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André Rocha

Vasco age rápido no mercado e pode ter em Bruno César outra "redenção"

André Rocha

04/01/2019 08h53

Foto: Carlos Gregório Júnior/Vasco

O clima político segue turbulento e as dificuldades financeiras tendem a aumentar com a Caixa Econômica Federal deixando de renovar patrocínios com os clubes brasileiros seguindo decisão do Tribunal de Contas da União (TCU). Mas não é absurdo dizer que o Vasco foi relativamente bem na ida ao mercado para 2019.

O maior mérito, sem dúvida, está na agilidade. Saíram Martín Silva, Desábato, Kelvin, Fabricio, Giovanni Augusto, Lenon, Andrés Ríos e Thalles e a direção agiu rápido contratando os laterais Raúl Cáceres, Claudio Winck e Danilo Barcelos, o volante Fellipe Bastos, os meias Yan Sasse e Bruno César e o atacante Ribamar. Ainda tenta Rossi, também atacante que pertence ao Shenzhen, da China, e estava emprestado ao Internacional.

Nenhum nome inquestionável ou disputado no mercado, mas ao menos o treinador Alberto Valentim poderá contar com um elenco mais completo já na pré-temporada. É a chance de dar um mínimo de entrosamento e nivelar fisicamente os atletas. Objetivamente, a possibilidade concreta de título do clube na temporada é o Carioca. Tornar a equipe competitiva mais rapidamente pode ser uma vantagem contra os rivais.

Outro trunfo pode ser Bruno César. Meia de 30 anos que estava no Sporting e não vinha atuando pelo clube português, também por conta de problemas para manter o peso ideal. Mas pode ser muito útil considerando a realidade vascaína no cenário nacional e também o nível do futebol jogado no país.

Apelidado de "chuta-chuta", tem condições, sim, de aproveitar esta característica de buscar a finalização para se destacar. Se for estimulado por Valentim, o passe diferente que se transforma em assistência é mais uma virtude a ser explorada. É jogador para vestir a camisa dez e ser um líder técnico.

Muitas vezes a mudança para um clube de menor poder de investimento, se transformando em titular absoluto e recuperando visibilidade, é tudo que um jogador precisa para se reinserir no mercado. De descartado a estrela. Um "up" na autoestima.

Foi o que aconteceu com Maxi López na reta final da temporada passada, ajudando o Vasco a fugir do rebaixamento no Brasileiro, o quarto em dez anos, que seria trágico para o clube. O atacante argentino de 34 anos perdeu peso e usou força e técnica para se destacar como pivô e finalizador. Foram sete gols e seis assistências em 19 partidas.

Cabe a Valentim encontrar uma formação que encaixe os dois sem tornar a equipe lenta, nem sacrificar os ponteiros, que teriam que voltar muito para compor com os volantes uma linha de quatro para proteger a defesa e também oferecer velocidade nas transições ofensivas. Não é fácil.

Ainda assim, Bruno César tem potencial e lastro de evolução para ser mais uma "redenção" na temporada que deve ser complicada novamente, difícil de sonhar com títulos mais condizentes com a história de um dos grandes clubes brasileiros. Mas pode reservar boas surpresas, como um time que entregue desempenho e resultados para orgulhar os vascaínos. Trabalho da direção não faltou.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.