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André Rocha

São Paulo goleia com pragmatismo, depois beleza. Jardine vence 1ª "final"

André Rocha

19/01/2019 21h23

André Jardine já entendeu que precisa de resultados para não ser fritado rapidamente no São Paulo em um clima hostil para um jovem treinador – torcida impaciente, parte da imprensa já "sugerindo" a troca por um nome mais experiente e necessidade de desempenho imediato pelos compromissos na primeira fase da Libertadores. Vai se manter jogo a jogo, vitória a vitória.

A solução, então, é trabalhar conceitos quando for possível treinar e ter cartas na manga para simplificar processos e usar "atalhos" para chegar ao gol. A solução encontrada na virada sobre o Mirassol por 4 a 1 no Pacaembu foi a jogada aérea com bola parada. Uma cabeçada letal em cada tempo.

Cobrança de escanteio pela esquerda de Nenê, gol de Anderson Martins para empatar depois do gol contra de Bruno Peres que parecia o prenúncio de uma tragédia já no primeiro ato. No mesmo lado, Reinaldo bateu falta e Pablo marcou em sua primeira partida oficial.

Com a equipe mais tranquila e confiante, o tricolor pôde trabalhar a bola, Hudson preencher o espaço que havia entre os volantes e Nenê na execução do 4-2-3-1 com a ausência de Hernanes por não estar inscrito no BID a tempo e o jogo, enfim, fluiu naturalmente. Cobrança de falta de Nenê no travessão. O próprio camisa dez conduziu até servir Reinaldo no terceiro.

O que parecia dramático ganhou um toque de espetáculo com belas jogadas e números de goleada no chutaço de Hudson no ângulo do jovem goleiro Matheus Aurélio. Um minuto antes do volante sair aplaudido para a entrada de Liziero. Outro clima no estádio e em campo.

Com um a mais depois da expulsão de Leandro Amaro foi possível "treinar", já que a equipe praticamente não teve pré-temporada por conta da viagem para a Flórida. Um luxo para quem terá que ser competitivo já em fevereiro contra o Talleres.

É possível investir em mais infiltrações em diagonal dos ponteiros Helinho e Everton, alternando com os laterais Bruno Peres e Reinaldo nas investidas abertos ou atacando os espaços por dentro. Com os deslocamentos de Pablo, muitas vezes falta presença física na área adversária para receber os cruzamentos. O trabalho pelo centro também não precisa depender tanto de Nenê.

O meia veterano inclusive pode abrir o leque de opções para Jardine. Em partidas que seja preciso mais criatividade e passe qualificado, Nenê e Hernanes podem atuar no meio à frente de apenas um volante. O camisa dez é alternativa também como ponta articulador, saindo do flanco e circulando às costas do meio-campo adversário e se juntando ao "Profeta" para articular.

Questões para pensar e testar. Fundamental é seguir vencendo para ir a Argentina com confiança. No segundo mês de 2019 o São Paulo já tem decisão. Na prática, são várias finais para Jardine. A primeira foi vencida.

O cenário não dá brechas para oscilações. Uma insanidade em começo de temporada. Mas parece que o treinador já entendeu e acrescentou pragmatismo ao seu repertório. Faz bem.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.