Topo

André Rocha

Difícil avaliar a força da Inglaterra, mas há pontos positivos além de Kane

André Rocha

24/06/2018 11h03

Não é fácil fazer avaliações mais profundas sobre o Grupo G pela disparidade de Inglaterra e Bélgica em relação a Panamá e Tunísia. Esperada e confirmada no campo, apesar de algumas dificuldades na estreia – a Inglaterra por abrir o placar cedo e se acomodar e a Bélgica ao sofrer para superar o forte bloqueio do Panamá.

Na segunda rodada, mais relaxados, construíram duas das três maiores goleadas do Mundial até aqui. A Inglaterra enfiou 6 a 1 no Panamá e confirmou algumas boas impressões, apesar da obrigação de relativizar pelas muitas fragilidades do adversário.

A começar pelo jogo vertical do trio de defensores. Walker, Stones e Maguire se juntam a Henderson na articulação de trás com bons passes. Acionam diretamente os alas Trippier e Ashley Young ou o trio ofensivo formado por Sterling e Lingard circulando em torno do artilheiro Harry Kane.

Uma vantagem em relação à Bélgica, que não construía a partir dos zagueiros e facilitava a concentração de panamenhos guardando a própria área. Óbvio que o gol de Stones logo aos oito minutos muda toda a percepção. Ainda mais porque desta vez os ingleses mantiveram a intensidade.

Muita força no jogo aéreo ao enviar Stones e Maguire se juntando a Kane na área adversária. Walker, Henderson e Loftus-Cheek, a única mudança de Gareth Southgate no seu 3-5-2, sacando Eric Dier, também possuem boa estatura. Na Copa dos gols de bola parada é arma que pode resolver ou descomplicar jogo. Ainda mais pela precisão de Trippier nos cruzamentos.

Kane se destaca pela presença de área e também precisão que já o coloca na artilharia com cinco gols. É centroavante dinâmico, que chama lançamento e sabe fazer pivô. Garante mobilidade ao lado de Sterling e a aproximação de Lingard, que cresceu demais na seleção pela evolução nas mãos de José Mourinho no Manchester United.

Os espaços cedidos, principalmente às costas dos alas, que proporcionaram oito finalizações, duas no alvo e o gol de Felipe Baloy, são questão de ajuste. Até porque contra grandes seleções a solidez defensiva se fez presente – como o muro em Wembley que despertou Tite para as dificuldades da seleção brasileira para furar a linha de cinco na defesa?

Na frente, foram 12 finalizações. Sete no alvo, seis nas redes. Eficiência sem precisar de controle absoluto da posse de bola (58%). Chamou atenção a efetividade nos passes: 91%. Mais um item que merece desconto pelos muitos espaços cedidos por um adversário que se descoordenou com o gol sofrido nos primeiros minutos. De qualquer forma, a Inglaterra cumpriu sua obrigação.

Falta o teste mais forte. Virá na última rodada contra a Bélgica, mas ambas parecem mais preocupadas em rodar o grupo e poupar pendurados e desgastados do que com a primeira vaga. Até porque não fará tanta diferença os adversários que virão do Grupo H que não conta com um favorito ou seleção temida pelo desempenho, ao menos até aqui.

(Estatísticas: FIFA)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.