Foram oito finalizações, sete no alvo. Três nas redes. O Chelsea tentou treze vezes e acertou duas. Duas nas traves de Ter Stegen. 3 a 0 foi cruel. Mas o Barcelona foi letal.

Mantém a escola, porém foca mais no resultado. Organização defensiva, inteligência…e bola para Messi. 100 gols na Liga dos Campeões. Arte, objetividade. Construção e acabamento. O argentino tem domínio de todos os processos de um jogo.

A pergunta não é mais quem é Lionel Messi, mas o que é esse gênio da história do futebol.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.