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André Rocha

River Plate "arame liso" salva um Flamengo ciente do seu tamanho na América

André Rocha

24/05/2018 00h14

O Flamengo celebrou com a vitória sobre o Emelec no Maracanã a classificação para as oitavas de final da Libertadores que não vinha desde 2010 e cada minuto da disputa no Monumental de Nuñez deixava cada vez mais nítido que o objetivo era terminar a fase de grupos sem derrota. De preferência sem ser vazado no jogo mais complicado, em tese, desta etapa da competição.

Algo inútil na busca da primeira colocação que garantiria a decisão da vaga nas quartas de final no Rio de Janeiro. Mas importante para Mauricio Barbieri, um treinador em busca de resultados que garantam seu emprego na parada para a Copa do Mundo. O preço que o clube paga por demorar a efetivar o profissional.

Mas é óbvio que a postura rubro-negra em Buenos Aires passa também pelo temor em um jogo grande do torneio, diante de um tricampeão, vencedor da edição de 2015. A ausência dos suspensos Diego e Barbieri e dos lesionados Rever e Juan tiveram peso, mas o comportamento em partida fora de casa não é inédito. Foi assim também no empate sem gols com o Santa Fé.

Muito pela incapacidade de Henrique Dourado de reter a bola na frente e dar sequência às jogadas. No 4-1-4-1 com Jean Lucas alinhado a Lucas Paquetá por dentro na linha de meias, o time foi empurrado por um River forte na pressão logo após a perda da bola e na valorização da posse. Ponzio coordenando a saída para o ataque sem pressão do adversário e acionando os meias Enzo Pérez, Ignacio Fernández e Palacios. Chamando o apoio dos laterais Montiel e Saracchi para tentar fazer a bola chegar a Lucas Pratto e Scocco.

Volume de jogo que sufocou o Flamengo em vários momentos, porém faltou contundência. O River foi "arame liso", cercando a área, rodando a bola, controlando a posse – terminou com 60%. Mas finalizando apenas oito vezes, cinco no alvo. Duas chances cristalinas com Scocco e o voleio de Borré no travessão de Diego Alves no final. Pouco para tamanho domínio. Ainda permitiu oito finalizações do time brasileiro, três no alvo. Só descendo na boa. Salvo pelas circunstâncias.

A imagem da TV Globo no apito final mostrou o treinador argentino Marcelo Gallardo lamentando o resultado diante de um oponente sem ambição. Perdendo a chance de ter uma das melhores campanhas na fase de grupos. Mesmo na liderança. Um contraste com o tom satisfeito das palavras de Rhodolfo e Vinicius Júnior. Ainda que a partida de ida seja em casa e sem Paquetá, suspenso.

Compreensível pelo contexto. O retrospecto recente do Flamengo no principal torneio do continente justifica o pensamento bem pequeno. Do tamanho atual do clube na América do Sul.

(Estatísticas: Footstats) 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.