Vitória do Flamengo com consistência para reconhecer os méritos de Barbieri
A vitória por 2 a 0 do Flamengo sobre o Bahia no Maracanã cheio foi construída em um primeiro tempo desorganizado e sem intensidade da equipe de Guto Ferreira. Mais uma atuação fraca como visitante nos 45 minutos iniciais que ao menos encontrou fibra e entrega na segunda etapa.
Mas o triunfo que mantém o time rubro-negro na liderança do Brasileiro tem muito mérito da equipe de Mauricio Barbieri. E é preciso reconhecer a importância do jovem treinador na transformação do time.
Os resultados são consequência da melhora significativa do desempenho coletivo que faz as individualidades aparecerem. Até do lateral Renê, outrora contestado e o melhor em campo com atuação precisa na defesa e duas assistências. Apoiando por dentro e deixando Vinicius Júnior aberto pela esquerda. Do lado oposto, a lógica inversa: Everton Ribeiro corta da direita para dentro e Rodinei ataca no corredor.
A última linha de defesa está cada vez melhor posicionada, o que acaba compensando as constantes mudanças no miolo da zaga. Até os jovens Thuler e Léo Duarte, que participaram da tragédia defensiva dos reservas na derrota por 4 a 0 para o Fluminense no Carioca, jogaram com simplicidade e precisão na vitória sobre o Atlético Mineiro no Independência. Não por acaso os três gols sofridos com o time titular. Também pelo crescimento de Diego Alves na meta.
No meio-campo, a grande transformação. Inicialmente com o recuo de Lucas Paquetá para a mudança do 4-1-4-1 para o 4-2-3-1. O garoto fecha a linha de quatro por dentro, auxilia na saída de bola, organiza e pisa na área. Como no lindo toque por cima do goleiro Anderson no segundo gol.
O primeiro foi de Diego, que parece, enfim, ter compreendido que o jogo flui muito melhor quando não prende a bola facilitando a marcação. Também que o camisa dez é muito mais importante e decisivo aparecendo na área adversária para finalizar.
Ou seja, o que parecia uma missão impossível vai acontecendo. As características dos jogadores agora se combinam em campo. Quem é de velocidade tem espaço para correr, quem é de passe participa da organização e quem finaliza melhor está mais perto da zona de decisão. Só Henrique Dourado vem destoando pela dificuldade de contribuir no trabalho coletivo que só evolui. Cada vez mais consistente.
O time "arame liso" e que abusava dos cruzamentos levantou apenas oito bolas na área e venceu mesmo finalizando menos que o oponente (13 contra 17). Primeiro tempo de 61% de posse, terminando com 58%. O número mais impressionante, porém, é o de desarmes. 15 corretos e nenhum errado. Fruto de um time bem posicionado, mesmo com a reação do Bahia no segundo tempo.
Os experientes Muricy Ramalho, Reinaldo Rueda e Paulo Cesar Carpegiani não conseguiram extrair tanto do elenco do Fla. Nem o jovem Zé Ricardo, respaldado pela conquista da Copa São Paulo. Coube ao treinador sem grife, mas com conteúdo, alcançar o melhor desempenho. Talvez não termine em título, pode ser que sua falta de rodagem cobre o preço mais à frente, principalmente nos jogos grandes eliminatórios em Copa do Brasil e Libertadores.
Mas hoje é obrigatório reconhecer o trabalho de Mauricio Barbieri. A liderança do Flamengo passa fundamentalmente por sua mão na equipe.
(Estatísticas: Footstats)
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