Temporada do Barcelona começa com mais do mesmo, mas precisa ser diferente
Supercopa da Espanha, baterias começando a aquecer, os muitos jogadores que disputaram a Copa do Mundo voltando aos poucos. O jogo único no Marrocos entre Barcelona e Sevilla manteve o clima de pré-temporada dos amistosos, algo que não costumava existir quando jogado no próprio país.
Ernesto Valverde escalou Arthur de início e deixou Phillipe Coutinho no banco. Um 4-3-3 variando para o 4-4-2 sem a bola com Rafinha abrindo à direita e dando liberdade a Messi. Dembelé foi para o setor esquerdo, formando dupla com Jordi Alba. Do lado oposto, Nelson Semedo fazia todo o corredor.
O gol logo aos oito minutos condicionou o primeiro tempo. Até porque o Sevilla, agora comandado por Pablo Machín, tinha como proposta deixar o adversário com a bola, negar espaços num 5-4-1 compacto e acelerar nos contragolpes. Com os ponteiros Pablo Sarabia e Franco Vázquez, na variação para o 4-3-3, se aproximando de Muriel, o atacante único que serviu Sarabia numa transição ofensiva rápida que terminou com conclusão precisa e a ajuda do VAR para validar o gol legal inicialmente anulado.
Depois o Barcelona ficou com a bola, tentando as inversões em busca dos laterais que chegam ao fundo. Suárez ainda nitidamente fora de ritmo, não conseguia dar sequências às jogadas como de costume e desperdiçou boa chance em chute cruzado. Dembele buscava os dribles para infiltrar em diagonal, mas batia no muro da última linha de defesa do Sevilla até bem coordenada para a primeira partida oficial da temporada.
Messi caminhava ou trotava em campo, buscando espaços entre a defesa e o meio-campo do oponente, por vezes recuando para ajudar na articulação. Só acelerava com a bola colada no pé esquerdo. Ou fazia a tradicional inversão para Alba. Impressiona a qualidade quando interfere no jogo e o respeito que impõe ao adversário, ao menos dentro da Espanha.
Cada vez mais preciso na bola parada. Cobrança de falta do camisa dez na trave esquerda, a bola bateu no goleiro Vaclik e Piqué empatou no rebote. O Barça manteve o domínio, sofrendo com um ou outro contra-ataque. Especialmente pelo setor esquerdo, com o zagueiro francês Lenglet, ex-Sevilla, mais uma contratação para a temporada, sem conseguir fazer a cobertura de Alba com a rapidez e a eficiência de Umtiti.
Arthur sofreu a falta do gol de empate, mas não foi tão bem. Ainda precisa se adaptar à velocidade da circulação da bola no ritmo de competição no mais alto nível. Questão de tempo e entendimento. Deu lugar a Philippe Coutinho e Rafinha saiu para a entrada de Rakitic. Com o 4-4-2 mais próximo da temporada passada e Dembelé indo para o lado direito, saiu o golaço do ponteiro francês em chute forte e preciso.
Gol de título, porque nos acréscimos Ter Stegen fez pênalti em Aleix Vidal, mas Ben Yedder bateu fraco e o goleiro alemão segurou. Mesmo sem uma clara superioridade sobre o adversário, o Barcelona alcançou mais uma conquista. A décima terceira do maior vencedor da história.
Mais do mesmo. Fruto de uma cultura de vitória dentro do país nos últimos anos. Ou desde Guardiola. Contando a partir da temporada 2008/09, são sete conquistas em dez edições do Espanhol. Mais seis taças da Copa do Rei e o mesmo número de Supercopas. Aproveitamento espetacular, mesmo considerando o foco habitual do Real Madrid na Liga dos Campeões e a trajetória bem sucedida deste nos últimos cinco anos.
Mas exatamente por essa sequência de triunfos é que o patamar subiu e a exigência para voltar a ser protagonista na Champions aumentou. Até porque depois do último título em 2015 o time vem caindo antes das semifinais. Nos confrontos contra Atlético de Madri, Juventus e Roma, a impressão de que faltou competitividade. Talvez um pouco mais de intensidade de Messi. Ou um elenco que aumentasse o leque de opções e fosse possível alterar as características da equipe, caso necessário.
Por isso a busca por Arthur, Malcom, Vidal para se somar à base titular que é reconhecidamente forte. Agora com Coutinho desde o início da temporada. Porque precisa ser diferente. Ou voltar ao que já foi. Sem perder o protagonismo na Espanha, mas voltando a dar as cartas no continente. Ir além do "piloto automático" na liga e na Copa. Ou mesmo repetir o grande rival e festejar a conquista mais importante, mesmo que as "domésticas" não venham.
No apito final, a comemoração tímida e protocolar. Mais uma. Parece pouco. O Barcelona tem que sair do marasmo. Inusitado pelas muitas conquistas recentes, mas sem deixar de parecer estagnado.
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