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André Rocha

Demissão de José Mourinho no United é péssima notícia para o PSG

André Rocha

18/12/2018 10h59

A imagem de Paul Pogba, maior contratação da história do Manchester United, vendo do banco seu time levar um chocolate muito maior que o placar de 3 a 1 imposto pelo rival Liverpool no Anfield Road era emblemática demais para não ter consequências.

José Mourinho foi demitido seguindo seu ciclo recente de perda de comando na terceira temporada. Foi assim no Real Madrid e no Chelsea, mas desta vez sem uma conquista entre as mais relevantes na Europa – faturou apenas a Copa da Liga Inglesa, a Supercopa da Inglaterra e a Liga Europa. O ambiente de pressão insuportável criado e alimentado ao longo do tempo explode e o treinador nada produz para tentar reverter o quadro ou ganhar uma sobrevida.

Enquanto seus concorrentes Guardiola, Klopp e Simeone procuram tornar o ambiente mais leve e confiante em seus clubes,, mesmo com a cobrança natural pela excelência, o português ainda crê nos jogos mentais dentro e fora do vestiário. Sem contar a vaidade de medir forças com as lideranças técnicas e anímicas do elenco.

Michael Carrick deve ser o interino até o final da temporada. Mesmo sem experiência no comando é possível recuperar a equipe em desempenho e resultados apenas com a mudança de ambiente. Carrick deve tentar trazer Pogba e outras estrelas para perto numa espécie de gestão compartilhada.

Sem Mourinho, o United passa a ser uma incógnita e esta é uma péssima notícia para o PSG. O adversário do maior campeão inglês nas oitavas de final da Liga dos Campeões agora não sabe mais o que poderá enfrentar daqui a pouco mais de dois meses.

Qualidade não falta a um dos elencos mais valiosos do planeta. Quando há desempenho, o peso da camisa tricampeã da Europa também pode pesar no mata-mata. O que parecia um confronto tranquilo para Thomas Tuchel, Neymar, Mbappé e companhia com um oponente em frangalhos nos aspectos técnico, tático e emocional agora é um enorme ponto de interrogação.

A primeira missão dos Red Devils é se recuperar na Premier League, já que a campanha é pífia e nem a tão aclamada solidez defensiva dos times de Mourinho se reflete nos números: 29 gols sofridos em 17 rodadas. A tendência é que Carrick faça o simples para resgatar a confiança e depois tentar deixar sua marca nesta bela oportunidade profissional.

Resta ao PSG monitorar o rival na Champions aproveitar o período de competições apenas na França para seguir ganhando corpo e Tuchel fazer experiências para a equipe se fortalecer até fevereiro. Sem Mourinho, o United pode ser bem indigesto.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.