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André Rocha

Empate no clássico dos contrastes: Vasco surpreende, Fla é mais do mesmo

André Rocha

15/09/2018 21h34

Quando saiu a escalação do Vasco antes do clássico em Brasília foi difícil imaginar como os jogadores se distribuiriam em campo. A formação inusitada de Alberto Valentim, depois de sua primeira semana cheia para treinamentos, foi uma surpresa para Maurício Barbieri e seus comandados.

Na prática, um 4-3-1-2 com Maxi López na referência, Andrés Rios saindo da direita para dentro e abrindo o corredor para as descidas de Raul e Fabrício partindo da função de "enganche" e procurando o lado esquerdo para combinar com Ramon.

Foram 27 minutos de domínio cruzmaltino. Deixando a posse de bola para o Flamengo e chegando em velocidade, principalmente com Raul pela direita. Seis finalizações contra uma do rival. Duas chances claras com a dupla de ataque até Maxi disputar com Léo Duarte e a bola sobrar para Rios empurrar para as redes.

Só que a intensidade vascaína cobrou um preço ao longo do jogo: a resistência física foi acabando para jogadores que não tinham uma sequência de partidas e o Flamengo foi adiantando as linhas e rondando mais a área do oponente.

Só que o time rubro-negro talvez seja o mais lento da Série A brasileira. Não só pela ausência de Vinicius Júnior, a referência de velocidade no bom momento até a parada para a Copa do Mundo, mas principalmente pela morosidade para circular a bola e acelerar o jogo com passes para frente quebrando as linhas de marcação do adversário.

Paradoxalmente acabou melhorando com a expulsão de Diego. Mas o gol de empate logo após o cartão vermelho para o camisa dez não teve nenhuma relação com a mudança. Mais um dos muitos cruzamentos de Pará, infelicidade de Luiz Gustavo para ajudar um ataque nada contundente.

Mas com Berrío e Arão nas vagas de Vitinho e Uribe, Paquetá foi para a referência na frente e o Fla passou a dar sequência às jogadas e criar mais perigo para a meta de Martín Silva. Valentim fez as três substituições para reoxigenar seu time, mas perdeu Bruno Silva num choque que tirou o jogador numa ambulância que precisou ser empurrada (!). Com dez para cada lado, restou ao Vasco lutar com Máxi López. Impressionante como o argentino consegue levar vantagem nas típicas disputas de centroavante com os zagueiros. Podia ter feito o gol da vitória.

Foram 16 finalizações para cada lado – sete do Vasco no alvo, uma a mais que o Fla, novamente o dono da bola: 58% de posse.De novo exagerando nos cruzamentos, com 40 bolas levantadas. Muita esforço, pouca efetividade. Mais do mesmo, tendência de se afastar de vez da busca pelo título. Se o Atlético Mineiro vencer o clássico contra o Cruzeiro reserva, o Flamengo terá mais um concorrente se aproximando.

Outro empate no duelo entre desiguais que se equilibra no campo com seus contrastes. Alberto Valentim foi arrojado e alcançou seu primeiro ponto. Mas a luta para seguir na Série A, com vitórias na semana de Chapecoense e Ceará, será duríssima. Pode terminar a 25ª rodada em penúltimo lugar. Vem mais um drama por aí.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.