Topo

André Rocha

Bahia de Ramires vence Bota "arame liso" em jogo divertido, na contramão

André Rocha

20/09/2018 23h49

Duelo de mata-mata pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana na Fonte Nova. Com gol "qualificado". Entre equipes na segunda página da tabela da Série A do Brasileiro, apenas a dois pontos do Ceará, 17º colocado e primeiro no Z-4.

Imaginava-se uma disputa dentro da realidade atual do futebol jogado no país. O time da casa especulando com medo de sofrer gols e o visitante tentando controlar o jogo fechando espaços e tentando estocadas eventuais nos contragolpes.

Ledo engano. Obviamente não foi um jogaço, de alto nível técnico. Longe disso. Mas foi aberto e dinâmico, uma raridade, ainda mais porque o contexto não ajudava.

O Bahia de Enderson Moreira abriu o placar logo aos quatro minutos com Ramires, meia de 18 anos que vem ganhando oportunidades entre os profissionais por conta da ausência de Vinicius. Formando o trio com Clayton e Zé Rafael atrás de Edigar Júnio no 4-2-3-1 costumeiro, deu o dinamismo que justifica o apelido de Eric dos Santos Rodrigues, inspirado no volante ex-Cruzeiro, Chelsea e seleção brasileira, hoje no futebol chinês.

A boa surpresa foi que o time da casa não recuou com a vantagem. Terminou com 52% de posse de bola e finalizou seis vezes, duas no alvo. O Botafogo respondeu com cinco conclusões, três na direção da meta de Douglas. Duas nas traves, de Brenner e Rodrigo Pimpão.

Zé Ricardo montou um 4-1-4-1 que tinha uma variação interessante, com Rodrigo Lindoso e o jovem Gustavo recuando para auxiliar os zagueiros na posse de bola e adiantando o volante Jean, que fica mais fixo na proteção quando a equipe carioca perde a bola. Laterais Luis Ricardo e Gilson abertos e adiantados e os ponteiros Pimpão e Leo Valencia, depois Luiz Fernando, tentando se aproximar de Brenner.

Propostas ofensivas dentro das limitações das equipes. Também deficiências, especialmente na bola parada defensiva. O Bota teve chance de empatar, o Bahia ampliou no início da segunda etapa com Clayton. Já com Vinicius na vaga de Zé Rafael. Aí, sim, recolheu as linhas para administrar a vantagem. Caiu a posse para 46%, porém finalizou mais cinco vezes.

O Botafogo se lançou ao ataque de vez. Como se não houvesse amanhã. Empilhou chances até diminuir com Pimpão no rebote que o goleiro Douglas entregou. Mesmo antes da tola expulsão do lateral esquerdo Léo, o time visitante já tinha mais posse de bola e chegou a onze conclusões em pouco mais de 45 minutos. Nove no alvo. 16 no total. Faltou colocar nas redes. Jogou para virar, mas foi "arame liso". Um problema recorrente nas equipes comandadas por Zé Ricardo.

Bom resultado para o Bahia administrar na volta, mas certamente sem retranca. Até porque o Bota está bem vivo. Pelo gol fora e, principalmente, por conta do bom desempenho. Animador até pensando em Brasileiro para se afastar da "confusão".

Ótimo para quem assistiu. No futebol "por uma bola" jogado no Brasil, a partida foi na contramão. A decisão da vaga no Rio de Janeiro promete ao menos diversão. Hoje isto não é pouco em nossos campos.

(Estatísticas: Footstats)

 

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.