Não precisava ser tão sofrido, mas é assim que o Grêmio ama na Libertadores
Os primeiros minutos em Quilmes dos 180 disputados entre Grêmio e Estudiantes pelas oitavas de final sinalizavam uma classificação tranquila do atual campeão da Libertadores. Posse de bola, personalidade e proposta ofensiva. Chance clara desperdiçada por André. Mas golaço de Apaloaza na sequência.
No final do primeiro tempo, Kannemann diminuiu para 2 a 1 – Campi havia ampliado no melhor momento da equipe argentina na partida e no confronto. Segundo tempo de pressão gremista, ainda maior depois da expulsão de Zuqui. Não veio o empate, mas trouxe esperança para a volta em Porto Alegre.
Fé que virou certeza com o golaço de Everton aos seis minutos completando bela assistência de Jael. De novo um ótimo início do time de Renato Gaúcho, envolvendo e criando espaços entre os setores do 5-3-2 montado por Leandro Benítez. Mas dois minutos depois Jailson errou, o sempre seguro Geromel falhou no "pé de ferro" e Lucas Rodriguez avançou para tocar na saída de Marcelo Grohe.
Um time sem experiência e confiança de títulos teria desmanchado mentalmente com um anticlimax tão pesado. Parecia que era noite para tudo dar errado. Uma impressão crescente de que a ventura estava ao lado dos argentinos.
Não para o Grêmio. Time, Renato e torcida. Mesmo com tensão, o Grêmio seguiu atacando. Com Alisson na vaga de Ramiro, que talvez tenha cumprido sua pior atuação com a camisa tricolor. Depois André e Pepê substituindo Leo Moura e Jailson. Empilhou atacantes no 3-1-4-2 com Cortez como terceiro zagueiro e dois centroavantes enfiados. Kannemann correndo, gritando e lutando por todos. O melhor em campo.
O time da casa manteve a média de 70% de posse de bola e teve boas oportunidades no universo de 23 finalizações, oito no alvo. Mas exagerou nos cruzamentos: 45 no total, 27 na segunda etapa. Diante de um adversário exausto e inexperiente, não era para sofrer tanto e só conseguir o gol nos acréscimos para levar para a decisão por pênaltis. Na bola parada com Luan colocando na cabeça de Alisson. Uma falta boba de Facundo Sánchez.
Mas quem se importou na Arena? A explosão e a atmosfera perfeita para ser 100% na disputa. Depois de apenas o acerto de Cícero contra o Atlético Paranaense no sábado nas últimas cinco cobranças. Campi isolou, nem foi necessária a intervenção de Grohe. Cinco a três.
Já era sofrido o suficiente. O Grêmio é favorito contra o Atlético Tucumán nas quartas, também pelo jogo de volta em casa. Talvez a trajetória seja menos tensa. Se acontecer, time e torcida certamente guardarão na memória a noite da adrenalina e da apoteose que alimentou o mito do "Imortal Tricolor" nas oitavas. Porque os erros e acertos construíram o cenário tão amado pelo campeão da América.
(Estatísticas: Footstats)
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