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André Rocha

River Plate eliminado. Vamos enfim respeitar a semifinal do Mundial?

André Rocha

18/12/2018 17h50

A final da Libertadores no Santiago Bernabéu facilitou o discurso de que o Real Madrid combalido e aprendendo a viver sem Cristiano Ronaldo não seria o favorito no Mundial de Clubes. O River Plate venceu o Boca Juniors na "final das finais" que se transformou no maior evento de vergonha alheia do mundo e parecia mais forte.

Mas há uma semifinal que é cada vez mais parelha. Internacional, Atlético Mineiro e Atlético Nacional sucumbiram. Todos sul-americanos vêm sofrendo, inclusive o Grêmio só superando o Pachuca na prorrogação no ano passado. Nos últimos cinco anos só em 2015 o próprio River Plate venceu o Sunfrecce Hiroshima no tempo normal. Porque sabe-se lá por qual razão o time entra com intensidade muito baixa sem a bola, marcando com os olhos, e um peso enorme nas pernas pela obrigação de vencer. Tudo isso com uma vantagem técnica cada vez menor.

Superioridade que diminui ainda mais com um Al Ain em seus domínios e tão bem treinado pelo croata Zohan Mamic. A começar pela jogada ensaiada logo aos dois minutos em cobrança de escanteio sem peso que atrapalhou Armani e o atacante sueco Marcus Berg aproveitou para abrir o placar.

Mesmo defendendo pessimamente desde o início, o River de Marcelo Gallardo encontrou no lado direito, atacando o setor do japonês Shiotani, o atalho para construir a virada com gols de Rafael Borré, que circulava pelo ataque e ora abria espaços para as diagonais de Gonzalo Martínez e Lucas Pratto no 4-3-3 argentino, ora atacava em velocidade buscando a finalização, como no segundo gol.

Mas o time dos Emirados Árabes carregava a confiança de quem sabia o que queria e nada tinha a perder. Empatou no segundo tempo em bela jogada do brasileiro Caio cortando da esquerda para dentro e tirando de Armani. Depois suportou um River mais ofensivo com Scocco, Quintero, De La Cruz e Enzo Pérez, porém errando muito no acabamento das jogadas. Incluindo o pênalti no travessão de Pity Martínez. Mais uma prova de desconcentração pelo medo do vexame.

Quase pagou na bola parada que o goleiro Armani salvou depois da virada de Ahmed, no último ataque da prorrogação. A cada minuto aumentava a previsão de tragédia que parece não sair do ar em alguns momentos. Na quinta e última cobrança da decisão por pênaltis, o goleiro Khalid pegou o chute de Enzo Pérez. Êxtase da torcida, apocalipse para os argentinos.

Aconteceu de novo. O campeão da Libertadores sequer conseguiu se credenciar para ser um sparring do vencedor da Liga dos Campeões. Ainda que haja o risco do Real Madrid se complicar contra o Kashima Antlers na outra semifinal, o momento é de reflexão. Já passou da hora de respeitar a semifinal do Mundial, venha quem vier.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.